Com duplicação da 163, macroanel precisará de dez pontos de travessia
A duplicação da BR-163 vai segregar algumas áreas e pontos de travessia da região localizada no Macroanel rodoviário de Campo Grande. Com isso, ao invés das quatro alças de acesso previstas no projeto original, a Seinthra (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) e o Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano) detectaram que serão necessários mais seis pontos para facilitar as transposições na via.
Originalmente estão previstos pontos de acesso em frente ao shopping Bosque dois Ipês, na saída para Cuiabá, um na saída para Três, um terceiro na MS-040 e o último na saída para São Paulo. Com os estudos da Seintrha, foi detectada a necessidade de pontos na região do Parque Bálsamo, avenida Guaicurus, Uniderp Agrárias, Taquaral, entrada e saída para o Residencial Dhama e no encontro com o anel Norte, saída para Rochedo.
Também haverá necessidade de mais um ponto de transposição em Anhanduí, onde está prevista a implantação de apenas uma alça de acesso.
De acordo com a secretária-adjunta da Seinthra, Kátia Castilho, na época da elaboração do projeto de duplicação da BR-163, não havia loteamentos e o comércio que existem nessas regiões atualmente. Sem essas travessias, os motoristas terão dificuldade em realizar o acesso as principais avenidas da Capital, já que não haverá retornos e vias que permitem a transposição entre os dois lados da estrada.
Para solicitar a construção dessas intervenções a CCRMS Via, responsável pela obra de duplicação da BR-163, é necessário apresentar uma pesquisa elencando os fatores e justificando a necessidade de alteração do projeto original.
Para isso, foi criado um consórcio reunindo representantes das prefeituras das 23 cidades que serão beneficiadas com a duplicação. “Todos os municípios precisarão criar mais pontos de acesso por isso decidimos unir forças para viabilizar as alterações, mas cada prefeitura será responsável pela sua pesquisa”, explica Kátia.
Ela diz que o estudo deve obedecer critérios estabelecidos pela ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) e Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte) e que a prefeitura de Campo Grande está realizando reuniões com os dois órgãos para definir como será feito esse estudo. “É uma pesquisa cara, queremos ver se é possível um convênio com o Dnit ou a CCR porque precisamos contratar pessoal para isso”, destaca
Segundo a secretária-adjunta, a prefeitura de São Gabriel do Oeste já encomendou o estudo por não concordar com os pontos de acesso propostos para o município. Ainda de acordo com Kátia, para reunir dados satisfatórios, a pesquisa precisa ser feita durante três dias, por 24 horas, necessitando de três equipes de trabalho formada por pelo menos seis profissionais por turno, entre engenheiros e técnicos. Quanto aos gastos, Kátia explica que só será possível calcular em um segundo momento, após definir quem de fato irá arcar com a execução do estudo e se haverá parcerias.
Basicamente o estudo é feito por técnicos posicionados nos locais onde há as proposições das alças de acesso. Eles anotam o número de carros que passam pelo local e jogam os dados em um programa de computador que vai detalhar o fluxo de veículos. “Dessa forma conseguimos provar que o movimento é intenso e embasar nossa solicitação”, diz. Kátia.
Ela explica que existe um outro tipo de estudo, utilizando câmeras na via, porém, os custos são altos. “Gastaríamos dinheiro e depois o equipamento não teria uso”, afirma.
A ideia da Seinthra é concluir os detalhes de execução da pesquisa até o fim do semestre para abrir licitação.
Obras da BR
A BR-163 é uma rodovia com 1780 km de extensão e liga os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pará. É uma rodovia de fundamental importância para o escoamento da produção das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil.
As obras de duplicação em Mato Grosso do Sul foram iniciadas em julho do ano passado. Nos cinco primeiros anos, estão previstos investimentos de R$ 3,4 bilhões (valores de janeiro de 2014) para a realização de obras que contemplem a duplicação completa da rodovia. O valor representa mais de 60% do total de R$ 5,5 bilhões a serem investidos até o final da concessão.
As obras de duplicação ainda acontecem com a autorização especial do Ibama, que permite que os trabalhos aconteçam sem licença ambiental, mas sob rígidas restrições, dentro da faixa de domínio, sem afetar as APP (Áreas de Proteção Permanente), áreas de comunidades indígenas e quilombola e sem desalojamento de famílias ou desapropriações.
Por conta disso, as obras nas proximidades de regiões urbanas adensadas, como Campo Grande, ainda não podem acontecer. A previsão é de que nesses locais os trabalhos só aconteçam a partir do momento em que houver a licença ambiental, que é liberada pela EPL (Empresa de Planejamento e Logística) do governo federal e pelo Ibama.
Já os pedágios, espalhados por toda a extensão da rodovia no Estado podem começar a funcionar a partir de outubro deste ano. De acordo com a CCR MSVia, a previsão é que a cobrança se inicie assim que 10% das obras sejam concluídas.
Conforme a assessoria de imprensa da concessionária, os 10% das obras de duplicação estão previstos para acabar dentro de nove meses, período em que os pedágios poderão começar a operar.
Os valores irão variar entre R$ 3,20 até R$ 4,90, mas, segundo a CCR, os preços serão corrigidos. O maior valor será cobrado no km 429, localizado no município de Campo Grande. O menor em Mundo Novo, no quilômetro 30.
Além de duplicar a BR, que leva a alcunha de Rodovia da Morte, a CCR vai investir R$ 333,3 milhões apenas na realização de melhorias. O investimento total em 30 anos, prazo da concessão, será de R$ 6 bilhões.
Em Mato Grosso do Sul a BR-163 tem 847,2 quilômetros de extensão e cruza todo o Estado, desde a divisa com o Paraná, ao Sul, na cidade de Mundo Novo, até a divisa com Mato Grosso, ao Norte, na cidade de Sonora. A rodovia serve a mais de 1,3 milhão de habitantes. Seu papel é fundamental na logística de transporte da agroindústria, do comércio e do turismo.
Macroanel
As obras da última etapa do macro anel rodoviário de Campo Grande, que vai ligar as saídas de Rochedo e Cuiabá foram retomadas em junho do ano passado, após dois anos de paralisação devido a falhas na execução do projeto.
A prefeitura está concluindo a última etapa do Macroanel, orçado em R$ 29,2 milhões, recursos do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte). No trecho serão executados 24,07 km, além de obras de arte, como as pontes sobre os córregos Ceroula e Botas e bueiros para a travessia e escoamento de águas pluviais. Já foram executados 51,05% dos serviços, na etapa entre a MS-080 (saída para Rochedo) e MS-010 (ligação para Rochedinho). O trecho entre a MS-010 e a BR-163 depende da desapropriação de 29 áreas particulares.
A expectativa do prefeito Gilmar Olarte (PP) é entregar a obra até o final do ano. Este trecho do macro anel é estratégico, porque cria uma alternativa de acesso, sem passar pelo centro da cidade, ao distrito industrial de Indubrasil para os caminhões que vem pela BR-163 trazendo soja das regiões produtoras de Mato Grosso do e de Mato Grosso.
Outro problema que será solucionado a partir da conclusão da obra será o desvio de caminhões pesados que hoje trafegam pela avenida Mascarenhas de Moraes, destruindo a pavimentação.