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Capital

Catadores rejeitam salário mínimo e recusam emprego em concessionária

Paulo Yafusso e Thiago de Souza | 28/03/2016 16:17
Em reunião tensa, catadores recusaram proposta de emprego na Solurb. Alegam que no lixão ganham mais. (Foto: Fernando Antunes)
Em reunião tensa, catadores recusaram proposta de emprego na Solurb. Alegam que no lixão ganham mais. (Foto: Fernando Antunes)

Ao menos 80 catadores de material reciclável lotaram na tarde desta segunda-feira (28) o auditório do MPT (Ministério Público do Trabalho) em Campo Grande, para discutir alternativas para solucionar o problema criado com o fechamento do lixão para os trabalhadores. O clima foi tenso durante a reunião, que durou cerca de uma hora e meia, e a única proposta nova foi apresentada pela Solurb, responsável pela coleta e tratamento do lixo na Capital. Ela propôs contratar 200 catadores, o que foi prontamente rejeitada.

Pela proposta feita pelo representante da Solurb, Rafael Magalhães, a empresa pagaria R$ 880,00, mais R$ 220 a título de insalubridade e R$ 370,00 de vale alimentação. Os catadores chegaram a se irritar com a oferta, sob a alegação de que trabalhando no lixão tinham renda mensal média de R$ 2 mil. “Eu tinha um ganho de até R$ 3 mil por mês no lixão, onde trabalhei durante nove anos, e agora vou trabalhar por R$ 880,00 para a Solurb?”, indagou Sidnei Francisco, de 36 anos.

Além de reclamar do valor oferecido pela Solurb, durante a reunião os catadores questionaram a segurança que teriam de continuar no emprego, após os três meses do período de experiência. Para tranquilizá-los, o procurador do Trabalho, Paulo Douglas, que coordenou a reunião, disse que o contrato seria feito com base nas regras internacionais adotadas pela OIT (Organização Internacional do Trabalho). Mesmo assim, recusaram a proposta de emprego.

Para o procurador do Trabalho Paulo Douglas, embora a remuneração oferecida pela concessionária de lixo da Capital não seja equivalente ao que os catadores conseguem ganhar por mês recolhendo material no lixão, a proposta “é viável diante da situação de dificuldade que as famílias dos trabalhadores estão passando”.

O defensor Público do Meio Ambiente, Amarildo Cabral, também considera a proposta da Solurb viável na situação em que os catadores se encontram. Mas como a oferta foi recusaram, ele agendou reunião com uma comissão dos trabalhadores para as 9h desta terça-feira. Cabral antecipou que vai entrar com ação na Justiça, na tentativa de pedir a liberação temporária da área de transição do lixão. “Esse pedido de reabertura da área de transição é temporária, o lixão não pode ficar aberto eternamente”, explicou o defensor Público.

Depois de se reunirem na frente do MPT, os catadores decidiram seguir para a Prefeitura. O procurador-geral do Município, Denir Nantes, e a presidente da Agência Municipal de Regulação (Agereg), Ritva Vieira, também participaram da reunião. Vieira disse que já está autorizada a ampliação gradual da coleta seletiva do lixo. Hoje são 8 bairros atendidos e o objetivo é chegar a 30.

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