Caso acatem tese da defesa, jurados podem colocar Agnaldo em liberdade
MPE defende punição que pode superar 10 anos pela morte de Rogerinho, mas defesa tenta amenizar acusação. Júri já está reunido, após 6 horas.
Se prevalecer a tese da defesa do jornalista Agnaldo Ferreira Gonçalves, de 61 anos, ele pode sair nesta tarde pela porta da frente, com alvará de soltura, do Fórum de Campo Grande. Agnaldo e está sendo julgado hoje por ter matado, em 2009, o menino Rogério Pedra, então com dois anos.
Os jurados já estão reunidos para decidir se ele vai ou não ser condenado, após seis horas de julgamento.
A acusação quer que ele seja condenado por homicídio simples e ainda por três tentativas de homicídio, contra a irmã do menino, o tio, com quem Agnaldo discutiu no trânsito e contra o avô, que foi atingido por um disparo. Nesse caso, a pena superaria 10 anos de prisão.
O advogado de defesa, Valdir Custódio, argumentou ao júri que devem ser desconsideradas duas tentativas de homicídio, contra a menina e o tio, que não foram atingidos, e que a acusação de homicídio simples deve ser atenuada. Para ele, o cliente cometeu um homicídio privilegiado, sob forte emoção, no caso a discussão com o tio do menino morto.
Na réplica à manifestação da defesa, o promotor Fernando Zauppa refutou essa tese. “Foi ele quem buzinou, foi ele quem deu sinal com a mão, foi ele quem foi atrás, foi ele quem se identificou como jornalista e até como quem manda na polícia”, afirmou o promotor sobre o réu.
Sobre o pedido para desqualificar duas acusações de tentativa de homicídio, o promotor disse que, mesmo elas não tenham atingido o tio e a menina, tiveram uma carga de destruição. Segundo ele, a irmã de Rogerinho tem problemas até hoje, como por exemplo acordar à noite e chamar pelo menino.
Na sua fala ao júri, ele alertou sobre a possibilidade de o réu ser solto, se eles acataram a tese da defesa. Segundo ele, vai equivaler a dizer que em Campo Grande, pode discutir e matar no trânsito, “que é um privilégio”.
Contratado para fazer a assistência da acusação, o advogado Ricardo Trad criticou a defesa, classificando de “franciscana” a tese apresentada e o fato de defensor ter se sentado próximo dos jurados para dizer que defenderia o que considera correto.
Em resposta à afirmação do advogado de defesa de que acusação não esclareceu os motivos do crime, Trad atribuiu ao “machismo, ódio, medo” e disse que, duas semanas antes, Agnaldo chamou a funcionária de um banco de “vaca”.
“Essa é a personalidade dele”, definiu.
Na tréplica, o advogado de defesa, comentou a definição de Ricardo Trad, dizendo que foi criticado apenas por usar a sinceridade.
Ao pedir que a pena para seu cliente seja amenizada, argumentou que Agnaldo tem 62 anos, é cardíaco e diabético que, se prevalecer a tese da acusação, “pode passar o resto da vida atrás das grades”
Nas palavras do defensor, Agnaldo não é um criminoso. “Qualquer um de nós com o um motivo forte, poderia estar nessa situação”, encerrou sua fala.
Agora, os jurados estão reunidos, para responder aos quesitos elaborados pelo juiz sobre a culpa ou inocência de Agnaldo pelos crimes de que é acusado.
Ele está preso, e dependendo do resultado do júri, sai do Fórum direto para casa ou volta para a penitenciária.