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Capital

Com donas de ONG presas, 224 cães e gatos ficam por conta de uma só pessoa

Responsáveis pelo local aguardam em cela de delegacia data da audiência de custódia

Por Bruna Marques e Natália Olliver | 05/07/2024 11:40

Com as donas do Instituto Guarda Animal, Paola de Sousa Brizueña e Natália de Souza Brizueña, presas, a situação dos 212 cães e 12 gatos que estão sob os cuidados da ONG (Organização Não-Governamental) continua a mesma na manhã desta sexta-feira (5). O local, alvo de investigação da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais), agora tem uma só pessoa para tomar conta.

O Campo Grande News voltou hoje ao sítio instalado na região do Chácara dos Poderes, em Campo Grande. Os animais estão sob os cuidados da mãe das suspeitas de maus-tratos. De acordo com a advogada das irmãs, Vitória Junqueira Cândia, a mulher faz tratamento de câncer e não tem condições de cuidar sozinha dos bichos.

“Mobilizamos voluntárias de outras ONGs para fazer um mutirão de limpeza e alimentar os animais na ausência delas. As outras protetoras prontamente se voluntariaram”, informou a defesa.

Nesta manhã, contudo, só uma mulher estava no local e não quis dar entrevista. “Não consigo falar com vocês agora, só tenho eu hoje e os cachorros ficam agitados”.

O cenário na chácara é caótico. Um vídeo mostra dezenas de cães se coçando ao mesmo tempo.

Um vizinho do local, que preferiu não se identificar, falou que sente dó das irmãs porque elas são pessoas boas. “Nunca houve um acompanhamento profissional para os animais. Acredito que a intenção foi boa, mas falta auxílio”, afirmou.

Morando há sete anos na região, o homem disse que a denúncia foi feita por uma vizinha específica, que não estava por lá. “Os cachorros não atrapalham em nada, mas se tem coisa para arrumar, tem que arrumar. Não vou crucificá-las”, concluiu.

Destino – Questionada sobre o destino dos animais, a defesa das irmãs disse não saber, uma vez que as protetoras não recebem ajuda para manter a ONG. “É difícil precisar qual é o rumo que vão tomar, porque elas vivem um dia após o outro. Não recebem auxílio, nem verbas para cuidar dos bichos e nem para manter a ONG”, explicou.

Segundo a advogada, a prioridade neste momento é conseguir que as clientes tenham o pedido de liberdade provisória acatado pelo juiz. “Por ora, não temos atualizações, apenas que continuam presas. Fizemos um pedido de urgência para liberdade provisória, mas ainda não foi analisado.”

Parte dos animais juntos na chácara que funciona ONG (Foto: Natália Olliver)
Parte dos animais juntos na chácara que funciona ONG (Foto: Natália Olliver)

Paola e Natália estão presas na 2ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, aguardando audiência de custódia, que a principio foi marcada para amanhã.

Denúncia - De acordo com o boletim de ocorrência, uma das moradoras próximas ao espaço disse estar sofrendo com o barulho e com o odor dos animais. Acompanhada pela Perícia Criminal e da Vigilância Sanitária, os policiais foram até o local e constataram acúmulo de dejetos, moscas e larvas em uma piscina sem tratamento, parasitas presentes nos animais, vestígios de queima de lixo no quintal, descarte irregular de lixo e remédios, além de omissão de cautela na guarda dos animais ferozes.

Segundo o texto, os bichos de estimação são mantidos em um único cômodo, com acúmulo de sujeira. Foi constatado ainda que vários dos animais não apresentam carteira de vacinação.

No boletim, a Decat ainda destacou que "embora trate-se de uma instituição voltada para o interesses dos animais, as dificuldades financeiras e a ausência de apoio da sociedade não justificam as situações descritas como maus tratos, tampouco a falta de manutenção da piscina, descarte de resíduos e integridade dos vizinhos".

"Uma instituição de defesa ao animal não é obrigada a aceitar animais além da capacidade de cuidados, e não pode se furtar à lei se escondendo atrás de nobres fins", explica a delegacia nos autos processuais para decretar a prisão preventiva.

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