Em velório, alegria e força de vontade de Jesica são lembradas por familiares
Jesica Soares e colega de trabalho morreram em colisão na BR-262; prima acha que foi caso de negligência
No velório de Jesica Silva Soares, 38 anos, familiares ainda estavam incrédulos com a colisão frontal entre carro e caminhão, ocorrida na BR-262, próximo de Ribas do Rio Pardo, que terminou com a morte dela e de colega de trabalho, Bruna Rodrigues de Souza.
O velório está sendo realizado no Cemitério Memorial Park, no Bairro Universitário, acompanhado por muitos familiares e colegas de trabalho. O silêncio prevalece, pelo choque da morte prematura.
“Não acho justo falar que ele não teve intenção do acidente, porque, quando você faz uma ultrapassagem indevida, sabe o risco, é uma negligência”, avaliou a cuidadora Juliana da Silva, 32 anos, prima de Jesica, referindo-se ao indiciamento preliminar por homicídio culposo (sem intenção) do motorista do caminhão envolvido na colisão.
Segundo Juliana, a família está focada em cuidar de burocracias relacionadas ao sepultamento de Jesica e ainda avalia o que poderá fazer sobre o caso. “Vamos aguardar a perícia para saber se acidente era evitável ou não”.
Hoje, o momento era de homenagear e lembrar da alegria de Jesica. “Ela era meu furacãozinho”, diz a prima, emocionada. Recordou-se dela como pessoa alegre, intensa, “sem tempo ruim”. No dia anterior ao acidente, Jesica ainda havia comemorado o aniversário do filho de 21 anos.
Pedro José Paz, 57 anos, era tio por afinidade e coração. Compartilhava com Jesica o amor pela estrada e por caminhões. “Ela dizia ‘quero ser caminhoneira igual ao senhor’”. Ele lembra que, quando ela tirou a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), logo passou a dirigir em rodovias, até para visitar a família, que mora no distrito de Culturama, em Fátima do Sul. “Ela não tinha medo de nada, tinha muita força de vontade, tenho certeza que um dia iria dirigir caminhão”.
Acidente – Jesica e Bruna morreram ontem (26), quando voltavam de Ribas do Rio Pardo, onde foram entregar marmitas. O acidente aconteceu a 50 quilômetros de Campo Grande.
O motorista do caminhão, com placas de Sidrolândia, contou que seguia da Capital sentido a Três Lagoas, quando tentou uma ultrapassagem. Isso ocorreu por volta de 4 horas.
"Na hora, eu estava ultrapassando uma Scania e não dava para ver o carro [Fiat Uno], porque aqui tem uma baixada. Quando vi, fui jogar para o acostamento, não podia voltar para a minha pista, porque o caminhão que eu ultrapassei estava lá. Então, joguei para o acostamento e a motorista do Uno também tentou a mesma coisa. Foi uma fatalidade", disse o motorista de 44 anos.
Os familiares e colegas de trabalho dizem que Jesica era experiente e cuidadosa ao dirigir. Apesar de não haver sinalização horizontal que proíbe ultrapassagem naquele trecho, segundo a delegada Tainá Borges, da delegacia de Ribas do Rio Pardo, há uma placa a 200 metros do local do acidente de ultrapassagem proibida.
A passageira, Bruna Rodrigues de Souza, veio do Maranhão e estava no terceiro dia de trabalho na marmitaria. O corpo dela foi levado para a cidade de Urbano Santos (MA).