Casos de morte após quimioterapia na Santa Casa podem chegar a cinco
Após as mortes de três pacientes que foram submetidas a sessões de quimioterapia na Santa Casa neste mês, outras duas famílias de pacientes que morreram no hospital após passar pelo tratamento querem que as mortes sejam investigadas. Os pacientes eram dois rapazes e morreram em fevereiro.
O caso veio à tona na semana passada quando a família de uma das mulheres que morreram procurou a polícia para denunciar a morte. A suspeita das famílias é que as pacientes com câncer tenham tido reações alérgicas após passar pelas sessões de quimioterapia.
A Santa Casa, a Polícia Civil e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) apuram as mortes de Carmen Insfran Bernard, 48 anos, no dia 10 de julho, Norotilde Araújo Greco, 72 anos, no dia seguinte e Maria Glória Guimarães, 61 anos, no último dia 12.
De acordo com o presidente da Associação das Vítimas de Erros Médicos da Capital, Valdemar Morais de Souza, as famílias dos rapazes procuraram a entidade depois que os casos das três mulheres ganharam repercussão.
Um deles é Carlos Alberto Cintra Gaúna, 20 anos, que sofria de leucemia e morreu no dia 19 de fevereiro desse ano. Conforme o prontuário médico fornecido à família, o jovem deu entrada no hospital no dia 1º de fevereiro com vômitos e diarreia e a leucemia acabou sendo diagnosticada. Após sessões de quimioterapia, o jovem teve os mesmos sintomas das três mulheres e morreu.
O outro jovem, o suposto quinto caso em razão da quimioterapia, ocorreu no dia 23 de fevereiro. Um jovem também faleceu após as sessões, mas a família ainda deve procurar a associação para repassar detalhes sobre o caso.
De acordo com a assessoria de imprensa da Santa Casa, o hospital não foi procurado por famílias ou autoridades sobre as duas mortes, mas garante que se houver a procura, os casos também serão apurados. A Santa Casa adianta, no entanto, que o medicamento usado nas sessões dos rapazes é diferente do usado nas mulheres que morreram esse mês.
Apuração - A Anvisa enviou representantes de Brasília para discutir as mortes ocorridas no Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul após a quimioterapia. Eles estão reunidos, desde às 9h, com representantes da Santa Casa e da comissão ampliada para investigar os óbitos, criada na sexta-feira.
Segundo a presidente da Comissão de Controle de Infectologia da Santa Casa, Priscila Alexandrino, 41 pessoas foram tratadas com o medicamento cinco fluoracil (5-FU), usado no combate ao câncer do intestino, e com o lelcovorin (ácido folínico, que potencializa os efeitos do primeiro). Desses, quatro apresentaram reações alérgicas e três morreram.