Calor de matar exige cuidado extra com higiene em tempos de máscara obrigatória
Especialista explica que ideal é proteção ser trocada a cada duas horas, mas muitos usam a mesma máscara durante o dia todo
Calor excessivo aliado a baixa umidade tem tornado o uso da máscara ainda mais desconfortável para os campo-grandenses. A troca da proteção facial nesses períodos de temperaturas altas exige paciência, mas também manda respeitar á risca as questões de higiene.
Para o pintor Edson Lopes Soares, 45 anos, o jeito tem sido diminuir o tempo da troca da máscara durante o dia, hábito corretíssimo, orientam os médicos. “O calor tem sido bem mais intenso esse ano, a máscara dá sensação de agonia em dia muito seco. O jeito tem sido tomar muita água e ficar trocando de máscara porque a gente transpira muito”, disse.
Dificuldade também tem enfrentado Eriberto de Oliveira Silva, que trabalha com limpeza. Ele que gosta de usar máscara preta conta que sente ainda mais intenso o calor.
“Eu gosto de usar preto porque acho mais bonito, mas realmente pega mais calor. Como a gente já tá acostumado com suor e sol, não faz tanta diferença, só dá um pouco de falta de ar em alguns momentos. Precisa ficar limpando o rosto sempre e tomar cuidado”, explicou.
Ele ainda relata que faz caminhadas e para o exercício físico tem sido pior. “Faço caminhada e é pior ainda porque o exercício esforça mais, principalmente quando a gente resolve correr. Aí sofre um pouco”, completou.
Trabalhando o dia inteiro no sol, Letícia de Oliveira Bitencourt, 25 anos, a máscara fica suja de forma mais rápida e por isso troca mais vezes.
“Trabalho o dia inteiro debaixo do sol, então a máscara nem dura muito porque fica suja. Já é difícil calor, com coronavírus e pandemia só aumentou a sensação ruim e suor”, desabafou.
Higiene - Segundo o médico e doutor em saúde, Odair Pimentel, a questão da troca das máscaras é questão de higiene, independente da temperatura.
“As máscaras necessitam de descarte em função do tempo de uso e consequentemente da saturação do tecido com partículas em suspensão, secreções respiratórias e da orofaringe. A temperatura ambiente não interfere diretamente neste processo. Os cuidados para higienização e descarte são os mesmos”, disse.
Mas ele lembra que a temperatura alta aumenta a transpiração e acaba tornando o uso do “acessório” mais incomodo e desagradável.
“É importante considerar que as máscaras em uso pela maioria da população são de tecidos e funcionam apenas como uma barreira semipermeável . Neste caso a perda da eficiência é mínima. O contrário seria se usássemos máscaras profissionais de uso em controle biológico como uma N95 em função do seu poró ser menor para reter microrganismos”, detalhou.
“O uso da máscara é envolvido em dificuldades técnicas no dia a dia da população. A indicação seria que a cada 2 horas ela seja substituída, pelo menos alguns especialistas assim o indicam. Do ponto de vista prático um trabalhador com jornada de 8 horas teria que levar por dia 4 máscaras ao trabalho. Mas sabemos que isso na prática não funciona. Quando muito trocam 1 a duas vezes por dia. A questão da troca da máscara de pano passa a ser mais uma questão higiênica do que técnica.”, completou.