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Capital

Ex-diretor nega ser amigo íntimo, mas defende salário de filha de Siufi

Aline dos Santos e Jéssica Benitez | 12/08/2013 12:13

Com o advogado na primeira fila e pelo menos outras três fileiras de cadeiras ocupadas por pessoas que chegaram à Câmara Municipal em sua companhia, Blener Zan, ex-diretor do Hospital do Câncer, afirmou aos vereadores da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde que deixou a direção da unidade porque quis, negou ser amigo íntimo de Adalberto Abrão Siufi, acusou as gravações de serem editadas e defendeu o salário pago a Betina Siufi. No mais, apelou para respostas evasivas.

“Saí para não atrapalhar nenhum tipo de investigação. Não tinha mais clima para ficar no hospital”, disse. Um dos donos da Elétrica Zan, Blener era diretor-presidente da unidade hospitalar e deixou o cargo após a onda de denúncias iniciadas em março deste ano, com a operação Sangue Frio, realizada pela PF (Polícia Federal), e irregularidades detectadas pelo MPE (Ministério Público Estadual). Ele presidiu o Conselho Curador do Hospital do Câncer de 1998 a 2003 e de setembro de 2011 até março deste ano.

Nestes períodos, ele garante não ter testemunhado irregularidade e se mostra incrédulo diante às denúncias. “Nesses anos, não vi nada ilícito e não acredito em nada disso contra o Siufi e a Betina. As escutas não foram ouvidas até o final, elas eram paradas onde era conveniente para alguém. Não acredito em nada disso. Só acredito nos atos que eu vi”, salientou.

Sobre o médico Adalberto Siufi, ele disse que conheceu o ex-diretor do Hospital do Câncer porque ele fazia compras na Elétrica Zan. “Conheci o Siufi, passei a fazer parte do conselho. O Siufi é médico da minha família. Não considero que a relação seja íntima. Nunca fui a churrasco na casa do Siufi. Não somos amigos íntimos”, disse.

Quanto à Betina Moraes Siufi Hilgert, filha de Siufi, Blener Zan defendeu a remuneração paga para que ela administrasse o hospital. O Ministério Público denunciou que o salário de R$ 11.508,69 era acima do valor de mercado. Conforme o Conselho Regional de Administração, o salário médio para um profissional, em 2011, era de R$ 2.917.

“O salário estava totalmente compatível com o cargo. Tem Estado que paga 40% a mais do que ela recebia”, afirmou. Ele afirma que à época não era presidente do Conselho Curador, mas, na condição de membro, fez avaliação com os vencimentos para o cargo em outros hospitais de Campo Grande e fora do Estado.

Sem foto na parede - Sobre a sua própria atuação no hospital, Blener Zan disse que o trabalho era voluntário. “Nunca tive retrato na parede e nem sala só para mim”, relatou.

Questionado se a empresa da qual é dono fornece materiais para obra de ampliação do hospital, o depoente foi evasivo. “Pode ser que sim. Eu desconheço se vendeu ou não”, disse. Um dos vereadores pediu que ele esclarecesse se sim ou não. Neste momento, o advogado de Blener interveio e disse que o cliente só responderia se quisesse.

Para o presidente da comissão, Flávio César (PTdoB), as repostas padrões, como “não me lembro” e “não me recordo”, levam a pensar que o Conselho Curador não tinha ação afetiva no Hospital do Câncer. “Parece que o conselho é para inglês ver”, polemizou.

Indagado se o conselho aprovou a cedência de um equipamento de braquiterapia, avaliado em R$ 500 mil, em 2007, para a clínica NeoRad, de propriedade de Adalberto Siufi, Blener Zan declarou não se lembrar. “Não era presidente nessa época”, disse. A doação só não se concretizou porque Carlos Coimbra, atual diretor do hospital, denunciou ao MPE (Ministério Público Estadual).

Segundo o depoente, o contrato hospital com a NeoRad foi uma forma de remunerar Siufi pelos serviços prestados. O vereador Marcos Alex (PT) questionou o pagamento de R$ 11,7 milhões no terreno para ampliar a unidade hospitalar, pois, segundo ele, o valor de mercado será R$ 7 milhões. Blener Zan respondeu que se lembra de o conselho ter autorizado pagamento de R$ 9,2 milhões.

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