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Capital

Após matar idosa no trânsito, motorista sem habilitação passou noite na cadeia

Ana Paula da Silva Giacomeli deve passar por audiência de custódia na manhã desta sexta-feira (24)

Por Bruna Marques | 24/11/2023 06:53
Corpo de Renilda Aparecida coberto por pano branco no local onde acidente ocorreu; peritos na cena do crime (Foto: Juliano Almeida)
Corpo de Renilda Aparecida coberto por pano branco no local onde acidente ocorreu; peritos na cena do crime (Foto: Juliano Almeida)

Ana Paula da Silva Giacomeli, 31 anos, passou a noite na cadeia. Ela é a motorista não habilitada que atropelou e matou a idosa Renilda Aparecida Paim da Silva, 62, na tarde desta quinta-feira (23), na Rua Santo Augusto, no Jardim Vida Nova. A audiência de custódia de Ana Paula acontece na manhã desta sexta-feira (24).

Ana Paula foi presa em flagrante pelo crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O marido dela também foi indiciado e responderá pelo crime de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, previsto no CTB (Código de Trânsito Brasileiro), já que o veículo está em seu nome.

Durante depoimento na delegacia, Ana Paula relatou que não viu a motocicleta Honda Biz, conduzida por Renilda. Segundo ela, a vítima estava em um ponto cego do carro.

Após o acidente, Ana Paula contou que desceu do veículo HRV para prestar socorro à vítima, pediu ajuda para as pessoas que moram na região e acionou o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar.

De acordo com Ana Paula, depois da colisão, Renilda ainda estava consciente, conversando e de lesão aparente tinha apenas fratura no braço. A condutora afirma que ficou ao lado da vítima o tempo todo, segurando um guarda-sol para proteger a idosa.

Ana Paula informou que conhecia a vítima. Assim que o acidente aconteceu, ela mesma avisou seus familiares sobre os fatos. Ela relatou ainda que o socorro demorou para chegar e Renilda desmaiou meia hora após o acidente.

Familiares da vítima no local do acidente (Foto: Juliano Almeida)
Familiares da vítima no local do acidente (Foto: Juliano Almeida)

Quando a equipe do Corpo de Bombeiros chegou no local, Renilda já havia falecido. Ana Paula afirmou que não queria causar nenhum acidente e nem tirar a vida de ninguém.

O marido de Ana Paula, 38 anos, também foi interrogado e durante depoimento disse que sempre leva a esposa para os compromissos, mas que, na quinta-feira, estava trabalhando e ela pegou o carro sem seu consentimento para ir ao salão de beleza, no Bairro Nova Lima, região onde eles moram.

O caso - Renilda seguia pela Rua Santo Augusto sentido Bairro Tarsila do Amaral, quando ao passar pelo cruzamento com a Rua Rosa Maria foi atingida pelo carro que seguia sentido Nova Lima. A preferencial era da vítima que acabou caindo ao solo e bateu a cabeça no meio-fio.

O acidente aconteceu entre 10h40 e 11h, mas a ambulância só chegou por volta das 12h20.

Após cair, Renilda chegou a pedir para que as testemunhas ligassem para sua filha e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) também foi acionado, porém, segundo a dona de casa, a equipe de socorro informou que estava sem ambulância para atender a ocorrência.

Ao Campo Grande News, a nora da vítima, mulher de 39 anos, contou que a família foi informada sobre o acidente por volta das 11h e então ela foi até o local. "Cheguei ela tava pedindo para ligar para o filho dela e para tirarmos o capacete. Liguei para o socorro mais de 30 vezes e eles diziam que não tinham viatura", pontuou.

Ela então decidiu ir até o Batalhão da Polícia Militar na região onde pediu ajuda. "Eles me disseram que não podiam fazer nada, mas um deles me levou na sala de rádio e então acionou o socorro urgente. Depois, eu decidi ir até a casa de uma amiga que é enfermeira, mas no meio do caminho meu marido ligou e disse que ela não tinha resistido", descreveu a mulher que preferiu não se identificar.

Com a informação da morte da sogra, ela decidiu voltar ao local do acidente e então ligou novamente para o Corpo de Bombeiros. "Eles chegaram por volta das 12h20 e fizeram a reanimação, mas ela não resistiu. Ficou aqui 1h30 esperando socorro", relatou a nora da vítima.

Equipes das polícias Civil e Militar foram acionadas e isolaram o local até a chegada da Perícia. De acordo com a PM, a condutora do carro não tinha CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e foi levada para a delegacia para prestar esclarecimentos.

Demora no socorro - Renilda foi socorrida 1h30 depois do acidente. A reportagem acionou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para confirmar a falta de ambulância. Em nota, a Secretaria disse que não foi informada sobre a falta de ambulância ou veículo de socorro. Além disso, que o tempo de espera foi cerca de 30 minutos.

"Cabe ressaltar que em momento nenhum foi informado que não havia viatura disponível para atendimento da vítima, e que, entre o primeiro chamado e o momento que a central do SAMU foi informada sobre o óbito, o tempo decorrido foi bem inferior ao informado pela família, não ultrapassando 30 minutos."

Imagens que comprovam - Imagem da câmera de segurança de uma casa registrou o momento em que veículo HRV invadiu a preferencial e atingiu Renilda, no cruzamento da rua Santo Augusto com Rosa Maria, no Jardim Vida Nova.

As imagens reforçam relatos de pessoas que presenciaram o acidente. A motociclista seguia pela Rua Santo Augusto sentido Bairro Tarsila do Amaral, quando ao passar pelo cruzamento com a Rua Rosa Maria foi atingida pelo SUV dirigido por motorista sem CNH, que seguia sentido Nova Lima. A preferencial era da vítima que acabou caindo ao solo e bateu a cabeça no meio-fio.

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