Com mobilização vetada, colegas usam cartas para pedir absolvição de PRF
No mês passado, o juiz Carlos Alberto Garcete proibiu manifestações na sala de julgamento
A defesa do policial rodoviário federal Ricardo Moon, que vai a júri popular no dia 30 pela morte de um empresário após briga no trânsito, anexou ao processo, no último dia 16, cartas de apoio de dois sindicatos e uma federação de policiais pedindo a absolvição do réu.
No mês passado, o juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Carlos Alberto Garcete, proibiu manifestações na sala de julgamento. No dia 11 de abril, a sessão do júri chegou a ser aberta, mas foi cancelada no fim da manhã após um jurado passar mal.
Na ocasião, os policiais organizaram café da manhã em frente ao Fórum e vestiam camisetas com frase de apoio ao réu. Amigos da vítima, o empresário Adriano Correia do Nascimento, usaram camiseta que falava de saudade.
As notas de apoio são do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais de Mato Grosso do Sul, Sinpol/MS (Sindicato dos Policiais Civis) e Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais. O ofício do Sinpol é datado de 22 de abril, portanto, antes da decisão que vetou mobilização. Os documentos pedem que a Justiça seja feita com a absolvição do réu.
A defesa também anexou ao processo fotografias do policial em frente a uma caminhonete Hilux, modelo similar a do empresário e uma matéria do Campo Grande News, que cita a prisão de um militar que estava bêbado e atropelou uma criança.
Ricardo Moon será julgado pela morte do empresário Adriano Correia Nascimento (motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima) e tentativas de homicídio contra Agnaldo Espinosa da Silva (que sofreu fratura ao pular da caminhonete) e Vinícius Cauã Ortiz Simões (baleado nas pernas).
De acordo com a promotoria, no dia 31 de dezembro de 2016, por volta das 5h40, na avenida Ernesto Geisel, esquina com a Rua 26 de Agosto, em Campo Grande, o acusado matou Adriano e tentou matar as outras duas vítimas. O policial conduzia um veículo Mitsubishi Pajero, enquanto Adriano estava em uma caminhonete Toyota Hilux.
Prévia - No julgamento de 11 de abril, o advogado Renê Siufi, que atua na defesa do policial, centrou o questionamento no consumo de bebida alcoólica das três vítimas, incluindo Vinícius, que na época tinha 16 anos e relatou ingestão de cerveja e vodka, além de perguntar se os amigos sabiam que Adriano consumia droga, agredia funcionária, caluniou pessoa, furtou energia elétrica e tinha medida restritiva.
Já a acusação questionou a todo tempo o posicionamento do policial na hora dos disparos. A perícia aponta que o atirador estava no vértice esquerdo do veículo, portanto, não na frente da caminhonete. Ricardo Moon conta que pulou para a lateral com intuito de salvar sua vida, em legítima defesa. O policial contou que não poderia simplesmente ir embora, sob o risco de incorrer em crime de prevaricação, diante de um condutor embriagado ao volante.