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Capital

Aumento de R$ 0,10 na passagem revolta quem anda de ônibus na Capital

O decreto com o reajuste foi publicado hoje no Diário Oficial de Campo Grande e passa a valer nesta quarta-feira (30)

Paula Maciulevicius Brasil e Bruna Marques | 29/12/2020 11:53
Passageiros não se surpreenderam com aumento, mas reajuste causou revolta. (Foto: Henrique Kawaminami)
Passageiros não se surpreenderam com aumento, mas reajuste causou revolta. (Foto: Henrique Kawaminami)

"Se aumentasse, mas o valor fosse condizente com o serviço, ok. Mas aqui os ônibus demoram muito, estão sempre lotados, quando chove, tem infiltração. Eu já peguei até barata. Então, assim, não vale à pena". O desabafo é da jornalista Aline Lira, de 31 anos, sobre o aumento de R$ 0,10 na tarifa de ônibus já válido a partir de amanhã.

Com o acréscimo, a passagem que custava R$ 4,10 vai para R$ 4,20. A mudança no preço não surpreendeu ninguém que no Peg Fácil da Avenida Afonso Pena, entre as ruas 13 de Maio e 14 de Julho já lamentavam o quanto vai pesar no bolso.

Aline fala que se o preço fosse condizente com o serviço, não se importaria de pagar. (Foto: Henrique Kawaminami)
Aline fala que se o preço fosse condizente com o serviço, não se importaria de pagar. (Foto: Henrique Kawaminami)

A Aline, que abre a reportagem, mora no Bairro Nova Lima e pega quatro ônibus diariamente. Para ela, se aumentassem e fizessem tudo o que foi prometido, os passageiros pagariam sem reclamar tanto. "Sou totalmente contra, só deveria aumentar depois que cumprirem e melhorarem o prometido. Já passou o tempo de rever esses contratos e colocar outra empresa para comandar", declara.

O decreto com o reajuste foi publicado hoje no Diário Oficial de Campo Grande e passa a valer nesta quarta-feira (30). O reajuste, segundo o diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos), Vinícius Leite Campos, está abaixo do calculado na última reunião do Conselho de Regulação, quando foi apresentado o valor de R$ 4,42, calculado com a inclusão do ISS (Imposto sobre Serviço) como despesa do Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo de Campo Grande.

No entanto, o decreto não levou em conta a inclusão do imposto por orientação jurídica, já que esse tributo está sendo questionado em ação judicial. O Consórcio Guaicurus falou que mesmo se tivesse ficado em R$ 4,42, o valor não estaria condizente com o acordado no contrato, que estabelece a manutenção do equilíbrio financeiro.

Maria de Fátima fala que chega a ser desumano o que passageiros vivem dentro de ônibus. (Foto: Henrique Kawaminami)
Maria de Fátima fala que chega a ser desumano o que passageiros vivem dentro de ônibus. (Foto: Henrique Kawaminami)

Empregada doméstica, Maria de Fátima da Silva, de 55 anos, mora no Bairro Nova Lima e precisa pegar três ônibus para ir e voltar do trabalho. "É desumano o que fazem com a gente. Os ônibus são demorados, sujos, está muito cara a passagem. É lotado e sobrecarrega os motoristas, chega a ser um desrespeito com os profissionais que são tão vítimas quanto a gente", comenta.

No dia a dia ela conta já ter presenciado xingamentos dos passageiros direcionados ao motorista por não parar ou então quando precisa ajudar um passageiro cadeirante a subir, já que nem sempre os elevadores funcionam. "Estou cansada de ver motorista pedir ajuda pra por cadeira. O ônibus, quando não para, o povo xinga motorista. Se atrasa, coloca a culpa no motorista. É a gente que sofre no dia a dia, às vezes até deixo de fazer as coisas pra não ter que pegar ônibus", pontua.

Dona de casa, Beatriz Aparecida Inácio, de 30 anos, mora no Bairro Chácara das Mansões e quando precisa vir ao Centro pega dois ônibus. "Sempre tenho que trazer a minha filha, então são quatro tarifas. É um roubo. Estava indo tudo bem até reelegerem o prefeito e isso vai acabar com o trabalhador, com as pessoas que precisam. Pra quem não tem nem R$ 4,10, os R$ 0,10 é muito. É um absurdo, um preço abusivo pra uma situação tão feia", reclama.

Aumento passa a valer a partir de quarta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Aumento passa a valer a partir de quarta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)


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