"Grito dos Excluídos" reuniu mil manifestantes e terminou em culto ecumênico
Manifestantes rezaram Pai Nosso pelas vítimas da covid-19, pediram por alimento, saúde e direitos iguais
Após passeata pela região central que reuniu cerca de mil pessoas, e que teve até mudança de rota para evitar represálias de bolsonaristas, o “Grito do excluídos” terminou com culto ecumênico na Praça Ary Coelho, no começo da noite desta terça-feira (07), feriado da Independência. Com velas, frutas e verduras sobre as bandeiras do Brasil e do MST (Movimento Sem-Terra), os manifestantes rezaram Pai Nosso pelas vítimas da covid-19, pediram por alimento, saúde e direitos iguais para todos os brasileiros.
De acordo com uma das manifestantes, Maria do Socorro de Matos, de 65 anos, estas são algumas das principais demandas da população, que foram prejudicadas pela gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“O governo Bolsonaro está destruindo tudo o que foi conquistado no país, privatizando, promovendo genocídio, atuando contra a democracia. O ato simboliza todo o retrocesso da luta por comida na mesa, e a importância do MST para fomentar a agricultura familiar”, disse Maria, que é presidente da Unegro (União de Negros e Negras pela Igualdade).
Dirigente estadual do MST na Capital, a professora Marisa Ricardo Nunes lembra que campo e cidade não podem ser vistos como opostos. “Nossa manifestação simboliza a unidade da cidade e do campo, é um momento místico do povo que luta por direito e igualdade. Não é só pela terra é contra todo o retrocesso de direitos dos trabalhadores”, comenta.
Para a professora aposentada Olinda Conceição Silva, de 55 anos, o ato reuniu o que há de mais simbólico para o brasileiro. Além dos alimentos, um exemplar da constituição, estetoscópio médico e até um amontoado de areia foram colocados no centro do culto.
“Os alimentos sobre as bandeiras e as velas também representam a luta por moradia, terra, saúde, todos os direitos sociais e a luta pelas nossas florestas, além de simbolizarem os alimentos que precisamos na nossa mesa”, comenta.
Ao colocar um chapéu de formando sobre as bandeiras, um dos manifestantes dos direitos humanos, de 50 anos, que pediu para não ser identificado, pediu por mais emprego para os brasileiros.
“Não há perspectiva de trabalho digno, falta emprego, investimento, pesquisa, educação e, principalmente, saúde. A pandemia mostrou que somos muitos frágeis”, completa.
O missionário redentorista, padre Agenor Martins da Silva, reforça o papel da religião na busca por melhores condições de vida da população. “Pedimos a benção de Deus hoje, porque somos todos imagem e semelhança dele”, completa.
Excluídos – O ato contra o presidente teve participação bem menos expressiva que a manifestação a favor do presidente Jair Bolsonaro, que reuniu cerca de 40 mil pessoas e congestionou a Avenida Afonso Pena, com bicicletas, carros, caminhões e até cavalos. O ato de oposição ao governo teve apenas manifestantes a pé.