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Capital

Grupo de vizinhos faz a "segurança" de vítimas de roubo no Nova Lima

Ricardo Campos Jr. e Paula Maciulevicius | 02/04/2011 13:00

'Guarda costas' pedem até a identificação de quem entra na casa

 Grupo de vizinhos faz a "segurança" de vítimas de roubo no Nova Lima
Proprietário do supermercado terminou machucado após assalto ao comércio (Foto: João Garrigó)

O roubo que terminou com a morte do assaltante André Luiz do Espírito Santo, 17 anos, no mercado Grando na avenida Marquês de Herval, bairro nova Lima, comoveu e chamou a atenção da comunidade local e um grupo de 4 rapazes, moradores da região, resolveu cuidar da segurança das vítimas.

Pela manhã, o Campo Grande News foi ao local onde ocorreu o crime. Na frente do estabelecimento, os “guarda-costas” pediram a identificação e ligaram para o celular de Sara Cristina Weber da Silva, 27 anos, vítima da violência, e solicitaram permissão para deixar a equipe entrar na residência para conversar com ela.

O mesmo rapaz que fez o contato permaneceu o tempo todo ao lado da vítima durante a entrevista enquanto os colegas continuavam do lado de fora. O rapaz negou que faz parte de gangue ou grupo no bairro e não quis informar o nome. “Não vou dar (o nome) não porque eu tenho uns BOs aí”, disse.

Foi criado praticamente um sistema de identificação das pessoas que chegam até a residência. Todas as vezes que alguém batia no portão, o “segurança” que estava dentro da casa ligava para outro que estava do lado de fora e pedia a descrição da visita, tudo porque a família ficou traumatizada com a violência sofrida.

Trauma - Sara e o marido Orlando Grando, 47 anos, lutaram contra os bandidos e têm as marcas da briga. Lucas Weber da Silva, 17 anos, irmão de Sara foi baleado e liberado pela manhã do hospital.

A mulher conta que reagiu apenas diante do medo de ter as filhas feridas pelos bandidos, que segundo ela ameaçaram levar “as duas coisas boas que vocês têm”, relatou.

“Preferia que acontecesse alguma coisa comigo que com as minhas filhas”, disse a mãe que não pensou duas vezes quando pulou em cima de André enquanto o marido investiu contra o comparsa que estava desarmado.

Orlando diz que a resistência foi inevitável. “Vem a vontade de reagir e você não suporta. É uma humilhação muito grande”, disse o comerciante.

O casal tem duas filhas, uma de 3 e outra de 6 anos. A maior permaneceu dormindo durante toda a ação, que segundo as vítimas durou cerca de 45 minutos. A outra ficou escondida no banheiro a pedido da mãe, que disse “Fica escondida até o homem mau ir embora”.

 Grupo de vizinhos faz a "segurança" de vítimas de roubo no Nova Lima
Orlando se emociona ao relatar assalto ao supemercado (Foto: João Garrigó)

Crime - Orlando calcula que os bandidos tenham entrado no momento em que ele abriu o portão para guardar a caminhonete S-10 na casa, que fica ao lado do mercado. Sara estava dentro do estabelecimento, já fechado, usando o computador para navegar na internet.

Os bandidos estavam escondidos dentro de um dos banheiros. Orlando disse que sentou-se na varanda para tomar cerveja e em determinado momento entrou em casa para ver como estavam as filhas. Quando voltou já se deparou com o cunhado rendido e com a arma de André apontada para ele.

Os dois foram amarrados com cadarços, de acordo com relatos das vítimas. Os bandidos pegaram R$ 1200 em dinheiro e foram até a loja buscar Sara que pediu para não ser amarrada, dizendo aos bandidos que, caso as filhas começassem a chorar, tinha de acalmá-las.

Entretanto, segundo ela, já pensava em uma forma de surpreender o bandido. “Eu estava fria e calculista”, relata a vítima.

Orlando e o cunhado conseguiram soltar-se, mas permaneceram da mesma forma em que foram deixados para não chamar atenção dos bandidos. Somente quando a mulher investiu contra André foi que eles decidiram ajudar a mulher.

O adolescente foi em socorro da irmã, que brigava com o bandido armado. Os três acabaram, no meio da confusão, indo parar dentro do mercado pelo acesso que dá na residência. O adolescente foi baleado e Sara disse não se lembrar do momento em que a arma disparou matando o assaltante com um tiro na cabeça.

Enquanto isso, Orlando tentava imobilizar o comparsa, que estava em cima da vítima. Com uma das mãos ele tentava sufocar o bandido enquanto com a outra tentava se desvencilhar dos golpes.

Sara saiu correndo pela rua pedindo socorro e um grupo de moradores ajudou a conter o garoto, alguns chegaram a pegar pedaços de pau para entrar na casa, mas ela diz que o garoto não foi agredido.

A família diz que o mercado deve permanecer fechado por alguns dias. Eles ficarão uma temporada na casa de parentes por causa do medo vivenciado dentro da própria residência.

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