Garras confirma que investigou policiais na morte de Paulo Magalhães
Dois policiais militares foram investigados pela execução do delegado aposentado Paulo Magalhães, ocorrida no dia 25 de junho, em Campo Grande. De acordo com o delegado do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), Alberto Vieira Rossi, foram averiguadas informações de que os autores seriam do setor de inteligência da PM (Polícia Militar) e a pistola seria de um preso.
Segundo Rossi, que participa de audiência na 2ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum da Capital, a denúncia foi investigada e o relatório encaminhado para a Corregedoria da Polícia Militar. Antes, também por denúncia anônima, foi apontado outro autor, informação que foi descartada. “Tem denúncias que são plantadas para tirar o foco da investigação”, afirma Rossi, que é delegado há 23 anos.
Segundo ele, a Polícia não chegou ao mandante do crime porque os presos - o guarda municipal José Moreira Freires, de 40 anos, e o segurança Antônio Benitez Cristaldo, de 37 anos – não colaboraram. O guarda é apontado como o pistoleiro e o segurança teria auxiliado na fuga. Denúncias também relacionam o nome de José Freires como pistoleiro do jogo do bicho.
Renê Siufi, advogado do guarda municipal, questionou ao delegado se ele tinha conhecimento de que Paulo Magalhães denunciou o titular da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), Wantuir Jacini, e por que a informação não estava nos autos.
Rossi respondeu que tinha conhecimento que o delegado aposentado denunciava promotores, juízes estaduais e “coisas que aconteciam no presídio federal”. Siufi também citou que Magalhães denunciou uma pessoa que identificou apenas como Luiz Tadeu. No entanto, o advogado não disse o teor das denúncias.
Na acusação, o promotor Humberto Lapa Ferri questionou ao delegado sobre a violência na morte de Rafael Leonardo dos Santos, de 29 anos, apontado como terceiro envolvido no crime. O corpo dele foi encontrado sem cabeças, braços e pernas próximo ao lixão, na saída para Sidrolândia. A identificação foi feita por exame de DNA.
“Foi intimidativo, ideia de passar um recado”, afirma Rossi. A acusação também conta com um promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), Marcos Roberto Dietz, e assistente contratado pela família do delegado morto. Um representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) acompanha a audiência.
Patrimônio – O delegado Alberto Rossi reforçou que José Moreira Freires morava em uma casa de alto padrão, avaliada em R$ 400 mil. A renda de guarda municipal é de R$ 1 mil. O imóvel fica localizado nas proximidades da avenida Três Barras. O assassinato de Paulo Magalhães teria custado R$ 500 mil.
Com atraso de 45 minutos e pedido de cancelamento, a Justiça realiza nesta quinta-feira a segunda rodada de audiências sobre a execução do delegado aposentado . Hoje, a audiência, que vai ouvir 12 pessoas, começou com o depoimento de uma mulher que dividiu casa por três semanas com Rafael.
A testemunha, que pediu para não ter o nome divulgado, relatou que não tinha relacionamento amoroso com o jovem e que moravam juntos para dividir despesa.
O delegado aposentado e professor universitário Paulo Magalhães Araújo, 57 anos, foi atingido por disparos de pistola 9 milímetros, de uso restrito do Exército. Ele estava em frente à escola da filha, na rua Alagoas, quando foi executado.