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Capital

Depois de Scooby, CCZ tem dificuldade para recolher cães com leishmaniose

Nícholas Vasconcelos e Luciana Brazil | 19/01/2013 12:14
Segundo prefeito, moradores têm se recusado a entregar cães por conta de Scooby. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Segundo prefeito, moradores têm se recusado a entregar cães por conta de Scooby. (Foto: Rodrigo Pazinato)

A Prefeitura de Campo Grande enfrenta dificuldade para recolher os cães diagnosticados com leishmaniose depois que o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) autorizou o tratamento dos animais. A decisão da Justiça contraria a portaria do Ministério da Saúde que proíbe o tratamento e determina o sacrifício dos cachorros.

Segundo o prefeito Alcides Bernal (PP), os donos dos animais diagnosticados com a doença têm se recusado a entregar os animais para os agentes do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses). Eles questionam o porquê seus animais devem receber tratamento diferente de Scooby, que não foi morto.

“Politicamente seria muito agradável defender o tratamento dos cães, mas eu como prefeito não posso colocar em risco a vida das pessoas.”, explico Bernal.

Sobre o Scooby, o prefeito afirmou que a decisão da Justiça tem de ser respeitada, no entanto lembrou o risco do procedimento. “É uma situação pontual, se a Justiça determinou tem que ser cumprido, mas as pessoas precisam entender que eu tenho que colocar em questão o risco de perder a vida de alguém”, ponderou hoje durante visita aos postos de saúde.

Nesta sexta-feira (18), o Ministério da Saúde reafirmou que é contra o tratamento de cães com leishmaniose, em resposta à consulta do Campo Grande News sobre a decisão da Justiça Federal que derrubou portaria sobre o assunto. O órgão informou que ainda não foi notificado da decisão e que continuam valendo as regras impedindo o uso de medicamentos para humanos no treinamento da doença em cães.

Ainda conforme a nota, até o momento, não há produtos registrados eficazes para este tipo de tratamento. O ministério destacou, ainda que o posicionamento está de acordo com recomendações da Organização Mundial de Saúde sobre o assunto.

Esta posição é compartilhada pelo CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária) que também confirma que pode punir os médicos veterinários que determinem tratamento para os animais infectados. O Conselho orienta que estes profissionais devem ser denunciados ao CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária) do respectivo estado.

De acordo com o conselho, o tratamento da leishmaniose visceral em animais oferece risco á saúde da população, já que o tratamento não promove cura parasitológica da doença, e o animal segue sendo hospedeiro e fonte de contaminação através do mosquito transmissor.

Ainda conforme o CFMV, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que somente a adoção de medidas integradas, como o uso de inseticidas e a eutanásia dos cães contaminados podem garantir a segurança da população, até que a cura seja cientificamente comprovada.

A ação que derrubou a portaria foi movida pela ONG (Organização Não Governamental) Abrigo dos Bichos e é válida para todo o País.

Para o Tribunal, proibindo a utilização de medicamento humano para tratamento, automaticamente é incentivado o extermínio dos animais. Na Capital, a polêmica ressurgiu depois do caso do cão Scooby, que sofreu maus tratos, teve a doença diagnosticada, foi tratado, depois voltou ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), de onde foi retirado, pela Abrigo dos Bichos, graças a uma decisão da Justiça. Havia o temor de que ele fosse submetido a eutanásia.

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