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Capital

Apesar de sancionar lei, prefeitura não deve instalar detector em escolas agora

Prefeito lamenta que recursos tenham de ser gastos “para dizer para um ser humano que ele não pode matar outro ser humano”

Anahi Zurutuza e Maressa Mendonça | 04/09/2019 13:47
Portais que detectam metais, para impedir a entrada de armas, foram instalados recentemente em três acessos da Câmara de Campo Grande, de onde surgiu ideia para reforçar fiscalização na porta das escolas (Foto: Fernanda Palheta/Arquivo)
Portais que detectam metais, para impedir a entrada de armas, foram instalados recentemente em três acessos da Câmara de Campo Grande, de onde surgiu ideia para reforçar fiscalização na porta das escolas (Foto: Fernanda Palheta/Arquivo)

A Prefeitura de Campo Grande está autorizada a instalar detectores de metais para fiscalizar a entrada das escolas da Reme (Rede Municipal de Ensino) e impedir a entrada de alunos ou qualquer pessoa com armas. A lei, que não é de caráter obrigatório, foi aprovada pela Câmara e sancionada pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD), mas a medida não tem previsão para ser tomada.

O prefeito diz que reforçar a segurança em colégios é saudável e discorda do argumento que possa causar constrangimento, mas lamenta que dinheiro público tenha de ser gasto com tal medida. “A gente fica triste porque cada vez mais a gente gasta recursos para dizer para um ser humano que ele não pode matar outro ser humano”, comentou.

O chefe do Executivo defende que os recursos poderiam ser melhor aplicado. “A gente podia usar esse dinheiro para construir mais escolas, mas a gente usa para dizer o seguinte: ‘você, quando vier estudar, você traz seus livros e não seu revólver, sua faca’”.

Marquinhos afirma que a ideia precisa ser melhor estudada, assim como qualquer lei motivada por situações de comoção social. “Por que surgiu isso? Com certeza por causa daquela chacina que teve no interior de São Paulo. Mas toda vez que você faz leis sob comoção, essas leis precisam ser bem pensadas”.

O prefeito se refere à chacina de Suzano (SP), em março de 2019. Os assassinos – Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 – eram ex-alunos do colégio e mataram sete pessoas. A investigação aponta que, depois do ataque, ainda dentro da escola, o mais novo matou o mais velho e, em seguida, se suicidou.

Por fim, Marquinhos disse que leis autorizativas só saem do papel se o Executivo tiver condições, principalmente financeiras. “Todo projeto autorizativo tem que passar por uma série de questões. Quando você tiver condições de fazer, você faz”.

O texto – A Lei nº 6.269, de 2 de setembro de 2019, prevê prioridade na instalação dos equipamentos de segurança para “as escolas, independente do porte, que possuam históricos de violência dentro do pátio e/ ou em seu entorno”.

A legislação diz ainda que paralelamente à medida, escolas deverão “criar comissões, com participação de alunos, pais e professores para discutirem sobre as questões de vulnerabilidades sociais, violências e ações que visem transformar as escolas em espaços de segurança”.

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