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Capital

Inacabadas e prestes a destelhar, casas são risco para moradores

Laudos técnicos revelaram falhas na estrutura do telhado das casas

Kleber Clajus | 08/07/2018 08:59
Casas levantadas por moradores no Bom Retiro (Fernando Antunes)
Casas levantadas por moradores no Bom Retiro (Fernando Antunes)

Ex-moradores da favela Cidade de Deus correm o risco do telhado cair ou "sair voando" nos bairros Bom Retiro, José Teruel e Jardim Canguru, em Campo Grande. Laudos técnicos, no fim do ano passado, atestaram falhas no madeiramento e nas telhas utilizadas nos poucos imóveis cobertos. Emha (Agência Municipal de Habitação) já executa, no primeiro deles, mutirão para construir o que ainda não tinha nem parede e depois corrigirá erros estruturais.

No Bom Retiro, conforme documento emitido pela Etelo Engenharia de Estruturas Ltda, "não existe ancoragem das terças [que são vigas de madeira que sustentam caibros do telhado] nas alvernarias". Situação similar resultou na recomendação de se refazer o serviço no José Teruel, além da troca de telhas de fibrocimento por romanas no Jardim Canguru.

Os três loteamentos juntos somam 285 imóveis, sendo 34 deles geminados. Outro trecho do laudo, sobre o José Teruel, ressaltou que "os telhados executados deverão ser refeitos, pois não apresentam garantia mínima de segurança na ocorrência de ventos mais significativos".

Para além do risco do telhado voar, no Canguru dois lotes também podem ser levados pela água na Rua Irapuã. Eles estão localizados na parte mais baixa do conjunto, onde converge parte da água pluvial, havendo recomendação de aterro para garantir segurança as casas.

Prioridade na Emha será concluir imóveis inacabados para depois corrigir falhas estruturais (Foto: Marina Pacheco)
Prioridade na Emha será concluir imóveis inacabados para depois corrigir falhas estruturais (Foto: Marina Pacheco)

Sobre tais situações o diretor-presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação), Eneas José de Carvalho, explicou que a prioridade nesse momento tem sido a formação de mão de obra para erguer imóveis ainda sem fundação e, depois, corrigir as falhas existentes.

"Laudo que foi emitido dava segurança para os moradores e equipe técnica da Emha que ia assinar a responsabilidade técnica da obra, porque ficavam inseguros de assumir e com o laudo em mãos conseguem, durante a obra, corrigir esses problemas", destacou Eneas.

Tais bairros, conforme cronograma da Emha, precedem os reparos em casas no Vespasiano Martins, outro local para onde foram enviadas famílias da favela Cidade de Deus. Casas lá afundam por conta de lençol freático, assim como instalações elétricas e hidráulicas ofertam risco aos moradores. Isso, inclusive, poderá resultar em sua remoção para outro terreno.

Reassentamento - Em março de 2016, quando a favela foi dissolvida, houve transferência das famílias para áreas no Bom Retiro, José Teruel, Jardim Canguru e Vespasiano Martins.

A medida foi adotada pelo prefeito Alcides Bernal (PP), que contratou a ONG Morhar para construir os imóveis em regime de mutirão e, assim, os moradores trocarem seus barracos por casas de alvenaria. Foram repassados R$ 2,7 milhões de R$ 3,6 milhões à entidade que acabou deixando o canteiro de obras com diversas estruturas inacabadas e condenadas.

Foi anunciado pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD) interesse em demandar judicialmente a ONG Morhar, contudo seus representantes ao menos são localizados por oficiais de Justiça.

Convênio entre o governo do Estado e a prefeitura, por sua vez, possibilitou a retomada das obras em março depois de repasse de R$ 4,9 milhões. O primeiro ponto de intervenção, no Bom Retiro, tem previsão de entrega de pelo menos 40 casas nos próximos quatro meses.

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