ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  05    CAMPO GRANDE 27º

Capital

Juiz manda investigar denúncia sobre truculência do Choque na frente de crianças

Casal diz que foi torturado na frente dos filhos de de 2, 6, 9 e 10 anos

Clayton Neves | 28/06/2021 19:32
Roupas jogadas no chão depois de revista feita por policiais. (Foto: Direto das Ruas)
Roupas jogadas no chão depois de revista feita por policiais. (Foto: Direto das Ruas)

O juiz Fernando Chemin Cury determinou que o Gacep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial) investigue se houve excesso em abordagem do Batalhão de Choque da Polícia Militar na última sexta-feira (25) em uma casa no Bairro Jardim Aeroporto. Ao Campo Grande News, uma vendedora de 28 anos contou que ela e o marido foram torturados na frente dos filhos pelos agentes de segurança, que procuravam drogas.

Os PMs alegam que o homem, de 38 anos, resistiu à abordagem depois de ser flagrado com papelotes de maconha e cocaína.

Marcas no rosto e pescoço do homem que afirma ter apanhado dos militares. (Foto: Direto das Ruas)
Marcas no rosto e pescoço do homem que afirma ter apanhado dos militares. (Foto: Direto das Ruas)

Na versão da polícia, durante rondas pelo bairro a equipe deparou com dois homens em atitudes suspeitas, aparentando vender drogas. Ao notar a presença da viatura, um deles teria corrido em direção a uma casa, enquanto outro acabou sendo pego pelos militares. Aos policiais, conforme consta no auto de prisão, o rapaz confessou que ele e o amigo vendiam maconha e cocaína, sendo que o último era o “patrão” e fornecedor da carga.

Com a informação, os PMs foram até a casa para onde o homem havia corrido e aí, começaram as divergências entre as histórias apresentadas.

De acordo com a mulher do suspeito, a equipe “invadiu” o imóvel onde estavam os filhos do casal, crianças de 2, 6, 9 e 10 anos. “Chegaram já apontando a arma e perguntando onde estava a droga”, afirma.

Ela gravou vídeo com as crianças falando a respeito. Disse não ter feito comunicação oficial dos fatos antes pois recebeu a orientação de advogado para aguardar a audiência de custódia, nesta segunda-feira (28).



A vendedora relata que a abordagem ganhou tom agressivo quando o marido se identificou e confirmou que cumpria pena no regime aberto. Em pesquisa no sistema do Judiciário é possível notar que o homem, de 38 anos, tem antecedentes criminais desde  2005, quatro deles por tráfico de drogas, três por violência doméstica e um por ameaça, resistência e porte de arma de fogo. Os crimes foram cometidos em Campo Grande, Sidrolândia e Dourados.

Quarto das crianças, filhos do casal, ficou revirado após abordagem. (Foto: Direto das Ruas)
Quarto das crianças, filhos do casal, ficou revirado após abordagem. (Foto: Direto das Ruas)

Começaram a bater muito nele e meu filho ficou apavorado e foi abraçá-lo. Empurraram meu filho de 10 anos e jogaram ele no chão”, pontua a mulher.

No relato, a mãe conta que mandou os filhos correrem para fora da casa e também foi na direção do portão, no entanto, pontua que foi impedida por um dos policiais que a puxou de volta pelos cabelos. “Perguntei se eles tinham mandado de busca para fazer aqui e começaram a me bater também enquanto torturavam o meu marido. Afogaram ele no tanque enquanto mandavam ele entregar armas e drogas”, lembra.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Em imagens é possível ver roupas, calçados e utensílios de casa espalhados por todo o imóvel. Nas fotos, também pode-se notar ferimentos pelo corpo do suspeito. Para a polícia, as marcas foram feitas durante resistência do homem que teria “partido para cima” dos militares.

“Foi terrível. Meus filhos choravam e eles mandavam eu fazer eles calarem a boca”, afirma a testemunha .

A polícia afirma que encontrou seis papelotes de maconha e doze de cocaína na residência, declaração contestada pela família. “Eles disseram que encontraram um papelote de maconha e outro de cocaína com meu marido, mas foi o próprio policial que tirou do bolso e colocou lá”, diz.

No auto de prisão comunicado à Justiça, foi informada a apreensão de droga e dinheiro com o homem que disse trabalhar na venda de drogas para o homem de 38 anos.

Ele foi preso, e o outro solto, por não ter sido identificada a necessidade de manutenção da prisão pelo juiz.

Como  houve relato de violência policial, o magistrado enviou a determinação de investigação ao Gacep, braço do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) responsável por fiscalizar o trabalho policial.

O que diz a PM - Em resposta, o comandante do Batalhão de Choque, major Rigoberto Rocha, disse que o caso ainda não chegou ao conhecimento da PM, mas orientou que os envolvidos denunciem caso tenham identificado algum excesso da equipe. “Tudo que chega até nós passa por apuração interna e se ficar comprovado que a guarnição agiu fora do padrão, os policiais sã responsabilizados”, explica.

Arroz que família guardava foi jogado no chão enquanto agentes procuravam drogas. (Foto: Direto das Ruas)
Arroz que família guardava foi jogado no chão enquanto agentes procuravam drogas. (Foto: Direto das Ruas)

Em resposta, o comandante do Batalhão de Choque, major Rigoberto Rocha, disse que o caso ainda não chegou ao conhecimento da PM, mas orientou que os envolvidos denunciem caso tenham identificado algum excesso da equipe.

“Tudo que chega até nós passa por apuração interna e se ficar comprovado que a guarnição agiu fora do padrão, os policiais sã responsabilizados”, explica.


Nos siga no Google Notícias