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Capital

Funcionária embolsava dinheiro de aluguel de salas do Hospital de Câncer

A mulher, que atuava no setor financeiro, foi demitida, segundo a direção do hospital

Lucia Morel | 08/09/2021 08:48
Sede do Hospital de Câncer Alfredo Abrão, em Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)
Sede do Hospital de Câncer Alfredo Abrão, em Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)

Denúncia encaminhada ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por conselheiros do Hospital de Câncer Alfredo Abrão indica que funcionária do hospital recebeu valores referentes ao aluguel de salas cirúrgicas no local.

O caso chegou ao conhecimento do conselheiro Carlos Alberto Coimbra em fevereiro deste ano, depois que um amigo médico relatou a estranheza em fazer o pagamento pelo uso das salas, em conta pessoal de funcionária do setor financeiro da unidade hospitalar. Os valores giravam entre R$ 1,5 mil a R$ 2,5 mil.

A direção do HC foi questionada, via ofício, conforme documento protocolado também no Ministério Público, indagando a razão dessa prática. As salas do hospital podem ser emprestadas para uso de procedimentos privados, mas o aluguel deve ser pago à FCPMS (Fundação Carmem Prudente de Mato Grosso do Sul), mantenedora do hospital.

O documento pede que a funcionária seja indagada quanto à razão de receber tais pagamentos e ainda que a direção do hospital apresente ao Conselho Curador a prestação de contas referente ao ano de 2020, o que, conforme os dados anexados à denúncia, não foi feito no tempo oportuno – solicitação interna havia sido feita em dezembro de 2020.

Ao MP, o diretor-presidente do Hospital de Câncer, Amílcar Silva Júnior, explicou que tais balancetes não haviam sido apresentados, porque o pedido teria partido de um único conselheiro – Ronaldo Fernandes Viegas – e não do Conselho Curador, alegando não ser “atribuição estatutária ou regimental de conselheiro realizar vistorias e/ou fiscalizações ou mesmo auditorias informais”.

No mesmo documento de resposta ao MP, o diretor informa que após demissão do neto de Ronaldo do hospital, em novembro do ano passado – realizada após a direção levar ao conhecimento da Diretoria Executiva, que a contratação de parentes estava em desacordo com o estatuto interno – o conselheiro teria começado a ameaçar a atual diretoria, enfatizando que esta estaria “com os dias contados”.

Em outra resposta ao MP, de junho deste ano, Amílcar informou que todos os dados solicitados já haviam sido encaminhados ao Conselho Curador, via grupo de Whatsapp, e ainda, a lista de cirurgias privadas realizadas nas dependências do hospital entre 1º de janeiro de 2020 e 17 de maio deste ano.

Não arquivamento - Com base nesses dados, o promotor da 49ª Promotoria de Justiça, Gevair Ferreira Lima Júnior pediu o arquivamento do caso, que em seu entendimento estaria solucionado com a apresentação dos dados pela direção.

No entanto, os conselheiros Carlos Coimbra, Ronaldo Fernandes e Danny Fabrício Cabral Gomes entraram com pedido contra o arquivamento, alegando que os dados repassados estão incompletos e que não há provas de que foram tomadas medidas judiciais por parte da direção para apurar desvios no uso de salas cirúrgicas. O recurso ainda não foi analisado.

Segundo informações do hospital, a funcionária foi demitida assim que se soube que ela estava recebendo irregularmente pelo aluguel das salas.

Em contato com o conselheiro Carlos Coimbra, ele disse que não iria comentar a denúncia. Em contato com a assessoria de imprensa do hospital, a reportagem recebeu nota informativa ressaltando que "as denúncias apresentadas ao MP através do Conselheiro Carlos Alberto Coimbra não estão em conformidade a verdade dos fatos".

Segundo o diretor-presidente, os conselheiros receberam todos os documentos de prestação de contas e "os documentos da sindicância que afastou a referida funcionária e culminou com a dispensa da mesma por justa causa, cujo processo ainda está em curso".

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