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Capital

Famílias demarcam área e tentam nova invasão em antiga favela

Na semana passada, grupo de pessoa começou a demarcar terrenos e montar barracos no local, segundo vizinhos

Anahi Zurutuza e Yarima Mecchi | 26/05/2017 11:42
Gentil Machado, que em entrevista admitiu querer um lote na área pública (Foto: Marina Pacheco)
Gentil Machado, que em entrevista admitiu querer um lote na área pública (Foto: Marina Pacheco)

A Prefeitura de Campo Grande pediu o desarquivamento da ação de reintegração de posse da área que era ocupada pela favela Cidade de Deus, no bairro Dom Antônio Barbosa – sul da cidade –, próximo ao antigo lixão e ao aterro sanitário. O município está em alerta diante da ameaça de nova invasão.

Segundo moradores do loteamento Pedro Teruel, que fica nas proximidades, na semana passada, um grupo de pessoas começou a demarcar a área para a montagem de novos barracos. Mas, a PM (Polícia Militar) e a Guarda Municipal foram acionadas e conseguiram evitar a invasão.

Gentil Machado mora em acampamento sem-terra e admitiu que estava com grupo que demarcava a área no Dom Antônio Barbosa. Ele sobrevive de uma plantação de mandioca.

Perguntado sobre se ele sabia que se tratava de uma invasão de área pública e se mesmo assim, ele pretendia erguer uma moradia no local, o sem-terra respondeu: “eu que ia”.

“Estou atrás de um terreno, não dá para viver na situação que eu vivo com a minha família, quero construir uma casa, então marquei um lote para mim”, justificou

“Não são pessoas da antiga favela, são pessoas do bairro”, disse um das ex-moradoras da favela, que pediu para ter a identidade preservada. Ela é uma das que foi removida coma família para o Pedro Teruel.

Lidiane da Conceição Silva, 25 anos, também moradora do loteamento, confirma a versão da vizinha. “Eram poucos barracos e eu não conheço ninguém. Tem gente daqui que quer voltar, mas não sei que é esse pessoal que invadiu”.

Nesta sexta-feira (26), um trator contratado pela prefeitura fazia a limpeza da área. O funcionário, que também não quis revelar o nome, disse que encontrou estacas no local.

Prefeitura enviou trator para fazer a limpeza do local nesta semana (Foto: Marina Pacheco)
Prefeitura enviou trator para fazer a limpeza do local nesta semana (Foto: Marina Pacheco)
Casas que começaram a ser construídas no loteamento Pedro Teruel, mas não foram terminadas (Foto: Marina Pacheco)
Casas que começaram a ser construídas no loteamento Pedro Teruel, mas não foram terminadas (Foto: Marina Pacheco)

Histórico – Em março do ano passado, as cerca de 300 famílias que viviam sob barracos de madeira e lona foram removidas para quatro loteamentos populares criados pela administração municipal ainda no governo do Alcides Bernal (PP).

A promessa era que em regime de mutirão, as famílias trabalhassem na construção de casas de alvenaria em lotes delimitados e regularizados. Mas, até agora só 42 moradias ficaram prontas.

Agora, a prefeitura tenta viabilizar convênio com o Governo do Estado para concluir os imóveis. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) prometeu R$ 4,9 milhões.

Sumiço – Deixando outras 258 famílias “sem teto”, a Morhar Organização Social sumiu desde que “terminou” a construção de 42 casas no loteamento Vespasiano Martins.

A ONG (Organização Não Governamental) foi contratada pelo prefeito Alcides Bernal para coordenar o mutirão. Do convênio de R$ 3,6 milhões, R$ 2,7 milhões foram repassados à entidade, que sequer tem sede, conforme apurou a administração de Marquinhos Trad (PSD).

A entidade justificou gastos no valor de R$ 1,9 milhão. O restante, R$ 800 mil, foi retirado, mas não há comprovação do que foi comprado com o valor na prestação de contas.

A prefeitura bloqueou R$ 900 mil destinados ao convênio e promete ir à Justiça contra a Morhar, mas ainda não moveu o processo.

Alvo de outras ações de cobrança, a ONG não é localizada nem por oficiais de justiça.

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