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Capital

Com privatização, ambulantes devem perder "ponto" na região do Parque das Nações

Vendedores informais reclamam que Imasul já deu prazo para regularização, mas não conseguem alvará

Cassia Modena | 04/04/2023 10:33
Ambulante que investiu em carrinho personalizado, Leonardo está com medo de sair (Foto: Acervo pessoal)
Ambulante que investiu em carrinho personalizado, Leonardo está com medo de sair (Foto: Acervo pessoal)

Os vendedores ambulantes que tradicionalmente ficam no entorno do Parque das Nações Indígenas temem perder o posto e serem proibidos de permanecer no local a partir do dia 10 de abril, prazo final para a regularização das atividades informais por ali. A medida é reflexo da desestatização do espaço público, segundo informações repassadas pela administração, dizem os ambulantes.

O pipoqueiro Leonardo Caetano trabalha há três anos na calçada do parque e relata que ele e os colegas vendedores têm sido pressionados para se regularizarem até este domingo (9) durante reuniões com representante do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), órgão que atualmente administra o parque.

"Pedem regularização, mas nunca liberaram alvará para nós. Um fica jogando para o outro e acaba que nem a prefeitura e nem o Estado liberam esse documento. Aí, de uma hora para outra, estão querendo nos tirar. Como fica isso? Se o problema é regularização, todo mundo quer trabalhar regularizado", afirma o ambulante.

O ambulante disse ainda que até os vendedores mais antigos estão preocupados. "Tem histórias de pessoas que estão aqui há mais de 20 anos trabalhando e criaram filhos vendendo água de coco, churros e pipoca para as famílias que vêm passear no parque. Eles também não têm alvará, mas não querem sair", cita.

Barraca desmontada - Uma vendedora ambulante, que preferiu não se identificar, afirmou ter chegado a desmontar a barraca onde trabalha no último fim de semana, a pedido de representante do Imasul que estava acompanhado da polícia.

"Falaram que tem que ter alvará para trabalhar e nós levamos todos os papéis necessários, mas não conseguimos ainda autorização. Deixaram a gente ficar lá enquanto isso, mas, 'do nada', nos tiraram dizendo que tinha bebida alcoólica e não podia vender, sendo que era só espetinho, água, suco e refrigerante ali na nossa barraca", conta a ambulante, que trabalha no local há mais de 10 anos.

Uma nova reunião será realizada nesta terça-feira (4) para orientar os ambulantes.

O que diz o Imasul - A reportagem procurou a assessoria de imprensa do Imasul, que justificou previamente que as reuniões com os ambulantes são realizadas para orientar sobre a regularização das atividades.

O Campo Grande News questionou o órgão sobre como funciona o processo de regularização dos vendedores, o que está sendo conversado durante as reuniões e qual o status do processo de privatização do parque, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

A previsão é que o Parque das Nações seja entregue à iniciativa privada no fim deste ano, por meio de concessão,  junto a outros quatro parques estaduais.



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