Em 6 meses, 67 pessoas tiveram leishmaniose e 3 morreram na Capital
Secretaria aponta que limpeza de terrenos deve ser constante para evitar proliferação do mosquito transmissor
Nos últimos seis meses, Campo Grande registrou três óbitos por leishmaniose visceral, conforme levantamento da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 67 casos de leishmaniose em humanos, sendo 40 de leishmaniose visceral e 27 do tipo tegumentar.
O aeroportuário Autemar Lopes, de 56 anos, é uma das pessoas que contraíram a leishmaniose tegumentar, doença que provoca feridas na pele.
Ele relata que está em tratamento desde 7 de julho, quando foi diagnosticado com a doença. “Apareceu um mancha no nariz, médico achou que era doença de pele. Em outro médico, ele descobriu por biópsia que era leishmaniose cutânea”.
Após passar pela consulta médica, Autemar relata que a doença, possivelmente, foi contraída após picada de um mosquito-palha, principal transmissor da leishmaniose. Segundo ele, próximo a sua residência, no bairro Oliveira I, há muitos terrenos baldios que apresentam acúmulo de folhas e mato alto.
“Tem muitos terrenos baldios sem limpeza, abandonados. Que juntam palha seca e vira um ambiente pros mosquitos. Eles só roçam, em vez de juntar e colocar em um saco”, explica Autemar.
Fiscalização - De acordo com a Sesau, os dados apontam para uma maior incidência da doença na região urbana do Anhanduizinho. No entanto, outros locais da Capital e do Estado também apresentaram casos de leishmaniose.
Em Corumbá, a 419 km da Capital, o primeiro óbito provocado por leishmaniose visceral em 2023 foi de uma bebê de 1 ano e 9 meses, moradora do Bairro Guatós. Segundo a SMS (Secretaria Municipal de Saúde), a criança deu entrada na Santa Casa da cidade no dia 1º de julho, com febre, palidez, êmese e plaquetas baixas. Os sintomas persistiam há aproximadamente 10 dias.
Para combater a proliferação do mosquito em Campo Grande, a Sesau aponta que tem atuado na fiscalização de imóveis e implementado ações efetivas de vistoria e remoção de materiais inservíveis, a fim de eliminar possíveis criadouros do vetor.
“O combate ao mosquito-palha é realizado em conjunto com as ações de enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Medidas simples de prevenção, como a limpeza dos quintais, evitar o acúmulo de material orgânico e outras práticas sanitárias, são fundamentais para evitar a proliferação do vetor”, explica a secretaria.
Entretanto, a Sesau ressalta que a manutenção de imóveis privados é de responsabilidade dos proprietários. “Eles podem ser multados caso não cumpram com essa responsabilidade”.
Tipos - A leishmaniose visceral, apesar de grave, possui tratamento gratuito disponível na rede de serviços do SUS (Sistema Único de Saúde). De acordo com a Sesau, é transmitida por meio da picada do mosquito-palha, também conhecido como asa-dura, tatuquira, birigui, entre outros nomes populares. O mosquito é pequeno, apresenta coloração amarelada ou palha e suas asas permanecem eretas e semiabertas em posição de repouso.
A transmissão ocorre quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados e depois picam humanos, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi, agente causador da leishmaniose visceral.
Já a leishmaniose tegumentar é uma doença infecciosa, não contagiosa, que provoca úlceras na pele e mucosas. A doença é causada por protozoários do gênero Leishmania.
De acordo com a Sesau, no Brasil, há sete espécies de leishmanias envolvidas na ocorrência de casos de leishmaniose tegumentar, sendo as mais comuns a Leishmania amazonensis, Leishmania guyanensis e Leishmania braziliensis. A doença é transmitida ao ser humano pela picada das fêmeas de flebotomíneos infectadas.
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