Em ultimato contra Santa Casa, 7 neurocirurgiões ameaçam demissão
Instituição ficará sem nenhum profissional da área se não conseguir solucionar problemas
Todos os sete neurocirurgiões da Santa Casa de Campo Grande prometem pedir demissão na terça-feira (20), caso não sejam tomadas medidas para cessar o esgotamento que afeta os profissionais.
Advogado que os representa, Leandro Mendes anuncia que haverá "movimento de encerramento dos contratos individuais e saída do corpo clínico de todos os neurocirurgiões".
Eles deverão deixar a instituição às 7h, quando parte dos médicos finalizam plantão iniciado nesta segunda-feira (19).
Só o que pode mudar a decisão dos médicos, segundo Mendes, são as deliberações de uma reunião marcada para esta tarde entre a diretoria da Santa Casa e a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
Os médicos pedem a contratação de mais neurocirurgiões, para reduzir a atual sobrecarga de trabalho, e a destinação de mais recursos para o setor em que trabalham, especialmente para garantir insumos necessários para o atendimento aos pacientes.
Uma tentativa de acordo já havia sido feita entre a instituição e os profissionais no dia 6 de junho, quando os médicos aceitaram permanecer no hospital até que fossem encontradas soluções junto à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
Reunião - Por meio da assessoria de imprensa, a Santa Casa informou ter feito "tudo o que estava dentro da alçada para atender as demandas dos profissionais e da população" desde que as negociações começaram.
A instituição terá reunião hoje sobre pedido de complemento financeiro no contrato entre a instituição e o Município, para destinação às cirurgias.
Além disso, a Santa Casa pede que a secretaria disponibilize mais três médicos cirurgiões, para que os pacientes de todo Mato Grosso do Sul passem a contar com 10 profissionais na neurocirurgia.
"No dia 9 de junho, enviamos um ofício à Sesau, detalhando nossa proposta para o serviço. Até o momento, não tivemos uma resposta. Hoje (19) se encerra o prazo estabelecido pelos neurocirurgiões, e ainda aguardamos a resposta do Poder Público", apontou o hospital em nota.
Já a Sesau, também via assessoria de imprensa, destaca que o contrato entre o Município e a instituição tem vencimento no final de julho e que, portanto, não é possível aumentar o repasse destinado a ela, a não ser firmando aditivos.
A pasta frisou ser sensível à situação que afeta médicos e pacientes, mas frisou que o hospital é responsável pela prestação de serviços e deve negociar com a categoria. "A Sesau informa que, através da contratualização da Santa Casa, fica sob responsabilidade do prestador a garantia dos serviços oferecidos e contratualizados, desta forma, a Sesau aguarda reunião entre o hospital e a categoria para que a situação seja regularizada", afirmou.
O pedido de cedências de três médicos poderá ser atendido, sinaliza. "É importante ressaltar também que a pasta se coloca à disposição do hospital para tentar solucionar a situação o mais rapidamente possível, inclusive reforçando o quadro médico na área com a contratação de profissionais para atuarem no local através de cedência".
Carta - Os sete neurocirurgiões enviaram carta à imprensa em 31 de maio, afirmando que iriam encerrar cirurgias neurológicas de urgência e emergência na Santa Casa, bem como as eletivas e os atendimentos de ambulatório e “demais atividades conexas”, em 5 de junho.
Os profissionais disseram realizar mil procedimentos por ano e que estão em “esgotamento profundo”.
O encerramento dos contratos foi postergado para que a Santa Casa tivesse mais tempo de buscar soluções para o problema, o que será tratado na reunião de hoje.