Com 490 em readaptação, audiência discute saúde mental na educação
Realizada no plenário da Câmara Municipal, solenidade busca humanizar trabalhadores da educação
Mais de 490 servidores municipais da educação estão em processo de readaptação para retornar à sala de aula. A informação foi confirmada pelo gestor da Semed (Secretaria Municipal de Educação), Lucas Bittencourt, durante audiência pública sobre saúde mental, realizada na Câmara Municipal de Campo Grande na noite desta segunda-feira (24).
O secretário explicou que foi criada uma coordenadoria para atendimento psicossocial. "O objetivo é valorizar o profissional e utilizá-lo na escola de acordo com suas habilidades. Porém, só podemos fazer isso depois que o processo de homologação é concluído. Antes disso, o processo é de responsabilidade das sedes e da junta médica".
Questionado sobre o quantitativo, o secretário pontuou que a Seges (Secretaria Municipal de Gestão) é a responsável por verificar o número de afastados. "Só vem para mim depois que o processo é homologado. Na pasta, só temos o quantitativo de pessoas que foram homologadas e que serão readaptação. Antes da homologação, eu não tenho controle sobre esse processo".
Em janeiro, o projeto "Gente que Cuida da Gente" começou a ser implementado na Capital. Segundo o plano de ação, a Semed faz os encaminhamentos das readaptações, que é apurado pelo IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande) e Seges.
Solenidade - Organizado pela ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública), a audiência pública desta segunda-feira ampliou a conversa sobre a humanização dos servidores, além de mobilizar políticas públicas para a valorização da categoria.
De acordo com o presidente da ACP, Gilvano Bronzoni, o objetivo da ação é buscar entender as causas e a raiz do problema enfrentado pelos profissionais. "Na primeira audiência pública, discutimos o pós-tratamento para professores e servidores que sofrem com doenças de natureza mental, que estão em crescente aumento", pontuou.
A audiência pública englobou a falta de estrutura, superlotação e outras questões nas escolas para que os profissionais não adoeçam.
"Infelizmente, nos últimos dois anos, tivemos quatro casos trágicos envolvendo professores. A vida é o bem mais precioso, e a educação deve cuidar da saúde mental dos seus profissionais. É fundamental que tracemos uma política junto aos responsáveis do Executivo, Legislativo e outros setores para cuidar das condições de trabalho desses profissionais", disse Bronzoni.
O responsável pela gestão do sindicato afirma que, após o último episódio, grande movimentação foi realizada. "Levantamos pontos com a secretária de gestão na quinta-feira passada. A secretária respondeu parcialmente, mas direcionou a importância de humanizar a junta médica do IMPCG, colocar um profissional para acompanhar o servidor antes e depois que ele sai da junta, trocar a gerência da junta e outras ações".