Ferro-velho improvisado incomoda vizinhos e até dono admite problema
Imóvel que funciona como depósito e ferro-velho na Rua Jamil Basmage, no Bairro Novos Estados, em Campo Grande, preocupa vizinhos, enquanto até o proprietário admite risco na área, mas garante tomar os cuidados necessários. Moradores procuraram o Campo Grande News para denunciar o caso, temendo doenças que podem ser transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti – dengue, zika vírus e chikungunya –, que se prolifera em locais com água limpa e parada.
Um vizinho que trabalha próximo ao depósito, mas prefere não ser identificado, afirma que o local está tomado por pneus, peças de carro e outros materiais há pelo menos cinco anos. “Eu trabalho no mesmo lugar há seis anos, e tem uns cinco que o vizinho começou a acumular. Tanto que há um ano ele se mudou e deixou a casa só pra depósito mesmo”.
Alguns itens empilhados no local podem ser vistos da rua. É possível ver dois carros abandonado, pneus, peças de veículos, diversos materiais que podem ser usados como criadouros do mosquito. “É bem feia a situação, horrível. Tem coisas no chão todo. Aqui na minha mecânica tem muito mosquito e eu acho que é por conta desse entulho sim”, afirmou o vizinho.
Outros vizinhos do local, que também pediram para não ter a identificação divulgada, reclamam dos mosquitos. “Todas as casas vizinhas ficam cheias de mosquito. Vem tudo desse ferro-velho. É um absurdo em meio a uma epidemia de dengue uma situação dessas”, disse um morador da rua.
“Eu cuido do meu quintal, mas o dono do ferro-velho não. Imagina a responsabilidade se alguma mulher grávida que mora por perto pegar zika, ele deveria ser responsabilizado”, afirmou outro vizinho do local.
O proprietário da casa, Luiz Bordocan, foi procurado e, por telefone, se defendeu. “Eu estou cobrindo algumas partes e organizando. Os agentes (de controle de endemias) estiveram lá em novembro e pediram para eu cuidar, não deixar acumular água. Mas eu cuido, não tem uma poça de água. Se eu imaginasse que iria ajuntar tanto material teria feito um galpão antes, por conta desse problema da dengue”, disse.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) foi procurada, mas até o fechamento desta reportagem não informou quantas visitas foram realizadas no local, já que o proprietário confirmou que usa o espaço como depósito há mais de três anos.
Multa - Enquanto isso, a Prefeitura informou na semana passada que tem intensificado as ações de fiscalização para coibir o descarte irregular de resíduos e a manutenção da limpeza dos terrenos baldios na Capital. O trabalho é realizado pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), que aplica prazos e pode autuar caso exista irregularidades.
Após a notificação o proprietário tem dez dias úteis para limpar o local, mas se não cumprir o prazo pode ser autuado. As notificações são encaminhadas para a Decat (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e Proteção ao Turista).
Em caso de multa o valor varia entre R$ 2.010,50 e R$ 8.042,00. Assim como os proprietários dos imóveis podem ser autuados, o cidadão que for flagrado descartando entulho em local proibido também sofrerá multa administrativa e sansões penais por crime ambiental.
As denuncias podem ser feitas pelo Disque Denúncia 156 ou na Decat pelo número (67) 3325-2567.
Casos - Até o dia 21 de janeiro a Sesau confirmou 2.385 notificações de dengue, 330 de zika vírus e 60 de chikungunya em Campo Grande. Duas pessoas, uma criança de 8 anos e uma jovem de 16 anos, morreram este mês por conta da dengue na Capital.