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Capital

Fim de ameaças fez mãe perder esperança de rever filho, achado em área de desova

Família era ameaçada por criminosos, mas ligações terminaram desde o desaparecimento, há 1 ano e cinco meses

Clayton Neves e Dayene Paz | 02/09/2021 17:59
Desolada, mãe diz que passado do filho não justifica morte cruel. (Foto: Paulo Francis)
Desolada, mãe diz que passado do filho não justifica morte cruel. (Foto: Paulo Francis)

Sentada na calçada da casa onde mora, na região das Moreninhas, a empregada doméstica Lucimar de Jesus Maciel, de 50 anos, não conseguiu nem por um momento segurar o choro enquanto conversava com o Campo Grande News.

As lágrimas de desespero, externavam a dor que há um ano e cinco meses estava guardada, desde a noite em que o filho caçula, Jhon Wellington Maciel dos Santos, então com 26 anos, saiu de casa após receber uma ligação e nunca mais voltou. Hoje (2), a polícia confirmou que era dele a ossada encontrada no dia 14 de julho em cemitério clandestino.

“Umas 19 horas ele saiu para comprar cigarro, recebeu uma ligação e saiu”, conta. Apesar de torcer pelo contrário, a mãe afirma que no fundo já imaginava que o filho estivesse morto. Isso porque, três dias antes do sumiço, ela e a filha, irmã mais velha de Jhon, passaram a receber ligações com ameaças diretas à família. “Falavam que iam atrás da minha filha porque ela sabia onde ele estava e não queria falar”, explica.

As evidências de que o pior havia acontecido ficaram ainda mais claras quando as ameaças tiveram fim, justamente após o desaparecimento do jovem. A suspeita da polícia é de que as ligações partiram do presídio. “Ele sumiu dois dias antes do Dia das Mães. Essa situação não é fácil para uma mãe, mas até agora eu tive forças, estava lutando porque queria encontrar meu filho vivo ou morto”, comenta.

Lucimar acredita que, pelas circunstâncias, o filho tenha sido morto de maneira cruel. Mesmo sabendo que Jhon tinha passagens por roubo, lembra que o histórico não justifica tamanha crueldade. “O passado dele não justifica o que fizeram. Ele era um bom filho, sempre me esperava no portão de casa quando eu chegava do serviço. Era meu caçula”, relata.

Agora, a família pretende fazer o sepultamento em uma última despedida ao jovem e cobra justiça pelo crime. “Quero saber quem fez isso e espero que a polícia não desista de encontrar os culpados”, finaliza.

Ficha – Jhon Wellington era conhecido como “Jhony Bala” e respondia a quatro ações penais, três delas por roubo e uma por receptação. Na polícia, já havia sido fichado por posse irregular de arma de fogo de uso permitido, lesão corporal dolosa e tentativa de homicídio. Ele também já denunciou ter sido vítima de atentado, em 2016.

Cemitério – A investigação sobre a existência de cemitério clandestino em área de brejo, começou em julho deste ano. Análise preliminar feita no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) apontou que é do sexo masculino, a primeira ossada no local. A investigação aponta ainda que a vítima foi morta com golpes do que aparentam ser pauladas ou pedradas.

Segundo o delegado Carlos Delano, titular da DEH (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Homicídios), em entrevista à época, um “detector de cadáver”, equipamento criado por perito de Mato Grosso do Sul, apontou o local exato onde restos mortais estavam e também indicou a presença de outros dois pontos, um deles, onde foi localizado o cadáver de Jhon Wellington, em avançado estado decomposição, uma semana depois após a primeira descoberta. Ele aparentemente foi morto com o tiro na cabeça.

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