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Capital

Com “novas provas”, família de vítima insiste em investigação por racismo

Pai de aluno que deu empurrão e apontou dedo para coleguinha negra do filho será indiciado por vias de fato

Por Anahi Zurutuza | 14/03/2024 18:43
Na terça-feira (12), pedreiro de 32 anos esteve na DEPCA com o filho e dois homens que se apresentaram como amigos (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Na terça-feira (12), pedreiro de 32 anos esteve na DEPCA com o filho e dois homens que se apresentaram como amigos (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Inconformada com o indiciamento de pedreiro de 32 anos, que deu empurrão e apontou dedo para coleguinha do filho dele no pátio de escola, por vias de fato, a advogada da família da vítima vai buscar meios de exigir que a Polícia Civil vá a fundo na investigação de racismo. Segundo Lione Balta, que representa a garotinha e os pais dela, “novas provas” surgiram.

O Campo Grande News já havia adiantado que o delegado responsável pela apuração, Roberto Morgado, não tinha visto indícios suficientes de racismo – crime inafiançável e imprescritível – na atitude do pai que agrediu a menina negra, de 4 anos, depois que ela abraçou o filho dele, uma criança branca da mesma idade.

A advogada da família da garotinha esteve na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), na tarde desta quinta-feira (14), para ter acesso o relatório do inquérito policial instaurado e constatou que o pedreiro realmente será indiciado somente por vias de fato, uma contravenção penal com pena mais branda. A infração, prevista no artigo 21 do Decreto-Lei 3.688/41, pode ser punida com 15 dias a 3 meses de prisão.

Lione não informou quais novas provas surgiram, até porque a investigação tramitou em sigilo, mas disse que o caso terá “importante desdobramento”.

Cena chocante – O episódio aconteceu na manhã de segunda-feira (11), na fila da entrada dos alunos da Escola Municipal Professora Iracema de Souza Mendonça, situada no Bairro Universitário, em Campo Grande. O pedreiro empurrou a diretora e invadiu o pátio do colégio para “resgatar” o filho.

O homem de 32 anos alega que “ficou nervoso” quando viu a outra criança abraçando o filho, porque o menino “não gosta que toquem nele”. Também confessou ter orientado antes ao filho "dar porrada" na menina caso ela se aproximasse novamente. Mas, alegou estar arrependido.

Nesta terça-feira, a reportagem falou com o pai da menina, um homem de 42 anos. Ele explicou que a filha é carinhosa e gosta de abraçar as pessoas. “É extremamente alegre, gosta de demonstrar o carinho dela através do contato. Abraça, beija, principalmente quando tem outras crianças envolvidas”, descreveu.

A criança ainda tenta entender o que aconteceu, mas depois do ocorrido e com medo de outras investidas do acusado, os pais da menina decidiram trocá-la de escola.

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