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Capital

Gripe e dengue lotam unidades de saúde públicas e privadas na Capital

A maioria dos pacientes apresentam sintomas como diarreia, dor no corpo e febre

Liana Feitosa e Cleber Gellio | 25/05/2022 11:56
Movimento intenso de pessoas em busca de atendimento médico na UPA Coronel Antonino. (Foto: Marcos Maluf)
Movimento intenso de pessoas em busca de atendimento médico na UPA Coronel Antonino. (Foto: Marcos Maluf)

Busca por atendimento médico tem lotado unidades de saúde em Campo Grande. Nesta quarta-feira (25), o Campo Grande News percorreu hospitais e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) para conferir como anda a espera dos pacientes; a maioria apresenta sintomas de gripe e dengue.

A secretária executiva Ana Amélia Rodrigues de Matos, de 30 anos, começou a se sentir mal na segunda-feira (23). Teve vômito, diarreia, dor de cabeça, dor no corpo e assim que a febre se intensificou, foi para a UPA Tiradentes. Ela aguardou cerca de 1h30 para ser atendida. A unidade está bem cheia e algumas pessoas aguardam atendimento em pé. A principal demanda está concentrada no atendimento adulto.

O mesmo ocorre na UPA Coronel Antonino. Lá, as queixas partem principalmente dos adultos, pois o atendimento pediátrico, mesmo cheio, está ocorrendo com rapidez. O ajudante de motorista Douglas Colette, de 33 anos, está com sintomas de gripe.

Ele mora no Bairro Estrela do Sul e chegou na unidade às 7h com o filho, Lorenzo dos Reis de Oliveira Colette, de 7 anos, que está com sintomas de dengue: diarreia e dores no abdômen. "Meu filho foi atendido 1 hora depois que chegamos, mas teve que ficar comigo aguardando. Eu já estou há quase 3 horas esperando ser atendido”, relata o pai.

De acordo com ele, enquanto a pediatria chama 3 ou 4 pessoas, o clínico geral chama apenas 1 adulto. “Mas, para passar a impressão de atendimento rápido, chamam várias pessoas em bloco. Na minha vez, entraram umas 12 pessoas para área dos consultórios, mas que acabam aguardando lá”, detalha Colette.

UPA Tiradentes na manhã desta quarta-feira. (Foto: Marcos Maluf)
UPA Tiradentes na manhã desta quarta-feira. (Foto: Marcos Maluf)

A bombeira civil Ana Paula, de 35 anos, saiu do Bairro Nova Lima logo cedo e chegou às 7h30 na UPA Coronel Antonino com sintomas de dengue. Ela também afirma que a área pediátrica está cheia, mas com atendimento rápido. Já para o restante dos pacientes, ela diz que a informaram haver apenas dois médicos.

"Não fui trabalhar, porque não estou bem, mas vou ter que ir embora, porque tenho que pegar meus dois filhos na escola, eles saem às 11h e aqui não tem previsão de chamar", contou.

O Campo Grande News entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para obter um retorno sobre a demora no atendimento adulto nas unidades de saúde, mas até o momento de publicação desta matéria, não teve resposta.

Em nota, a SES (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul) informou que bebê de 1 ano de idade que estava internado em Campo Grande morreu devido à atuação de um vírus respiratório (metapneumovírus). O caso chegou a ser investigado como suspeito de hepatite aguda de etiologia desconhecida, mas posteriormente descartado pelo Estado. MS não registra nenhum óbito por esse tipo de hepatite até o momento.

Setor privado - No Hospital da Cassems, Genilson Cabral de Souza, de 54 anos, e a esposa, Rosilei Pereira, de 48 anos, levaram a neta Ana Luiza dos Santos Gimenez Espinosa, de 7 anos, para atendimento.

Ela mora com eles e, durante a madrugada, teve 38,8° de febre. Genilson afirmou que, pelo conhecimento sobre como agir nesses casos, para não sair de casa na madrugada em um primeiro momento, fez compressa na neta e a febre dela baixou.

Genilson e a neta após atendimento na Cassems. (Foto: Marcos Maluf)
Genilson e a neta após atendimento na Cassems. (Foto: Marcos Maluf)

Ele, que é policial aposentado, e a esposa esperaram amanhecer e só então foram para a Cassems. Eles esperaram menos de 2h até que a neta fosse atendida. O avô acredita que o fato dela não ter precisado passar por exames permitiu que a liberação após o atendimento fosse mais rápida. “Se tivesse que fazer exame, provavelmente, o tempo de atendimento passaria de 2 horas”, considera.

De acordo com ele, o local está bastante cheio. “Tem bastante criança. Tanto no atendimento público quanto privado, a gente sabe que está tudo lotado, percebemos que estamos passando por um surto de gripe”, analisa o avô.

“Ainda temos o privilégio de, aqui, a gente ter conforto. Eu procuro ver em outros lugares, observar como está a situação no atendimento público e sabemos que tem gente que passa 4h, 5h na fila aguardando atendimento, e sem esse conforto”, considera Genilson.

Cuidados - Para o aposentado, o momento exige consciência. “A gente tem que ter a consciência de que estamos passando por um momento de surto, aumento de sintomas e que a covid ainda não passou. Estamos numa estabilidade, mas não passou. Então a gente tem que ter essa consciência porque, assim como a covid, a gripe também mata”, afirma.

“Quando vamos no supermercado ou ao passar por terminais de ônibus, enfim, locais com aglomerações, a gente nota que tem muita gente sem máscara e, infelizmente, muita gente nem se vacinou. Mas depois da vacina, houve um relaxamento, talvez, por isso, esteja acontecendo tantos casos”, conclui.

Já o atendimento no Hospital Unimed segue fluindo bem, sem registros de lotação, diferente da realidade registrada por pacientes na segunda-feira (23), que relataram mais de três horas de espera no pronto-socorro.

Mulher deita no banco de unidade de saúde aguardando atendimento. (Foto: Marcos Maluf)
Mulher deita no banco de unidade de saúde aguardando atendimento. (Foto: Marcos Maluf)


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