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Capital

Após doação de carne, empresa vai acionar a Justiça para reaver prejuízo

Justiça revogou autorização para que mercadoria fosse doada, mas delegacia já havia distribuído 90% da carne

Por Ana Paula Chuva | 13/10/2023 15:17
Carga de 18 toneladas de carne no dia em que houve a apreensão (Foto: Dayene Paz)
Carga de 18 toneladas de carne no dia em que houve a apreensão (Foto: Dayene Paz)

A empresa RKO Alimentos Ltda vai acionar a Justiça para reaver o prejuízo de R$ 271 mil após ter 18.066,900 kg de carnes apreendidos e doados pela Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico) de Campo Grande. A carga estava em caminhão frigorífico que escondia 1,5 tonelada de maconha encontrada durante ação da Polícia Civil na quarta-feira (4).

De acordo com o advogado da empresa, João Paulo Grotti, a RKO vendeu o produto que tinha como destino final Minas Gerais, no entanto, após a carga ser retirada da empresa, o entorpecente foi escondido em meios às carcaças e acabou sendo descoberto pela Polícia Civil.

“Foi uma ação de terceiros que se utilizam do transporte de mercadoria para enganar a polícia, mas foram descobertos usando a carga para esconder a droga e levar para outro estado. A apreensão foi correta, mas houve um prejuízo de 100% para a empresa, já que essa carga tinha destino início, meio e fim”, explicou o defensor.

Segundo ele, quando houve a revogação da autorização da doação, a autoridade policial atendeu prontamente, no entanto, 90% da mercadoria já havia sido doada para instituições beneficentes. “Quando a decisão saiu, só havia aproximadamente 10% da carga, o restante já havia sido doada. E a forma como essa carne foi transportada pelas instituições beneficiadas é de responsabilidade delas e não há critérios e requisitos técnicos exigidos pelos sistemas de vigilância sanitária”, disse João Paulo.

Com isso, o defensor explica que a empresa, mesmo não tendo nenhum envolvimento no tráfico de drogas, acabou ficando com o prejuízo e para que houvesse a liberação da carga remanescente houve uma força-tarefa de mais de 15 pessoas e uma outra carreta de câmara fria para realizar o transporte dessa carne.

“Vamos agora procurar os meios judiciais para reaver os prejuízos que foram causados à empresa”, pontuou o advogado.

Policial dentro de caminhão logo após justiça revogar autorização para doação (Foto: Direto das Ruas)
Policial dentro de caminhão logo após justiça revogar autorização para doação (Foto: Direto das Ruas)

Apreensão e doação – No ultimo dia 4 de outubro, ação da Denar em conjunto com a PRF (Polícia Rodoviária Federal) prendeu seis pessoas em um galpão no Jardim Noroeste. Os homens estavam escondendo 1,5 tonelada no caminhão frigorífico carregado com 18 toneladas de carne. Um dos suspeitos era o dono da transportadora que levaria a carga até Minas Gerais.

Os suspeitos, Fernando Henrique Souza dos Santos, Cleiton Douglas Barbosa Bispo, Breno Leão Barbosa de Souza, Luan Pereira Schimitte, Márcio Macelino e Divino Nogueira de Souza, passaram por audiência de custódia no dia 6 de outubro e tiveram a prisão preventiva decretada. Na mesma sessão, foi autorizada a doação da carne apreendida com a droga.

A empresa então entrou com pedido de restituição, alegando que não teve acesso aos laudos da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária e Animal) e que se o produto poderia ser doado é porque está apto ao consumo humano, podendo ser comercializada. A defesa da RKO então requereu com urgência a devolução da mercadoria, alegando que a carne poderá “se tornar inapta ao consumo humano”, caracterizando o dano irreparável, mas ainda não há decisão.

No entanto, a revogação da autorização para doar as carcaças saiu na tarde da terça-feira (10), aproximadamente 1 hora depois do evento de doação marcado pela Polícia Civil. Com isso, quando a empresa chegou na delegacia, apenas 10% da carga estava ainda no local.

Fardos de maconha que estavam escondidos no meio das carnes (Foto: Dayene Paz)
Fardos de maconha que estavam escondidos no meio das carnes (Foto: Dayene Paz)

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