Aterro é reaberto e lixão tem fila de veículos para despejar lixo
Após a reabertura do aterro sanitário, na tarde desta quarta-feira (16), as longas filas de veículos e caminhões particulares e de empresas voltou a se formar na entrada do local, que estava recebendo o lixo domiciliar desde sábado (12), porém ontem chegou a fechar por duas horas devido a um entrave com a Solurb, empresa responsável pela coleta de lixo da Capital.
De acordo com um funcionário da prefeitura, que preferiu não se identificar e que ajudava na organização dos veículos na frente do lixão, a empresa havia barrado a entrada dos caminhões particulares porque não tinha condições de verificar se todo o lixo que chegava respeitava as características que garantissem seu despejo no aterro.
“O medo é que tivesse material hospitalar ou químico no meio. Só depois que a Solurb se isentou da responsabilidade é que o local foi reaberto”, explicou o funcionário. De acordo com ele, uma das garantias de que nenhum material irregular está sendo depositado no aterro é a proibição dos caminhões que pertencem as empresas de locação de caçambas de entulhos de despejarem lixo no local. "A gente não sabe o que pode estar misturado", afirmou.
No entanto, os demais servidores municipais que estavam no aterro na manhã desta quinta-feira (17) não deram detalhes se o lixo domiciliar descarregado por particulares estava passando por uma seleção e recebendo tratamento adequado para evitar impacto ambiental.
Sem acesso ao interior do aterro, a equipe do Campo Grande News não pode comprovar se o tratamento está ocorrendo de fato. A informação é de que apenas os catadores estavam atuando, selecionando o material reciclável.
O local, que deveria ter fechado a área de transição no mês passado após a inauguração da UTR (Unidade de Tratamento de Resíduos, corre o risco de se transformar em um lixão novamente, sem a fiscalização adequada.
Segundo catadores, a categoria continua tendo livre acesso a área de transição por força de uma liminar. Os trabalhadores alegam que a UTR ainda não funciona em sua plenitude, por isso ingressaram na Justiça para garantir a entrada no aterro.
Alheios aos cuidados necessários para realizar o transporte e também o descarregamento do lixo, funcionários de empresas provadas e fretistas aguardavam para pesar a carga na entrada do aterro.
Os veículos menores são orientados a não permanecer na fila e estacionar no portão de entrada, onde funcionários da prefeitura ajudam a descarregar os sacos e colocar em caçambas da prefeitura.
O problema é que o serviço é realizado sem roupas ou luvas de proteção. A espera na fila chega a mais de uma hora e, segundo os funcionários da Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) que estão no local, a fila nunca registra menos de dez carros.
Para evitar confusão, uma guarnição da Guarda Municipal também está na entrada do aterro, que vem recebendo, desde o final de semana, caminhões e até carros de passeio abarrotados de sacos de lixo.
Com a garantia de que o material poderá ser depositado no local, os funcionários acreditam que o movimento deverá se intensificar, caso os funcionários da Solurb mantenham a greve nos próximos dias.
Mesmo recebendo cerca de R$ 120,00 por viagem, o tapeceiro Claudio Papaleo, que está aproveitando a greve para transportar lixo em sua pick up, não concorda com o fato de a população ter que arcar com um transporte particular. “É errado. A gente já paga imposto”, diz.
Morador do Bairro Zé Pereira, ele levou na manhã de hoje, o lixo acumulado de uma semana de um mercado do bairro, que totalizou cerca de 600 quilos. “Essa foi minha primeira viagem, mas vou fazer mais porque já tem gente esperando lá no bairro”, ressalta.
Quem também esperava fazer novas viagens era o motorista Adevanilson Oliveira, que transportava o lixo da empresa de cesta básica que trabalha, localizada no Jardim Guanabara. Apesar de não mensurar a quantidade de material que estava na caminhonete, ele diz que o lixo era o acumulado e uma semana.
O designer gráfico Joaquim Fernandes, que acompanhava o dono do caminhão fretado por moradores de uma rua do Bairro Maria Aparecida Pedrossian, disse que havia rateado os R$ 135,00 cobrados pelo fretista com alguns vizinhos da Rua Manoel Padial. “Já sei que vamos voltar proque tem mais gente lá querendo os serviços”, disse.
Segundo funcionário da prefeitura, desde sábado até a manhã desta quinta-feira, o aterro já havia recebido 306 toneladas de lixo levados por veículos particulares e da própria prefeitura.