Em reconstituição, assassinos demonstraram paixão por Golf
Os acusados de participação no assassinato do empresário Erlon Peterson Pereira Bernal, 32 anos, demonstraram uma extrema paixão por veículos, especialmente pelo modelo VW Golf, nesta quarta-feira (23), durante a reconstituição do latrocínio (roubo seguido de morte) do dia 1º de abril deste ano, quando a vítima foi morta com um tiro na nuca.
A mando da polícia, Thiago Henrique Ribeiro, 21 anos, Rafael Diogo, 24, e uma adolescente de 17 anos, todos acusados de participação no crime, refizeram hoje a sequência de ações que terminou na morte do empresário.
“Deu para perceber o conhecimento que os dois homens têm sobre veículo e a paixão que eles têm por Golf, principalmente, o Thiago”, disse a delegada Maria de Lourdes Cano, titular da Defurv (Delegacia Especializada de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos), que investiga o caso.
Conforme a delegada, Thiago foi dono de um Golf de versão antiga e precisou vender o veículo. Ele nutria uma espécie de amor por esse tipo de carro. Com parte do dinheiro da venda desse automóvel, ele pagou metade do valor que prometeu ao funileiro Ataíde Pereira dos Santos, que mudou a cor do Golf de Erlon.
Maria de Lourdes acredita que Thiago e Rafael usariam o carro do empresário por algum tempo e depois venderiam. Eles não falam em valores de negociação. “Mas o Thiago ia vender e repartir o dinheiro entre os três, ele, Rafael e a adolescente”, disse.
Thiago, que atirou na nuca de Erlon, ficou sério durante toda a reprodução do latrocínio. O único momento em que ele chorou durante o trabalho policial foi quando houve a reprodução do assassinato. “Foi quando ele apontou a arma para a cabeça do policial que representava o Erlon”, disse a delegada.
“Hoje, com a reconstituição, foram confirmados os fatos. A reprodução mostrou o que cada um fez. Essa simulação só confirmou o que estava no inquérito policial”, concluiu a delegada, que também disse que a vítima foi iludida. “O Thiago tem poder de convencimento muito grande. Ele é muito inteligente, mas usou essa inteligência para o mal”, completou.
Os trabalhos da Polícia Civil também confirmaram que a adolescente ajudou a jogar terra na fossa em que o corpo de Erlon foi ocultado. Os acusados de homicídio, inclusive, falam que a vítima foi enterrada agonizando.
Com quase três horas de duração, a reprodução simulada do crime começou na Avenida Gury Marques, saída de Campo Grande para São Paulo, passou pela funilaria da Rua General Walter Gustavo Ochinnek, onde o carro da vítima foi adulterado, e terminou na Rua Rio Grande, no bairro São Jorge da Lagoa, onde Erlon foi morto e jogado em uma fossa.
Durante percurso da Avenida Gury Marques até a casa do São Jorge da Lagoa, Erlon teria conversado tranquilamente com aquele que seria seu assassino. Ele teria contado a Thiago que estava casado, que tinha filho e que tinha um terreno na região.