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Capital

Em manifesto, grupo questiona falta de debate sobre "lei da mordaça"

Luana Rodrigues | 03/04/2016 18:11
Manifesto reuniu pelo menos 100 pessoas na praça do Rádio Clube. (Foto: Alan Nantes)
Manifesto reuniu pelo menos 100 pessoas na praça do Rádio Clube. (Foto: Alan Nantes)
Professora há 21 anos, Ermelinda Bertuol, considera o projeto de lei uma censura a sua atuação. (Foto: Alan Nantes)
Professora há 21 anos, Ermelinda Bertuol, considera o projeto de lei uma censura a sua atuação. (Foto: Alan Nantes)
Auisdy Castro Santos, 51 anos, diz que o projeto é um retrocesso. (Foto: Alan Nantes)
Auisdy Castro Santos, 51 anos, diz que o projeto é um retrocesso. (Foto: Alan Nantes)
Sociólogo Paulo Cabral se diz indignado com texto do projeto. (Foto: Alan Nantes)
Sociólogo Paulo Cabral se diz indignado com texto do projeto. (Foto: Alan Nantes)

Pelo menos 100 pessoas participaram do protesto, realizado na Praça do Rádio Clube, contra a lei que proíbe o tratamento de conteúdos principalmente sobre a ideologia de gêneros nas escolas de Campo Grande. Em uma “roda de debates”, manifestantes questionaram a falta de discussão sobre o projeto de lei, antes que ele fosse levado à votação.

“Tem audiência pública pra tudo, reunião para tudo e, nesse caso, não houve nada disso. Não recebemos nenhum chamado para discutir esse projeto que é um retrocesso”, afirmou o presidente da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública), Lucílio Nobre.

Lucílio deu início a “roda de debate” que se formou na praça, durante o manifesto. Um microfone foi disponibilizado para quem quisesse opinar sobre o que deve ser feito para que o prefeito Alcides Bernal(PP) vete o projeto.

Professora há 21 anos, Ermelinda Bertuol, considera o projeto de lei uma censura a sua atuação. “Como educadora, me sinto tolhida, desrespeitada com esse projeto. Se isso fosse em 1964, até que seria admissível, mas em pleno século 21, em 2016, alguém censurar a atividade de um professor dessa forma é no mínimo constrangedor e humilhante”, disse.

Com o mesmo tempo de profissão, Auisdy Castro Santos, 51 anos, não pensa de maneira diferente da colega. A professora reforça a afirmação de que o projeto é um retrocesso e que restringe a atividade do professor dentro da sala de aula. “Além de professora, sou formadora de professores, como é que vou dizer para os meus alunos que eles não podem tratar sobre assuntos que sempre foram mitos da educação e que só agora estão sendo desmitificados? Não se pode falar somente aquilo que o Estado quer, porque quando falamos só o que o Estado quer, formamos alunos alienados e isso é inadmissível”, considera.

Paulo Cabral, reconhecido em Campo Grande pelo trabalho como sociólogo, participou da manifestação e também questionou a falta de um debate com a categoria envolvida, antes da construção do texto do projeto. “Além de ser inconstitucional, o projeto foi feito na calada da noite. Não foi colocado em discussão, em debate com a comunidade. Estou indignado com o texto do projeto e com a forma como querem aprová-lo, porque antes de eles tentarem estabelecer regras para o professor trabalhar, deveriam estabelecer regras para que eles mesmo trabalhem de maneira honesta”, acredita.

Durante o ato, os manifestantes foram convidados a participarem de uma reunião que será realizada na ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública), nesta segunda-feira (04), às 18h. Segundo o presidente da ACP, nesta reunião será produzido um documento de repúdio ao projeto de lei, que posteriormente será encaminhado a Câmara Municipal e a Prefeitura.

Outro lado - Em entrevista ao Campo Grande News, o autor do projeto, vereador Paulo Siufi (PMDB), disse que decisões ideológicas devem ser tomadas pela família e não aos professores. "Cabe aos professores ensinar matemática, português, ciências. A educação sexual e a religião deve ser ensinada pelos pais. Esses temas não devem ser discutidos em sala de aula por professores e pessoas que acham que entendem do assunto", afirmou o vereador.

Siufi ainda enfatizou que recebeu parabenização de diversas pessoas pelo projeto. "O projeto recebeu crítica de pessoas ligadas ao movimento LGBT. As pessoas que respeitam a família deram apoio."

Quanto ao ensino religioso, o vereador afirmou não ter restrição quanto a realização de orações dentro das escolas. "Não existe proibição ou restrição quanto a realização de orações dentro da escola. O Pai Nosso é uma oração universal, e ninguém está se posicionando contra a religião e a família", declarou.

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