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Capital

Em 6 meses, 67 pessoas tiveram leishmaniose e 3 morreram na Capital

Secretaria aponta que limpeza de terrenos deve ser constante para evitar proliferação do mosquito transmissor

Mylena Fraiha e Antonio Bispo | 26/07/2023 16:20
Mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis), principal vetor da leishmaniose visceral e tegumentar (Foto: Divulgação)
Mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis), principal vetor da leishmaniose visceral e tegumentar (Foto: Divulgação)

Nos últimos seis meses, Campo Grande registrou três óbitos por leishmaniose visceral, conforme levantamento da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 67 casos de leishmaniose em humanos, sendo 40 de leishmaniose visceral e 27 do tipo tegumentar.

O aeroportuário Autemar Lopes, de 56 anos, é uma das pessoas que contraíram a leishmaniose tegumentar, doença que provoca feridas na pele.

Ele relata que está em tratamento desde 7 de julho, quando foi diagnosticado com a doença. “Apareceu um mancha no nariz, médico achou que era doença de pele. Em outro médico, ele descobriu por biópsia que era leishmaniose cutânea”.

Terreno baldio localizado próximo à casa de Autemar, no bairro Oliveira I (Foto: Antonio Bispo)
Terreno baldio localizado próximo à casa de Autemar, no bairro Oliveira I (Foto: Antonio Bispo)

Após passar pela consulta médica, Autemar relata que a doença, possivelmente, foi contraída após picada de um mosquito-palha, principal transmissor da leishmaniose. Segundo ele, próximo a sua residência, no bairro Oliveira I, há muitos terrenos baldios que apresentam acúmulo de folhas e mato alto.

“Tem muitos terrenos baldios sem limpeza, abandonados. Que juntam palha seca e vira um ambiente pros mosquitos. Eles só roçam, em vez de juntar e colocar em um saco”, explica Autemar.

Terreno baldio sujo e com mato alto, localizado na Rua Orlandina Oliveira Lima, no bairro Oliveira I (Foto: Antonio Bispo)
Terreno baldio sujo e com mato alto, localizado na Rua Orlandina Oliveira Lima, no bairro Oliveira I (Foto: Antonio Bispo)

Fiscalização - De acordo com a Sesau, os dados apontam para uma maior incidência da doença na região urbana do Anhanduizinho. No entanto, outros locais da Capital e do Estado também apresentaram casos de leishmaniose.

Em Corumbá, a 419 km da Capital, o primeiro óbito provocado por leishmaniose visceral em 2023 foi de uma bebê de 1 ano e 9 meses, moradora do Bairro Guatós. Segundo a SMS (Secretaria Municipal de Saúde), a criança deu entrada na Santa Casa da cidade no dia 1º de julho, com febre, palidez, êmese e plaquetas baixas. Os sintomas persistiam há aproximadamente 10 dias.

Para combater a proliferação do mosquito em Campo Grande, a Sesau aponta que tem atuado na fiscalização de imóveis e implementado ações efetivas de vistoria e remoção de materiais inservíveis, a fim de eliminar possíveis criadouros do vetor.

“O combate ao mosquito-palha é realizado em conjunto com as ações de enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Medidas simples de prevenção, como a limpeza dos quintais, evitar o acúmulo de material orgânico e outras práticas sanitárias, são fundamentais para evitar a proliferação do vetor”, explica a secretaria.

Entretanto, a Sesau ressalta que a manutenção de imóveis privados é de responsabilidade dos proprietários. “Eles podem ser multados caso não cumpram com essa responsabilidade”.

Tipos - A leishmaniose visceral, apesar de grave, possui tratamento gratuito disponível na rede de serviços do SUS (Sistema Único de Saúde). De acordo com a Sesau, é transmitida por meio da picada do mosquito-palha, também conhecido como asa-dura, tatuquira, birigui, entre outros nomes populares. O mosquito é pequeno, apresenta coloração amarelada ou palha e suas asas permanecem eretas e semiabertas em posição de repouso.

A transmissão ocorre quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados e depois picam humanos, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi, agente causador da leishmaniose visceral.

Já a leishmaniose tegumentar é uma doença infecciosa, não contagiosa, que provoca úlceras na pele e mucosas. A doença é causada por protozoários do gênero Leishmania.

De acordo com a Sesau, no Brasil, há sete espécies de leishmanias envolvidas na ocorrência de casos de leishmaniose tegumentar, sendo as mais comuns a Leishmania amazonensis, Leishmania guyanensis e Leishmania braziliensis. A doença é transmitida ao ser humano pela picada das fêmeas de flebotomíneos infectadas.

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