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Capital

Após dez anos "no escuro", comunidade Osvaldo Aranha terá energia elétrica

Em área de ocupação, cerca de 80% dos moradores utilizavam energia de forma irregular

Idaicy Solano e Gabriel de Matos | 17/03/2023 14:51
Dona de casa estende roupa, enquanto ao fundo a lâmpada está ligada. (Foto: Marcos Maluf)
Dona de casa estende roupa, enquanto ao fundo a lâmpada está ligada. (Foto: Marcos Maluf)

Após espera de dez anos, 120 moradores da comunidade Osvaldo Aranha, localizada no Jardim Monumento, na região do Anhanduizinho, vão receber rede de energia elétrica. Por conta da ocupação irregular, cerca de 80% dos moradores utilizavam energia de forma irregular na região.

A reportagem percorreu a Avenida Osvaldo Cruz, próximo ao cruzamento da Avenida Guaicurus com a Gury Marques, na manhã desta sexta-feira (17), para conversar com os moradores. Foram avistadas cerca de 30 casas, sendo que seis delas já possuíam padrão de luz. Desconfiados, muitos não quiseram se identificar.

As construções humildes são de tijolos expostos e grades, e em algumas residências era possível observar as luzes acesas, apesar de ainda estar de dia. Dona de casa, de 52 anos, estava estendendo as roupas no varal quando foi abordada pela equipe de reportagem. Ao fundo da cena, uma única lâmpada acesa. “Eu moro com meu marido e três filhos aqui na casa. Faz mais de cinco anos. A casa tem dois cômodos”, explicou.

Dono de uma borracharia, de 41 anos, estava limpando o pátio da loja e se limitou a dizer que possui comércio no local há quatro anos e imóvel, assim como todos os outros, não possui documentação. Mas a regularização do fornecimento de energia já é o primeiro passo.

Mesmo com cabos desligados, algumas casas tem energia, pois as lâmpadas ficam ligadas o tempo todo. (Foto: Marcos Maluf)
Mesmo com cabos desligados, algumas casas tem energia, pois as lâmpadas ficam ligadas o tempo todo. (Foto: Marcos Maluf)

"Luz" no fim do túnel - Na manhã da última quarta-feira (15), a prefeita de Campo Grande Adriane Lopes (Patriotas) esteve em reunião com Marcelo Vinhaes, presidente da Energisa, concessionária de energia elétrica, para vistoriar as comunidades atendidas que possuem ligações clandestinas de luz.

A partir de agora, a Amhasf (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) passa a atuar em parceria com a Energisa para agilizar as ligações regulares nos locais em processo de regularização fundiária pela agência.

Ainda na quarta-feira, a prefeita visitou a comunidade Osvaldo Aranha, junto com a diretora-presidente da Amhasf Maria Helena Bughi, para anunciar a nova rede de energia elétrica aos 120 moradores da região.

A concessionária ainda alerta que a utilização da energia clandestina provoca sobrecarga na rede e danos nos equipamentos, além de oferecer riscos à população, podendo ocasionar acidentes com mortes, incêndios, choques elétricos e curto-circuito.

Carro da Energisa estava circulando na região na manhã desta sexta-feira (17). (Foto: Marcos Maluf)
Carro da Energisa estava circulando na região na manhã desta sexta-feira (17). (Foto: Marcos Maluf)

Em espera - Enquanto o novo acordo entre a prefeitura e a Energisa dá os primeiros passos, cerca de 20 famílias que moram em área invadida no Bosque da Saúde, região do Segredo, em Campo Grande, vivem à espera da regularização do fornecimento de energia elétrica.

O autônomo Milton Kruk, 33 anos, expõe que no local moram crianças, idosos e gestantes. Ele menciona um vizinho, identificado como Cláudio, que tem a perna amputada e faz uso de insulina. O medicamento custa caro, nem sempre está disponível gratuitamente nas unidades de saúde e precisa ser armazenado na geladeira: “Ultimamente está difícil pra ele, porque estamos tendo queda de energia constante. Por conta da falta de energia nós ficamos à mercê”.

Existem mais de 42 mil famílias cadastradas legalmente na base de dados da Agência de Habitação, à espera da oportunidade de receber uma moradia ou lote. Existem mais de 20 áreas em processo de regularização fundiária pelo Executivo Municipal, na Capital. Na gestão atual, foram concluídos ou estão em processo de finalização mais de 5 mil processos.

No início de março, o projeto de regularização fundiária da Homex, no Jardim Centro Oeste, foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal de Campo Grande. Foram 27 votos favoráveis. A decisão beneficia 1.500 famílias, que correspondem a 7 mil pessoas. A área invadida é remanescente de um projeto de R$ 200 milhões da Homex, que tinha a previsão de construir 3 mil casas em Campo Grande, em 2010.

Amparo social - As equipes do Seas (Serviço Especializado em Abordagem Social) são responsáveis por abordar famílias em situação de vulnerabilidade social em áreas de invasão. Oferecem vagas nas unidades de acolhimento até os serviços da Agência de Habitação, para que sejam inseridas no cadastro de programa habitacional e na Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande) para oportunidade de trabalho. A Seas realizou 8.550 abordagens entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023.

A Assistência Social desenvolvida na Rede de Proteção Social Especial de Média Complexidade consiste em oferecer acolhida, escuta, estudo social, diagnóstico socioeconômico, informação, comunicação e defesa de direitos. É feita a orientação e suporte para acesso à documentação pessoal e encaminhamentos para a rede de serviços locais.

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