Após fugir de acidente, investigado na Lama Asfáltica é liberado pela polícia
Testemunhas afirmam que produtor rural André Joliace Araújo estava bêbado, mas exames no Imol não comprovaram embriaguez
O produtor rural André Joliace Araújo, que também é investigado na Operação Lama Asfástica - fase Fazendas de Lama - se envolveu em um acidente na noite deste sábado (9) e tentou fugir do local. Testemunhas afirmam que o condutor estava embriagado, mas exames do Imol descartaram o uso de bebida alcóolica. O acidente ocorreu próximo ao cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua Bahia, em Campo Grande.
Conforme testemunhas que estavam em um salão de beleza, Araújo conduzia uma camionete modelo F-250, quando colidiu em dois veículos e por pouco não atropelou uma família de quatro pessoas. Após a batida, André teria tentado fugir, mas foi contido pelo segurança de um salão de beleza.
Ao Campo Grande News, uma recepcionista, de 23 anos, contou que o condutor seguia pela avenida, sentido Parque das Nações Indígenas em ziguezague. “Estávamos na calçada eu, meu filho de 2 anos, meu esposo e minha mãe e só não fomos atingidos, por conta de um outros veículos que estavam estacionados”, comentou.
Umas das testemunhas que também foi à delegacia registrar a ocorrência, disse que só dois policiais militares e o condutor foram ouvidos.
“O cidadão foi liberado pelo médico do IML como não bêbado. O cara ainda disse no BO que correu só por medo de mim que o ameacei. Mentiroso. Quase matou uma família. Bêbado. Destruiu 2 carros. Abraçados a muitos amigos, as 4h da manhã, saiu com cara de deboche pelas portas da frente”, disse.
À reportagem, o delegado Enilton Zalla que assumiu o plantão da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), do Centro, informou que um boletim de ocorrência por evasão foi registrado. Ainda segundo Zalla, enquanto o registro era feito, André foi conduzido por uma equipe policial ao Imol (Instituto Médico de Odontologia Legal) e os exames descartaram a embriaguez.
Investigação - André Joliarce Araújo passou a ser investigado após descoberta de manobras de esquema de lavagem de dinheiro coordenados por André Luiz Cance, ex-secretário-adjunto de Fazenda na gestão de André Puccinelli (MDB).
Conforme investigação, Cance costumava dar descontos expressivos ao vender propriedades rurais. Em uma das transações, a venda da fazenda envolveu desconto total, considerado “surpreendente” pelas autoridades, de R$ 912 mil no preço final.
A venda da fazenda Angico, por exemplo, foi usada para sustentar ocorrência de falsidade ideológica por meio da simulação de documentos, visando a proteger bens de Cance bloqueados durante a fase Fazendas de Lama – a segunda etapa da Lama Asfáltica, realizada em 10 de maio de 2016.
Dois recibos do negócio continham data de 2 de maio daquele ano, oito dias antes da Fazendas de Lama ir às ruas e colocar Cance na mira da Procuradoria. Porém, o reconhecimento de firmas só se deu em 26 de outubro de 2016.
A manobra visava gerar prova de que áreas foram vendidas e estavam completamente quitadas antes da Fazendas de Lama, “e que, por isso, não poderiam ser objeto de constrição judicial”, pontua a decisão.
Um dos descontos, de R$ 412 mil, foi dado a André Joliarce Araújo, a título de antecipações de parcelas vencíveis em 2016, 2017 e 2018, dando quitação ao comprador. Nos mesmos moldes, Orocídeo de Araújo recebeu desconto de R$ 500 mil, mas por pagar as parcelas de 2016 e 2017 antes do prazo.