Corredores de ônibus ainda devem demorar 7 meses
Até o momento, somente três ruas da Capital estão com estações instaladas e funcionando
Um ano após as primeiras estações de embarque e desembarque dos corredores de ônibus serem inauguradas, obras de instalação de outras quatro devem ocorrer nos próximos sete meses. Vistos com maus olhos desde o início das obras, a população ainda aponta “falhas” nas estações já concluídas.
Até o momento, 10 estações foram entregues e estão funcionando nas ruas Brilhante, Guia Lopes e Rui Barbosa. Quando as estações da Rua Brilhante foram inauguradas, era aguardado que houvesse um aumento em até 62% na velocidade dos coletivos, chegando a 25 km/h.
Apesar da boa expectativa, os ônibus ainda não são pontuais. “Infelizmente, o transporte está no bolo, dividindo espaço com motos, bicicletas, carros pequenos. Sem condição de cumprir o horário previsto pela Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito)”, justificou o gerente executivo do Consórcio Guaicurus, Robson Strengari.
Outros locais que ainda serão contemplados são: Avenida Bandeirantes, onde foi instalada a base dos pontos e realizada a pavimentação; Marechal Deodoro, apenas com as obras iniciadas; a Rua Bahia tem base dos pontos e o asfalto; e ainda falta o corredor da Avenida Calógeras.
Segundo Robson Strengari, as obras nos locais estão paradas há mais de dois anos. Na terça-feira (16), foi publicado no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) o extrato do contrato que a Prefeitura de Campo Grande fechou com a empresa Predial Construções LTDA para construção de estações de embarque nos corredores de ônibus. O valor a ser pago é de R$ 1.077.807,91.
Após a ordem de serviço, o prazo é de sete meses para que a empresa entregue as obras. Confira abaixo, na galeria de imagens, onde os pontos já foram e onde ainda serão instalados.
Reclamações - Das muitas queixas dos usuários do transporte público, as que mais foram reportadas durante a visita da reportagem às estações estão a falta de lixeiras e de ausência de um local onde possam recarregar o seu passe.
No ponto da Rua Rui Barbosa, Mônica Meireles, de 30 anos, relatou sempre se atrasar na ida para a universidade e na volta para casa, pois no local não consegue recarregar o seu vale-transporte. A estudante ainda contou que frequentemente vê carros trafegando pelo corredor e por diversas vezes presenciou acidentes.
Em outra estação da mesma rua, encontramos Maria de Fátima, de 55 anos, que destacou problemas de infraestrutura. “Aqui, tem mais de dez tomadas e nenhuma funciona. Também não tem nenhum lugar para jogar lixo. Quando chove, entra água nos pontos, porque eles não são totalmente fechados e os vidros vão só até a metade. Saio toda molhada quando chove”, disse.
Outra mulher ainda reclama da distância entre os pontos, que segundo Lúcia dos Santos, de 42 anos, ela precisa caminhar entre quatro a cinco quadras para chegar até outra estação.
A reclamação é reforçada por Marilia Benites, de 40 anos, que faz críticas a quem desenvolveu o projeto. “Além de chover muito nos pontos, a estrutura que é nova já está com o teto furado. Quem projetou as estações não usa ônibus ou tem problema nas pernas e não pode andar muito”, pontuou.
Nos pontos da Rua Brilhante, que foram os primeiros a ser entregues, foram encontrados bancos quebrados e tomadas sem funcionar. As mesmas reclamações encontradas na estação anterior também se repetiram.
Já na Marechal Rondon, em frente a um dos pontos que ainda não foram terminados, o morador da região Márcio Viegas, de 50 anos, diz não ver com bons olhos a instalação da estação. "Pra ser sincero, esse ponto aqui, se ficar pronto ou não, não vai mudar nada porque isso não é uma coisa boa. O trânsito está caótico, esses dias um menino morreu aqui perto", falou.
Outros moradores ainda relatam que os moradores de rua tem se escondido atrás das estruturas de concreto para fazerem uso de entorpecentes. Eles ainda estariam deixando vários lixos espalhados pelo local.
Obras paradas - Nesta última quinta-feira (11), a diretora adjunta da Agetran, Andréa Luiza Torres, esteve em mais uma audiência onde foi discutida a liberação da continuidade das obras da Rua Bahia. O processo é movido por empresários e moradores que desaprovam a instalação com receio de perderem as vagas de estacionamento do lado esquerdo da via.
É alegado pela população que a instalação das plataformas traria riscos para os passageiros no embarque e desembarque. Aumentando a possibilidade de acidente de trânsito e que a estação do lado direito, em meio à via, só é utilizada em ruas de mão dupla, quando há canteiro central.
Durante a audiência, a diretora adjunta disse que nos acidentes registrados em corredores de ônibus da Capital, os culpados são os próprios condutores por serem negligentes e faltar com atenção no trânsito.
Também foi destacado que as obras de infraestrutura envolvendo a instalação de semáforos no corredor da Rua Bahia foram finalizadas.
Na Avenida Bandeirantes, empresários se reuniram, na manhã desta quinta-feira (11), para demonstrar insatisfação com a obra inacabada do corredor de ônibus na Avenida Bandeirantes.
Com um comércio há mais de 10 anos no local, Hudson Rodrigues, de 35 anos, pede a retirada da estação. “A gente quer que tire isso aqui, a gente não aguenta mais isso aqui, é um acidente atrás do outro. Estamos sendo multados todos os dias, estaciono o carro para entrar na loja e sou multado. Pessoal da Agetran passa, não abaixa nem o vidro, só vai multando”, reclamou.
A Prefeitura de Campo Grande informou que a obra de infraestrutura, sinalização e semaforização para implantação do corredor de transporte estão concluídas, faltando apenas a conclusão das ilhas e estações para embarque e desembarque de passageiros.
Lado errado? - Por ser instalado do lado esquerdo das vias, muitos não entendiam como funcionaria o embarque e desembarques dos passageiros nas estações. Outros ainda se perguntavam se essa seria a melhor forma dos pontos serem instalados.
Para a reportagem, a Agetran explicou que devido à extensão das ilhas, que medem em média entre 40 e 50 metros, há algumas exigências a serem seguidas e por isso as estações foram construídas de tal maneira.
“Um dos elementos que compõem as exigências de operacionalização destes corredores e estão implantadas sobre ilhas para não obstruir as fachadas dos comércios e residências, não atrapalhar a caminhabilidade dos pedestres devido à largura insuficiente das calçadas para acomodar as estações de embarque, probabilidade de formações de gueto, causando insegurança aos passageiros, além da necessidade de remoção de postes e árvores que seriam necessárias para promover esta implantação”, diz trecho de nota enviada pela assessoria da Agetran.
Confira a galeria de imagens: