Greve da enfermagem atinge vacinação e compromete viagem de idosos ao Paraguai
Categoria decidiu "cruzar os braços" nesta segunda-feira após falta de acordo com a prefeitura
Além dos atendimentos nas unidades básicas de saúde e da família, a greve dos trabalhadores da enfermagem de Campo Grande, deflagrada nesta segunda-feira (27), afetou também a aplicação de vacinas, tanto da covid-19 quanto dos imunizantes necessários para atualização da caderneta para viagens internacionais.
Milca Pereira da Silva da Mata, 65 anos, e o esposo Nelson da Mata, 80 anos, estão com uma viagem para o Paraguai agendada para a próxima quinta-feira (2). Na tarde de hoje, o casal de idosos procurou a unidade básica do Bairro Dom Antônio para tomar a vacina contra a febre amarela, mas deram com a “cara na porta”.
"Viemos tomar a vacina da febre amarela, mas chegamos e falaram que estão em greve e que não tem ninguém pra atender. Quero viajar quinta-feira e a vacina é necessária, senão não entra no País. Agora não sei, não deram orientação que dia vai retornar”, lamentou Milca. "Esperamos que isso seja resolvido o mais rápido possível", reforçou Nelson.
Cabe ressaltar que desde 2019, o Paraguai, país que faz fronteira com Mato Grosso do Sul, passou a exigir que brasileiros tomem a vacina contra a febre amarela antes de entrar no país. Com isso, qualquer passageiro com mais de 1 ano de idade que for viajar ao local terá de portar o CIVP (Certificado Internacional de Vacinação).
O movimento grevista da categoria prejudicou também o agendamento de consultas para o acompanhamento de recém-nascidos. “Viemos marcar consulta, mas não conseguimos. Era consulta de rotina do meu filho que nasceu tem 15 dias, precisamos manter a rotina de acompanhamento dele. A gente achou que estavam marcando pelo menos a consulta”, explicou João Rafael Fernandes, 27 anos.
O Sinte-PMCG (Sindicato dos Trabalhadores na Enfermagem) informou que a greve será por tempo indeterminado. De acordo com Ângelo Macedo, presidente da entidade, a adesão é de 100%. No entanto, será respeitado o índice de 30% nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e nos Centros Regionais de Saúde.
A classe decidiu entrar em greve após decisão unânime em assembleia, que ocorreu na noite de quinta-feira (23), na sede do Sinte. A decisão de paralisar as atividades é considerada uma resposta para as tentativas de negociação entre a prefeitura e a classe.
Os técnicos e enfermeiros reivindicam o Plano de Cargos e Carreiras e o pagamento de insalubridade. Eles também exigem o pagamento do piso nacional da categoria, que está suspenso por determinação do Supremo Tribunal Federal.
Entre esses procedimentos que devem ser afetados estão: vacinação, aferição de sinais vitais para consultas eletivas, consultas de enfermagem, realização de curativos, trocas de sondas e outros procedimentos, coletas de preventivos, visitas domiciliares, trocas de receitas, coleta de materiais para exames, supervisão de agentes comunitários, notificações de doenças, dentre outros.
Em nota, a prefeitura informou que mantém o diálogo aberto com a categoria em busca de soluções para evitar que a assistência prestada à população seja prejudicada. De acordo com o Executivo, nos últimos cinco anos foram concedidas diversas melhorias para a categoria, como a incorporação do abono salarial no valor de R$ 752,00 reais no salário base, aumento de mais de 36% no salário base, criação do abono salarial de R$ 302,00 reais no salário dos técnicos e auxiliares de enfermagem, entre outros benefícios.