Botão no celular é nova arma para mulher se livrar do agressor
A tecnologia vai ajudar a fechar o cerco da violência doméstica em Campo Grande. A partir de janeiro, o “botão da vida” vai se somar às medidas protetivas que buscam garantir a mulher o direito de não ser assassinada, violentada, espancada ou agredida por quem um dia prometeu amor.
Diferente do botão do pânico, uma caixinha que a mulher carrega na bolsa ou junto ao corpo, a Capital vai adotar o aplicativo no celular. O sistema será apresentado hoje durante o VI Fonavid (Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher), evento nacional realizado na cidade.
De acordo com a secretária municipal de Política para as Mulheres, Liz Derzi Matos, a opção pelo aplicativo leva em conta o custo reduzido e a possibilidade de atender a um maior número de vítimas.
Quando acionado, o botão emite três avisos simultâneos para que o socorro chegue o mais rápido possível. “São emitidos três avisos diferentes. E-mail para a central de controle, SMS para a Guarda Municipal e ligação para o 190”, afirma Kenneth Coelho Côrrea, da empresa JustWorks, que desenvolveu o aplicativo.
As mensagens enviam a geolocalização da vítima, o nome da mulher e a identificação do agressor. A margem de erro do GPS é de apenas cinco metros. Primeiro, o sistema será instalado em 200 celulares de mulheres que contam com medida protetiva para que o agressor não se aproxime. “Não é público, não é qualquer pessoa que vai utilizar. Existe um cadastro”, explica Kenneth Côrrea.
Conforme a secretária, os acionamentos do botão da vida serão atendidos por patrulhas especiais da Guarda Municipal, que vão atuar para cumprir a Lei Maria da Penha. Serão sete viaturas, uma para cada região administrativa de Campo Grande.
Até janeiro, o sistema será aprimorado para que grave áudio a partir do acionamento do dispositivo. “Será tolerância zero”, afirma a secretária. O agressor que descumprir a medida protetiva será punido com prisão.
Custos – Conforme Liz Matos, mil botões do pânico no formato tradicional custam R$ 1,5 milhão. Já o aplicativo tem valor de R$ 20 mil, que foi pago por meio de parceria entre a secretaria e o TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
O botão funciona em smartphone com sistema Android ou IOS. No caso de a vítima não dispor aparelho de celular com essa tecnologia, é estudada parceria com operadoras para fornecimento de aparelhos.
Preocupante – Num ano em que ao menos dez mulheres foram mortas por companheiros ou ex-companheiros, numa lista que inclui de tiros a pedradas, a violência doméstica segue alarmando a sociedade. “Tomei posse há três meses e não tinha noção que ia ser tão procurado. Estão batendo na porta”, afirma a secretária. A Secretaria da Mulher foi criada pela Lei 5.193, de 20 de junho de 2013, mas só saiu da gaveta em janeiro deste ano.
Em um dos casos recentes, o alerta veio do serviço social da Santa Casa. Com o braço quebrado a pauladas e com diversos hematomas, uma mulher teve que ser levada para a Casa de Passagem. Os filhos tiveram que ser buscados pela polícia. Tudo isso em um contexto em que a família do agressor, o marido da vítima, tentava “abafar” a denúncia.
Em 2014, foram registrados mais de 4.200 casos de violência doméstica na Capital. Nas duas Varas especializadas sobre o tema do TJ/MS, 15.463 processos deram entrada somente neste ano.
Serviço - A Secretaria Municipal de Política para as Mulheres fica localizada na rua 15 de novembro, 1373, Centro. O telefone é o (67) 3382-7541.