Defesa diz que PM preso por homicídio morreu "à míngua" após 428 dias na cadeia
Em nota, a Agepen diz que óbito foi constatado em hospital particular onde detento estava desde quarta-feira
O policial militar reformado José Roberto de Souza, 54 anos, foi diagnosticado com influenza A um dia antes de morrer e a defesa do homem preso por homicídio afirma que ele morreu "à míngua" depois de 428 dias em presídios de Campo Grande. O óbito foi constatado na manhã desta sexta-feira (19).
O PM era acusado de matar o empresário Antônio Caetano de Carvalho, 67 anos, durante uma audiência no Procon (Secretaria Executiva para Orientação e Defesa do Consumidor), em fevereiro de 2023.
A morte foi confirmada no início da tarde pelo advogado José Roberto da Rosa, que, em coletiva de imprensa, na tarde de hoje, disse que o PM reformado foi diagnosticado com a doença nesta quinta-feira (18) e até hoje, às 8h, a defesa tentava que o cliente fosse para prisão domiciliar e assim, receber melhor tratamento de saúde.
“De setembro até agora, foram seis pedidos para o tratamento domiciliar, todos com laudos e todos negados. Em dezembro, tentamos o habeas corpus, mas até agora não foi julgado. Ele tinha problemas renais, cardíacos e diabetes”, disse José da Rosa.
De acordo com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), o militar estava internado em hospital desde a quarta-feira (17) e morreu nesta sexta-feira. A causa da morte não foi confirmada.
"O custodiado possuía uma série de comorbidades e recebia atendimento médico regular no Módulo de Saúde do Complexo Penitenciário desde que deu entrada no Centro de Triagem. Ele também passou por consultas com especialistas em atendimentos externos e particulares. Na quarta-feira foi encaminhado para atendimento em hospital particular e veio a falecer no local. Dessa forma, toda a assistência possível foi prestada ao custodiado, conforme pode ser comprovado pelo prontuário médico", diz em nota.
No entanto, a defesa alega que José Roberto estava dentro do Centro de Triagem até quarta-feira (17), quando foi levado até a Policlínica da PM para consulta e só ontem (18), quando passou mal, foi encaminhado para o Hospital da Cassems.
"Vamos entrar com uma ação futuramente para responsabilizar o Poder Judiciário. Tiraram ele do presídio militar e mandaram para o Centro de Triagem e até hoje não sabemos o porquê. Não pedíamos a liberdade, queríamos que apenas que ele tivesse o tratamento devido. A defesa agora fica com a sensação de impotência”, desabafou o advogado.
A última pessoa a ver José Roberto vivo, de acordo com o advogado, foi a esposa no fim de semana. A morte foi informada à família hoje às 10h.
(*) Matéria editada às 17h46 para correção de informação repassada pelo advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, que havia dito que o cliente morreu dentro da prisão.
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