Casal envolvido em atropelamento e morte de jardineiro não tem CNH
Depois atingir Jefferson Moreira, o suspeito afirmou ter deixado a mulher e a filha na casa da sogra e depois ter abandonado a veículo com que atingiu a vítima
Depois de atropelar e matar o jardineiro Jefferson Moreira, de 37 anos, durante uma briga de trânsito, o vendedor Mark Lee Alves Reginaldo, de 20 anos, abandonou a picape usada no crime em um lava-jato no Bairro Nossa Senhora das Graças e se escondeu com a mulher e a filha na casa de um parente.
Nem Mark, nem a esposa, tinham CNH (Carteira Nacional de Habilitação). A picape usada no crime estava irregular e havia sido comprada por eles uma semana antes, por R$ 4 mil.
No primeiro depoimento à polícia, Mark Lee contou que saiu de casa às 9 horas para levar a moto de um amigo na oficina e depois de algum tempo, pediu para a mulher ir buscá-lo de carro. Ao delegado Antenor Batista, o suspeito ainda detalhou que a esposa parou na contramão. Por isso, na hora de sair não viu a vítima e acabou provocando a colisão.
Jefferson bateu na traseira da picape, mas conseguiu pular da moto e evitar a queda. A motorista parou alguns metros para frente e Mark Lee desceu para, segundo ele, conversar e acertar o conserto do retrovisor da motocicleta, no entanto teria sido ameaçado pelo jardineiro.
Nas palavras do casal, Jefferson teria se aproximado da mulher e perguntado se ela queria ver o marido morrer. Eles contam ainda que a vítima ameaçou dar capacetadas nele e até arrancou a chave da ignição. Depois de conseguir tomar a chave, Mark conta que entrou no veículo, deu ré e só tentou sair dali.
Durante a tentativa de fuga, ele acabou atropelando o jardineiro. O motorista ainda reforçou que não tinha a intenção de atingir Jefferson, e que quando percebeu a vítima já estava na frente da picape e não conseguiu evitar a colisão.
Ele contou ainda que sentiu muito medo e que a mulher e a filha de 4 anos choravam durante a briga e que ao sair do local do crime as deixou na casa do sogra, dirigiu até o lava-jato em que o veículo foi abandonado e voltou para buscar as duas com um motorista de aplicativo. Depois, foi para casa de um parente em Campo Grande, onde estava até essa tarde.
Ao Campo Grande News, o delegado explicou que os depoimentos de Mark e da esposa apresentaram a mesma versão e que agora, novas testemunhas serão ouvidas, incluindo um trabalhador da região que teria tentado acalmar Jefferson. Como não estava em situação de flagrante, o suspeito foi liberado.
Defesa – Assim como entrou, sem falar com a imprensa e com uma jaqueta escondendo o rosto, Mark Lee deixou da sede da 2ª Delegacia de Polícia Civil nesta tarde. Para a reportagem, o advogado responsável pelo caso, Selmen Dalloul, os depoimentos dão tranquilidade para defesa. “Principalmente porque as imagens foram juntadas e corroboram em todos os termos a versão da defesa”, alegou. Já para a polícia, as imagens comprovam que Mark atropelou intencionalmente a vítima.
“Em nenhum momento houve agressividade ou provocação por parte do meu cliente, foi uma discussão, ele desceu do carro para falar que acertaria o prejuízo e foi agredido física e moralmente desde o primeiro momento. Infelizmente foi uma vida que foi. Não deveria ter culminado nisso, mas, repetindo o que eu disse de manhã, isso é reflexo de uma sociedade doente em que vivemos”. Afirmou Dalloul.