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Capital

Interrogados por grupo de delegados, Jamil Name e filho recorrem ao silêncio

Equipe de cinco delegados integrantes de força-tarefa tentou ouvir empresário nesta quarta-feira, por videoconferência

Marta Ferreira | 27/11/2019 20:37
Presídio federal de segurança máxima em Campo Grande, onde delegados foram hoje para ouvir indiciados pela execução por engano de Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, ocorrida em 9 de abril deste ano. (Foto: Arquivo)
Presídio federal de segurança máxima em Campo Grande, onde delegados foram hoje para ouvir indiciados pela execução por engano de Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, ocorrida em 9 de abril deste ano. (Foto: Arquivo)

Em silêncio. Assim ficaram os empresários Jamil Name, 80 anos e Jamil Name Filho, 42 anos, ao serem ouvidos por força-tarefa da Polícia Civil nesta quarta-feira (27), no inquérito no qual foram indiciados como mandantes da execução por engano do estudante de Direito Matheus Costa Xavier, de 20 anos, em 9 de abril deste ano.

O  alvo era o pai do jovem, o capitão da Polícia Militar Paulo Roberto Teixeira Xavier, como apontou a Operação Omertà, deflagrada há dois meses, em 27 de setembro, contra milícia armada atuante há pelo menos uma década. O inquérito da morte de Matheus, o primeiro a responsabilizar a organização por assassinato, está perto do fim, como apurou o Campo Grande News. O prazo para conclusão, agora, é de 10 dias.

O interrogatório dos envolvidos pouco acrescentou ao que já se conhece, em razão da negativa dos acusados de se manifestar. O procedimento foi feito por videoconferência entre o presídio federal de Campo Grande e o de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde Name pai e Name Filho estão cumprindo a prisão preventiva. Os dois são considerados os chefes da organização criminosa.

Não falar também foi a escolha do policial civil aposentado Vladenilson Olmedo, 63 anos, outro alvo do inquérito levado para a penitenciária de Mossoró, tido como integrante do núcleo de gerencia da milícia armada. O advogado dele, Alexandre Padilhas, confirmou essa escolha e disse que assumiu o caso ontem. Padilhas acompanhou o depoimento de Campo Grande. 

A reportagem conversou com o advogado de Jamil Name, Renê Siufi. Ele disse que a opção adotada de o cliente ficar em silêncio diante do interrogatório desta tarde é um direito legal que lhe assiste. Em relação à nova prisão decretada, informou estar avaliando os fundamentos para decidir que encaminhamento dará. O criminalista pode pedir, primeiro, a liberdade provisória ao magistrado de primeira instância. Se for negada, cabe entrar com pedido de habeas corpus nos tribunais superiores.

Um quarto personagem da investigação que deixou para falar em juízo, direito garantido legalmente, foi o ex-guarda civil Marcelo Rios, 42 anos, preso na unidade penal federal de Campo Grande desde junho. Rios foi o primeiro a ser preso da milícia, como responsável do paiol do grupo criminoso, uma casa do empresário Jamil Name no Bairro Monte Líbano.

Ordem de prisão - Todos, além de indiciados, tiveram prisão preventiva decretada pelo crime em decisão desta terça-feira (26) do juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri em Campo Grande. A ordem foi cumprida hoje. 

Também com prisão determinada por participação na execução, o técnico em informática Eurico dos Santos Mota, 28 anos, já havia sido ouvido na sexta-feira passada no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros). Ele foi o “hacker” contratado pela milícia a para localizar o alvo, o capitão Paulo Xavier, em tempo real, como admitiu depois de ser capturado em Joinvile, Santa Catarina, na semana passada.

Jamil Name e Jamil Name Filho, apontados como chefes de milícia e mandantes de execução, não quiseram se manifestar em depoimento a força-tarefa nesta quarta-feira (Foto: Reprodução internet)
Jamil Name e Jamil Name Filho, apontados como chefes de milícia e mandantes de execução, não quiseram se manifestar em depoimento a força-tarefa nesta quarta-feira (Foto: Reprodução internet)

Os outros dois envolvidos no crime de pistolagem, os ex-guardas civis municipais José Moreira Freires, 46 anos, Juanil Miranda Lima, 42, acusados de terem executado Matheus Xavier no dia 9 de abril deste ano, seguem foragidos. Sumiram depois do dia 23 de abril, quando o Batalhão de Choque localizou Eurico Mota em uma casa nas Moreninhas.

Prazo – A força-tarefa, formada por cinco delegados de Polícia Civil, tinha pressa em ouvir os acusados depois da ordem de prisão. É que, conforme determina o Código de Processo Penal, em caso de réus presos, a investigação tem prazo de 10 dias para ser concluída.

Essa é o trabalho investigatório mais avançado da força-tarefa criada há um ano para apurar quatro execuções ocorridas em Campo Grande entre junho do ano passado e abril deste ano.

A partir dela, foi realizada a Omertá, que acusou 23 pessoas, entre elas 15 agentes de segurança pública, entre guardas civis, policiais civis e um policial federal, além de funcionários da família Name, de formar grupo de extermínio de desafetos do grupo.

Aos sete indiciados são atribuídos os crimes de homicídio qualificado, receptação dolosa, porte ilegal de arma e ainda ocultação de arma. Três promotores do MPMS (Ministério Público Estadual) atuantes junto ao Tribunal do Júri, onde são julgados crimes contra a vida, manifestaram-se favoráveis aos pedidos de prisão da força-tarefa da Polícia Civil. 

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