Com alagamentos, fica difícil até vender imóveis no Santo Antonio
São só as nuvens escuras e mais pesadas aparecerem no céu que vários moradores de diferentes bairros de Campo Grande já começam a se preocupar: lá vem temporal, lá vem alagamento.
Não é difícil encontrar notícias sobre ruas que viram piscinas e casas em meio a muita água nas regiões dos maiores córregos da cidade, como o Jóquei Clube, por exemplo.
Mas há locais que mesmo sem córregos alagam por conta da quantidade de água de desce de outros bairros. Esse é o caso do bairro Santo Antônio, região oeste de Campo Grande, próximo ao Aeroporto Internacional.
Localizado entre as avenidas Duque de Caxias e Júlio de Castilho, o bairro convive com enchentes e alagamentos há muitos anos, principalmente na região mais baixa, perto do terreno onde está sendo construída a sede do IFMS (Instituto Técnico Federal de Mato Grosso do Sul).
O temor pela chuva é explicado pelo casal Eva Pereira, de 60 anos, e Adão Lopes, de 58. Em frente à casa deles, na rua Leônidas de Matos, foi construída uma rampa para a entrada da garagem, a fim de barrar as enxurradas.
“Mesmo assim ,a água entra, não tem como segurar”, desabafa o casal, que já perdeu alimentos, geladeira, sofá e ferramentas de trabalho de Adão, que é pedreiro.
Em 2011, uma chuva forte causou muito estragos para eles, que precisaram da ajuda da Defesa Civil, que ofereceu um sacolão de alimentos. “Foi o suficiente para trabalhar e comprar outros móveis”, afirmam, acrescentando que os móveis são de lojas de usados.
Neste mesmo alagamento, Adão conta que, inusitadamente, apesar do final da chuva e do céu ficar ensolarado, não dava para ver nada na rua, pois ela continuou cheia de água por um longo perído.
Já na última terça-feira (3), dona Eva, preocupada com o tempo de chuva, preferiu não ir trabalhar para cuidar da casa. Ela também conta que basta o céu ficar nublado, que os vizinhos também ficam preocupados, e alguns já começam a ligar para os outros que estão fora à trabalho.
Outra moradora do Santo Antônio que também convive com alagamentos é Aparecida Nascimento, de 54 anos, e que está no bairro há 11 anos. Ela afirma que quer mudar-se, mas não consegue vender a casa.
“Queremos sair, mas ninguém vai comprar uma lagoa”, reclama Aparecida, apontando alguns efeitos da chuva na residência, como o apodrecimento do ferro do portão e o aparecimento de cobras, escorpiões e caramujos logo após as chuvas.
Além disso, a piscina da casa é totalmente invadida pela água das enxurradas que entram na casa, e que para dificultar os alagamentos, ela colocou muretas em todas as portas do imóvel para evitar perder móveis, mais assim ela é atingida, já que a fundação predial é mais baixa que a rua.
“O medo é maior de madrugada, porque fica mais difícil tomar providências quando estamos dormindo”, comenta dona Aparecida, que diz ter visto até uma cruz, que acredita ter vindo do cemitério do Santo Amaro, sendo carregada pela enxurrada.
Morando há poucos meses no Santo Antônio, Rosângela Paes, de 55 anos, também reclama dos transtornos causados no bairro pelas fortes chuvas. A casa dela não sofre com os alagamentos pois a fundação é mais alta que a rua, entretanto, os problemas da rua não deixar de atrapalhar.
“Aqui vira um mar”, indica a aposentada, contando que a calçada e rua ficam totalmente submersos, e que na hora de buscar ou levar os netos na escola, se estiver chovendo ,fica tudo muito complicado. “E tem os carros que passam e jogam água na gente também”, explica.