Em cinco anos, Santa Casa aumentou em quase mil o número de funcionários
Presidente afirma que contratações foram necessárias e seguiram critérios técnicos
Nos últimos cinco anos, a Santa Casa aumentou em quase mil a quantidade de funcionários. No fim de 2016, havia 3.494 empregados na instituição e, em 2011, eram 2.539. O acréscimo é de 37% e culmina no ano em que a entidade declarou deficit acumulado de R$ 43,8 milhões.
Os números relativos a funcionários têm como fonte o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), e fazem parte do relatório da auditoria, contratada em abril deste ano, pela própria instituição.
De acordo com o documento “Carta de recomendação dos controles internos”, relatório do contador Odácio Pereira Moreira, responsável pela auditoria da Santa Casa, o número de funcionários tem aumentado continuamente – ao menos nos anos informados (2011, 2012, 2015 e 2016).
De 2015 a 2016, o acréscimo foi de 254 profissionais, de 3.240 para 3.494. Desde 2011, o adicional foi de 955 trabalhadores. O relatório questiona se, de fato, as contratações foram necessárias.
“Sugerimos que seja avaliada a necessidade destes aumentos na quantidade de empregados tendo em vista o aumento da folha e encargos sociais”, propõe.
O incremento no quadro de pessoal foi acompanhado de problemas no pagamento. De acordo com o relatório, a Santa Casa não aplicou os reajustes firmados com os sindicatos das diferentes categorias nas datas bases correspondentes. Também não teria efetivado os aumentos até o fim de 2016, “salvo melhor juízo” (expressão do relatório).
Além disso, ainda conforme o relatório, funcionários demitidos no fim do ano, não teriam recebido, corretamente, os valores relativos a décimo terceiro e férias. Novamente, o documento faz ressalva com a expressão “salvo melhor juízo”.
Essa elevação no número de funcionários, o que representa majoração nos custos com pessoal, ocorreu em ano em que a Santa Casa fechou com deficit de R$ 43,8 milhões.
Em abril deste ano, durante prestação de contas na Câmara Municipal, o presidente da ABCG (Associação Beneficente da Santa Casa), Esacheu Nascimento, informou que o orçamento de 2016 era de R$ 242,6 milhões para custear 599.023 procedimentos. No entanto, o hospital realizou 1.460.986 procedimentos, o que demandou desembolso de R$ 287,7 milhões. Disso decorre o deficit de R$ 43,8 milhões.
Outro lado – Esacheu Nascimento disse ao Campo Grande News que todas as contratações foram necessárias e seguiram critérios técnicos. “Foram contratações absolutamente técnicas. Não há nenhuma irregularidade nisso”, enfatizou.
Ele afirmou, ainda, que a auditoria não apresenta como irregulares as contratações, mas apenas questiona a necessidade delas.
O presidente argumentou que em janeiro do ano passado, o terceiro e quarto andares do hospital estavam fechados. “Além disso, o quinto andar estava em situação de miséria”, acrescentou. Com a necessidade de melhorar as condições de atendimento aos pacientes, entre outros fatores, a Santa Casa precisou contratar mais profissionais.
Atualmente, a folha de pagamento da Santa Casa tem valor bruto aproximado de R$ 13 milhões de acordo com Esacheu Nascimento.