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Capital

Com medo de ‘guerra’, familiares evitam visita a pedido de presos

Clima é tenso em penitenciárias do Brasil por conta da disputa por comando de presídios entre o PCC e o Comando Vermelho

Anahi Zurutuza e Willian Leite | 08/01/2017 09:31
Entrada das visitas na Máxima (Foto: Marcos Ermínio)
Entrada das visitas na Máxima (Foto: Marcos Ermínio)

O clima de tensão nos presídios de Mato Grosso do Sul por causa da “guerra” de facções criminosas fez cair pela metade o número de visitantes no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho. A informação é das mulheres que na manhã deste domingo (8) aguardavam em frente a penitenciária de segurança máxima de Campo Grande, no Jardim Noroeste – no leste da Capital –, para visitar parentes presos.

Elas dizem que os próprios internos pediram que as mulheres, mães e outros familiares se preservassem, pelo menos nesta semana que rebeliões e massacres aconteceram nos presídios do norte do Brasil. O diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Ailton Stropa, garante que quando há permissão para a entrada de crianças normalmente há menos visitantes.

“Eu vim mesmo porque eu amo meu filho, mas estou com muito medo, ainda mais com as últimas notícias”, contou uma das visitantes, de 35 anos, que pediu para ter o nome preservado.

Movimentação em frente ao Complexo Penal de Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)
Movimentação em frente ao Complexo Penal de Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)
PM está de prontidão (Foto: Marcos Ermínio)
PM está de prontidão (Foto: Marcos Ermínio)

‘Guerra’ – Conforme reportagem publica pelo Uol neste domingo, a ofensiva do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criada no Rio de Janeiro, pelo domínio dos presídios no Brasil afeta unidades penitenciárias em ao menos 15 Estados.

A matéria cita duas rebeliões que aconteceram em agosto do ano passado em Mato Grosso do Sul que estariam relacionadas à disputa. Detentos rebelaram-se na Penitenciária de Segurança Máxima de Naviraí – a 366 km de Campo Grande – em agosto e dois detentos morreram. Já em dezembro, um motim aconteceu na Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande e um interno morreu.

Conforme apurou o Uol, para o Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul), os fatos estão relacionados à disputa por poder entre o PCC e o CV (Comando Vermelho). Já a Agepen declarou que monitora a disputa entre facções em presídios sul-mato-grossenses com o cuidado que o tema requer.

Mais tenso – A eminência de um confronto entre PCC e Comando Vermelho nas prisões sul-maro-grossense aumentou após Makanaky Nobre dos Santos Nascimento, 26, ser encontrado morto por enforcamento em uma cela da Máxima na manhã desta sexta-feira (6).

Em vídeo obtido pela reportagem, outros detentos comemoram o assassinato, dando a entender que foi de autoria do PCC. “Vergonha aí ó, CVZão, pendurado, olha que bonitinho que ele tá, esse pilantra do c***... Vai loucão, vai segurando”, dizem. ‘CVzão é uma gíria usada para identificar integrantes da outra facção carioca.

Antes disso, na quarta-feira (4), no presídio de Dourados – a 233km de Campo Grande –, um drone que estaria carregando facas e drogas para integrantes de uma das facções deu início a uma rebelião que precisou de auxílio do batalhão de Choque da Polícia Militar para ser contida.

A Sejusp (Secretaria de Estado de Segurança Pública) também apura se a morte de um detento na manhã do dia 6 foi uma resposta do PCC à tentativa de ataque sofrida por parte do Comando Vermelho no presídio do interior dois dias antes.

O PCC também teria anunciado um ataque ao ônibus que transporte internos do semiaberto para a unidade localizada na estrada da Gameleira.

Alerta – Sobre a guerra entre as facções, Stropa afirma que há um alerta. “Estamos preocupados, porém preparados. Não há indicativo para a ocorrência de chacina no nosso Estado, mas a Agepen trabalha a situação minuto a minuto com a gerência de inteligência para reverter possíveis ocorrências e tomar providências preventivas”, garantiu à reportagem na sexta-feira.

Neste domingo, Stropa informou que por enquanto ocorrências não foram registradas nas unidades penais do Estado. “As visitas estão transcorrendo normalmente”.

Ele afirma ainda que o efetivo de agentes está reforçado desde o dia 20 de dezembro.

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