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Capital

Avó já havia denunciado mãe que matou bebê; delegada descarta insanidade mental

Ângela Kempfer e Ana Paula Chuva | 23/06/2021 17:01
Nesta tarde, a delegada de Proteção à Criança e ao Adolescente, Eliane Benicasa, falou sobre o caso. (Foto: Paulo Francis)
Nesta tarde, a delegada de Proteção à Criança e ao Adolescente, Eliane Benicasa, falou sobre o caso. (Foto: Paulo Francis)

A delegada de Proteção à Criança e ao Adolescente, Eliane Benicasa, não acredita em problemas psicológicos ou depressão pós-parto como motivos que provocaram a morte de bebê de 5 meses, assassinada pela mãe ontem (22), na Vila Bandeirantes, em Campo Grande.

"Ela sugere que tenha problema psiquiátrico, mas eu acredito que não. Ela tem lucidez do que  fez. Em algum momento que eu tentei que ela me contasse se teria acontecido algo a mais, ela chegou a se emocionar, mas depois se cala e não quer falar mais nada", diz Eliane.

Segundo a delegada, durante depoimento, Gabrieli Paes da Silva, de 21 anos, pareceu ciente enquanto afogava a filha em uma bica d'água que servia de chuveiro. "Ela ficou segurando a menina embaixo d'água, estava consciente que estava afogando a criança", reforça.

A mãe confessou o crime, com uma versão macabra. Falou que no dia em que vacinou a filha, descobriu que ela tinha o "chip da besta" na cabeça e queria tirar isso da criança. Para a delegada, a história é uma tentativa de mostrar insanidade.

Apesar da polícia acreditar que Gabrieli não é insana, amigos afirmaram que a jovem já teve "surtos" e chegou a apontar faca para um ex-namorado, sem "motivo nenhum". Também há relatos de uso de drogas e alucinações.

Na ficha de Gabrieli, há uma denúncia de 2016, feita pela própria mãe dela ao Conselho Tutelar, quando ela estava grávida do primeiro filho, hoje com 4 anos. O teor da denúncia não foi divulgado. A delegada comenta apenas que a avó da criança teria dito que a filha estava "estranha" à época.

A jovem também tem vários registros na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) como vítima de ex-namorados.

Gabrieli foi mãe pela segunda vez dois anos atrás. Hoje, as duas crianças moram com a avó materna. Não há muitas informações sobre como ocorreu a terceira gestação. Melanie nasceu há 5 meses. Mãe e filha passaram a morar sozinhas em uma casa alugada na Rua Santa Helena, na Vila Bandeirantes. Os vizinhos e membros da Igreja Universal, frequentada por ela, ajudavam na alimentação.

O pai da bebê, de 40 anos, nunca registrou a criança ou pagou pensão. Segundo depoimento à delegada hoje, "porque não tinha certeza que a filha era dele". O homem garantiu que "pedia exame de DNA, mas que a mãe negava".

Mesmo assim, afirmou que era presente. Contou que esteve ontem pela manhã na casa de Gabrieli, tentou ver a filha, mas a mãe não abriu a porta. "Disse que viu a mãe brincando com a criança e foi embora", relata a delegada.

Casa onde Gabrielle matou a filha. (Foto: Marcos Maluf)
Casa onde Gabrielle matou a filha. (Foto: Marcos Maluf)

Comportamento estranho - O pai da bebê garante que a jovem já frequentou várias religiões. Mas a delegada também descarta qualquer ritual de purificação que tenha levado à morte. "Não tinha nenhuma evidência na casa que apontasse para isso", explica.

Os vizinhos dizem que nos últimos dias, a jovem de 21 anos demonstrava comportamento estranho, reclusa, sem sair muito de casa.

Ontem, por volta das 20h, Gabrieli foi com a filha no carrinho até a casa de amigas no bairro. Sentou, bebeu cerveja, conversou, até que as outras jovens perceberam que Melanie estava muito quieta. Quando tocaram na criança, perceberam que ela já estava com o corpo rígido e correram para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Leblon. Segundo as amigas, quando questionaram o que havia acontecido, e Gabrieli dizia: "não aconteceu nada" e ria.

A menina chegou morta à UPA por volta das 22h, com ânus dilacerado e hímen rompido. Em depoimento, Gabrieli não quis falar sobre o estupro, mas contou que levou criança recentemente ao posto de saúde, onde um médico teria dito que a bebê tinha fechamento vaginal, que era para passar pomada, mas ela acabou enfiado palitos na vagina da bebê.

Local do crime - As investigações começaram pelo imóvel onde mãe e filha moravam. Após o crime, a polícia encontrou a casa muito suja e com roupas espalhadas. A carteirinha de vacinação da bebê também foi encontrada, rigorosamente em dia. Na geladeira, só havia uma garrafa pet com leite congelado e uma lata de leite em pó.

O dono do imóvel relatou que ontem o chuveiro da casa ficou ligado por cerca de quatro horas. Como batia na porta e ninguém atendia, resolveu desligar o registro.

Conforme as primeiras diligências, a mãe agiu sozinha. Mas câmeras da região vão ajudar a mostrar o movimento na residência no dia do crime.

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