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Capital

Atingido por “motorista de Porsche” há 10 anos, pedreiro convive com sequelas

Acidente foi no dia 19 de agosto de 2014 no cruzamento das avenidas Bom Pastor com a Coronel Porto Carreiro

Por Viviane Oliveira | 11/04/2024 11:18
Pinos na perna do pedreiro que inteferem em sua mobilidade (Foto: reprodução/processo)
Pinos na perna do pedreiro que inteferem em sua mobilidade (Foto: reprodução/processo)

Há dez anos, o servente de pedreiro de 73 anos convive com sequelas irreversíveis em razão de acidente de trânsito provocado pelo empresário Arthur Torres Rodrigues Navarro, de 33 anos, condutor de Porsche Cayenne, que recentemente se envolveu em colisão com morte em Campo Grande. A vítima pede na Justiça ação de indenização por danos morais, corporais estéticos e materiais, além de pensão de um salário mínimo (R$ 1.412).

Na ocasião, na manhã do dia 19 de agosto de 2014, Arthur dirigia um Fiat Uno, de uma empresa de engenharia, quando, conforme a ação de indenização, não respeitou a sinalização de pare e atingiu o pedreiro que seguia numa motocicleta Shineray pela preferencial na Avenida Bom Pastor. A colisão ocorreu no cruzamento da Avenida Coronel Porto Carreiro.

Em razão do acidente, a vítima foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros para a Santa Casa apresentando fratura aberta de tíbia e fíbula (os ossos localizados na perna logo abaixo do joelho). Por causa das lesões, o pedreiro foi submetido a tratamento médicos (intervenções cirúrgicas, fisioterapias) para corrigir as lesões sofridas. “Entretanto, a melhora esperada não ocorreu, o que importou perdas funcionais dos membros lesionados”, segundo os autos.

A vítima ficou com limitação para erguer e carregar peso e para realizar movimentos utilizando os membros superiores. "Tais lesões importaram sequelas que impossibilitam a parte autora de exercer não só suas atividades habituais/laborais, mas também qualquer outra que exija esforço dos membros lesionados", segundo o advogado, que apresentou a peça.

A ação pede indenização também da empresa, proprietária do carro que Arthur dirigia, a seguradora do veículo e o município de Campo Grande, por falta de sinalização na via. Conforme a defesa do motorista, Arthur demonstrou através das fotos e depoimento de testemunha ouvida no processo que não agiu com imprudência, negligência e imperícia. A ação está parada desde o ano passado esperando decisão sobre perícia médica na vítima.

Ao Campo Grande News, os advogados André Borges e Lucas Rosa, que atuam na defesa de Arthur, afirmaram que “Foi um acidente de trânsito, que se lamenta; optou-se pelo processo judicial, no primeiro caso; defesa foi apresentada; aguarda-se posicionamento do Judiciário; só no final haverá segurança quanto ao responsável pelo evento; assim funcionam as coisas num país que tem Constituição, garantidora da presunção de inocência e da ampla defesa; precipitações precisam ser evitadas”.

Acidente fatal - Quanto ao acidente que terminou na morte do motoentregador Hudson de Oliveira Ferreira, de 39 anos, Arthur se apresentou à polícia duas semanas depois. Para a delegada Priscila Anuda, que investiga o caso, ele declarou que não percebeu a colisão com a moto da vítima.

No dia 22 de março deste ano, Arthur dirigia um Porsche Cayenne, veículo de pouco mais de R$ 1 milhão, que pertence ao pai dele. Naquela noite, contou que recebeu ligação da esposa grávida, que estava passando mal, e então saiu junto com um funcionário do bar, no qual é sócio-proprietário. Ele afirma que "estava rápido", mas a velocidade do Porsche, segundo a delegada, será analisada ainda por um especialista da área.

Arthur e o funcionário, no banco do passageiro, saíram em direção a casa do empresário pela Rua Antônio Maria Coelho, quando ocorreu a batida com a moto de Hudson, que fazia percurso de entregas na região. A vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu e morreu.

Quando chegaram na casa, o funcionário chegou a informar para Arthur que acreditava ter ocorrido um acidente no trajeto, mas não deram a devida atenção. Na sequência, o empresário entregou o carro para um familiar, que escondeu o Porsche - localizado posteriormente no Bairro Santa Fé.

Com ajuda de câmeras de segurança, a polícia chegou até a identificação do autor do acidente e até o Porsche. Foi então que o advogado de Arthur entrou em contato e apresentou cliente e o carro na última sexta-feira (5) na delegacia, onde foi ouvido e liberado.

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