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Capital

De referência a escândalo, HU faz 39 anos, mas poderiam ser 43

Aline dos Santos | 03/04/2014 17:45
Hospital tenta sair da crise com empresa criada pelo Governo federal (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)
Hospital tenta sair da crise com empresa criada pelo Governo federal (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)

O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian comemora 39 anos em atividade. Mas, já poderiam ser 43 anos, caso, desde a criação, não padecesse de falta de recursos financeiros. A história de abrir para fechar a portas logo no dia seguinte é contada no Plano de Reestruturação do hospital, elaborado em 2010.

“No dia 13 de março de 1971, às vésperas do fim do mandato do Governador Pedro Pedrossian (15/Mar/1971), o hospital foi inaugurado. Porém, em virtude da falta de recursos: financeiros, equipamentos e pessoal, foi fechado logo a seguir, já no governo de Jose Manuel Fontanillas Fragelli”, informa o documento. À época Mato Grosso do Sul pertencia ao Mato Grosso.

Desta forma, a unidade hospitalar, criada para oferecer suporte ao curso de Medicina, só foi reaberta em 3 de abril de 1975. Em quase 40 anos, o HU de Campo Grande, ligado à UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), chegou a ser o segundo maior hospital do Estado, atrás somente da Santa Casa.

Dos 40 leitos iniciais se transformou em um complexo hospitalar e centro de referência estadual para doenças infecto-contagiosas e procedimentos de alta complexidade.

Contudo, no último ano, virou manchete por denúncias da Operação Sangue Frio, que revelou a “Máfia do Câncer”.
O hospital foi fundamental para que a PF (Polícia Federal) mirasse o tratamento de oncologia, em especial a radioterapia. A resistência do HU em aceitar recursos do governo federal e reativar o setor de radioterapia foi parar na Justiça.

Auditoria realizada em 2012 pela CGU (Controladoria-Geral da União) também apontou problemas. Em contratos que somavam R$ 11 milhões, foi verificado prejuízo de R$ 973 mil aos cofres públicos.

A análise também trouxe à tona uma série de irregularidade: direcionamento de licitação, montagem de processos licitatórios, subcontratação de serviços para empresas ligadas a dirigentes do hospital, superfaturamento e emissão de empenho anterior à adesão em ata de registro de preços.

Com a operação, o diretor do HU, José Carlos Dorsa Vieira Pontes foi afastado judicialmente, e depois, pediu demissão. Ainda no ano passado, mais problemas: sem conseguir fazer licitação, o hospital “perdeu” R$ 33 milhões para a reforma. O recurso era do Ministério da Saúde.

Portas fechadas - Atualmente, o hospital continua com o serviço de radioterapia suspenso. Conforme a assessoria de imprensa, a expectativa é pela chegada do acelerador linear repassado pelo governo federal.

A radioterapia do HU foi desativada pela primeira vez em 2005 e tinha voltado a funcionar em abril do ano passado, mês seguinte à Sangue Frio. No mês de junho, diante de irregularidades apontadas pela Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) o setor foi fechado. O hospital tem aparelho de cobaltoterapia, tecnologia considerada ultrapassada.

Nova gestão – O HU vai ser administrado pela estatal Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) pelos próximos 20 anos. A primeira ação será a abertura de concurso com 900 vagas.

O atual superintendente é Cláudio Wanderley Luz Saab, que comanda a unidade desde junho de 2013. Na ocasião, o hospital tinha déficit de R$ 2 milhões e de mil funcionários.

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