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Capital

Opinião sobre fim de shows em Parque divide vizinhos que lucram dos que são incomodados

Ricardo Campos Jr. | 27/01/2011 12:08

Moradores usam casas como estacionamento e ganham dinheiro extra

 Opinião sobre fim de shows em Parque divide vizinhos que lucram dos que são incomodados
Comerciante que usa casa como estacionamento não tira a razão dos que reclamam mas diz que terá prejuízo com o fim dos eventos. (Foto: Simão Nogueira)
Comerciante que usa casa como estacionamento não tira a razão dos que reclamam mas diz que terá prejuízo com o fim dos eventos. (Foto: Simão Nogueira)

Ao redor do parque de exposições Laucídio Coelho a notícia sobre a interdição do local para shows e eventos gerou comemoração e indignação para quem mora no entorno. As opiniões sobre o assunto são divididas entre aqueles que não conseguem aproveitar a noite de sono durante os espetáculos e os que se valem o movimento para uma renda extra.

Na região próxima à rua Américo Carlos da Costa o som não incomoda quem passa a noite cuidando carros ou motos sem ao menos sair de casa. É o caso da operadora de caixa Vanessa Lira Torres, 29 anos e a mãe Vera Lúcia de Lira, 55. Elas oferecem a segurança da garagem da residência para motociclistas aproveitarem os eventos com tranqüilidade.

“Dá para tirar R$ 250 se o show for bom. Hoje em dia quando a gente tem oportunidade de ganhar um dinheirinho aproveita”, disse Vanessa, “aqui a gente nem ouve o barulho porque o palco fica para o lado de lá (do parque)”.

Elas dizem que usam a renda extra para o aluguel da casa e contam que é do costume de quem mora daquele lado do parque aproveitar o período noturno. “Quando a gente se mudou para cá o pessoal já fazia isso. Tem 4 anos que estamos aqui”, conta Vera Lúcia.

O prejuízo na renda da família, com a suspensão de eventos, vai ser grande no bolso, de acordo com Vera e a filha.

Na rua Doutor Pacífico Lopes de Siqueira, perto da esquina com a rua anterior, fica o restaurante de Graciela Craveiro, 27 anos, onde ela passa a maior parte do dia. Ao lado do estabelecimento ela tem uma área que serve como estacionamento de motos durante shows.

Ela afirma que chega a pagar uma taxa para a prefeitura para atuar desta forma. “Dependendo do show dá para tirar uns R$ 300 bruto, aí você tira a luz, paga uma pessoa para ajudar e o imposto. Vem um fiscal quando tem evento grande, avalia pelo tamanho e estipula um valor. Cobra para todos os dias. Aí você vai lá na prefeitura e paga a guia”, disse a comerciante.

Graciela afirma que não tira a razão de quem mora ao lado do lugar onde os palcos são montados, mas diz que falta certa compreensão dos moradores que reclamam do barulho.

“Se você compra um imóvel em um local de show você tem que saber que vai ter show. A exposição valoriza a região.

Militar aposentado reclama de barulho e classifica shows como "tortura". (Foto: Simão Nogueira)
Militar aposentado reclama de barulho e classifica shows como "tortura". (Foto: Simão Nogueira)

Do outro lado - O militar aposentado Francisco Soares Ribeiro, 65 anos, conta que chegou ao local para morar há 50 anos. “Quando eu cheguei era uma coisa discreta”, relata. Segundo ele, a situação foi agravando-se com o passar do tempo até chegar a um nível de incômodo.

“Não está incomodando, está torturando. Tem barulho que treme a janela”, reclama o morador. Ele vive entre a Via Morena e o parque, lado oposto àquele onde moradores não se dizem incomodados e vibrou ao saber da notícia a respeito da decisão. “Ótimo é pouco, é excelente”, exclamou o militar aposentado.

Os vizinhos já tentaram diversas vezes, apoiados pelas lideranças do bairro, organizar abaixo-assinados para resolver ou amenizar o problema. “Eu mesmo já assinei três vezes”, conta.

A solução, para a dona de casa Vera Hilda, 52 anos, seria edificar um novo parque de exposições em local distante, onde não incomodasse. “Estamos com criança pequena. Até o berço vibra. A janela do quarto vibra”, disse.

Decisão - TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) aceitou ontem (26) um recurso do MPE (Ministério Público Estadual) e suspendeu, sob pena de multa de R$ 100 mil, a realização de shows, eventos e rodeios no Parque de Exposições Laucídio Coelho.

A Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) tenta reverter a decisão, porque entre os dias 5 e 7 de fevereiro está prevista a Festa do Laço Comprido. Em março já estão agendados shows de Fernando e Sorocaba (dia 19) e Maria Cecília e Rodolfo (dia 26). Já a Expogrande será entre 14 e 24 de Abril.

O impasse começou em outubro de 2010, quando o promotor Alexandre Lima Raslan ingressou com ação civil pública na Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos para que os eventos fossem suspensos, o que foi indeferido. Por conseguinte, Raslan recorreu ao TJ e a 5ª Turma Cível aceitou o recurso.

O Ministério Público aponta que os eventos não têm a concessão dos licenciamentos ambientais necessários; que o local onde está o Parque de Exposições é zona residencial e deve-se respeitar o limite máximo de ruídos fixados em lei.

Também foi pedido que a justiça determine que a Acrissul elabore um Estudo de Impacto de Vizinhança, que deveria ser aprovado pela secretaria responsável da prefeitura, além de elaborar, instalar e executar projeto acústico para shows, eventos e rodeios.

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