Juiz manda investigar denúncia sobre truculência do Choque na frente de crianças
Casal diz que foi torturado na frente dos filhos de de 2, 6, 9 e 10 anos
O juiz Fernando Chemin Cury determinou que o Gacep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial) investigue se houve excesso em abordagem do Batalhão de Choque da Polícia Militar na última sexta-feira (25) em uma casa no Bairro Jardim Aeroporto. Ao Campo Grande News, uma vendedora de 28 anos contou que ela e o marido foram torturados na frente dos filhos pelos agentes de segurança, que procuravam drogas.
Os PMs alegam que o homem, de 38 anos, resistiu à abordagem depois de ser flagrado com papelotes de maconha e cocaína.
Na versão da polícia, durante rondas pelo bairro a equipe deparou com dois homens em atitudes suspeitas, aparentando vender drogas. Ao notar a presença da viatura, um deles teria corrido em direção a uma casa, enquanto outro acabou sendo pego pelos militares. Aos policiais, conforme consta no auto de prisão, o rapaz confessou que ele e o amigo vendiam maconha e cocaína, sendo que o último era o “patrão” e fornecedor da carga.
Com a informação, os PMs foram até a casa para onde o homem havia corrido e aí, começaram as divergências entre as histórias apresentadas.
De acordo com a mulher do suspeito, a equipe “invadiu” o imóvel onde estavam os filhos do casal, crianças de 2, 6, 9 e 10 anos. “Chegaram já apontando a arma e perguntando onde estava a droga”, afirma.
Ela gravou vídeo com as crianças falando a respeito. Disse não ter feito comunicação oficial dos fatos antes pois recebeu a orientação de advogado para aguardar a audiência de custódia, nesta segunda-feira (28).
A vendedora relata que a abordagem ganhou tom agressivo quando o marido se identificou e confirmou que cumpria pena no regime aberto. Em pesquisa no sistema do Judiciário é possível notar que o homem, de 38 anos, tem antecedentes criminais desde 2005, quatro deles por tráfico de drogas, três por violência doméstica e um por ameaça, resistência e porte de arma de fogo. Os crimes foram cometidos em Campo Grande, Sidrolândia e Dourados.
Começaram a bater muito nele e meu filho ficou apavorado e foi abraçá-lo. Empurraram meu filho de 10 anos e jogaram ele no chão”, pontua a mulher.
No relato, a mãe conta que mandou os filhos correrem para fora da casa e também foi na direção do portão, no entanto, pontua que foi impedida por um dos policiais que a puxou de volta pelos cabelos. “Perguntei se eles tinham mandado de busca para fazer aqui e começaram a me bater também enquanto torturavam o meu marido. Afogaram ele no tanque enquanto mandavam ele entregar armas e drogas”, lembra.
Em imagens é possível ver roupas, calçados e utensílios de casa espalhados por todo o imóvel. Nas fotos, também pode-se notar ferimentos pelo corpo do suspeito. Para a polícia, as marcas foram feitas durante resistência do homem que teria “partido para cima” dos militares.
“Foi terrível. Meus filhos choravam e eles mandavam eu fazer eles calarem a boca”, afirma a testemunha .
A polícia afirma que encontrou seis papelotes de maconha e doze de cocaína na residência, declaração contestada pela família. “Eles disseram que encontraram um papelote de maconha e outro de cocaína com meu marido, mas foi o próprio policial que tirou do bolso e colocou lá”, diz.
No auto de prisão comunicado à Justiça, foi informada a apreensão de droga e dinheiro com o homem que disse trabalhar na venda de drogas para o homem de 38 anos.
Ele foi preso, e o outro solto, por não ter sido identificada a necessidade de manutenção da prisão pelo juiz.
Como houve relato de violência policial, o magistrado enviou a determinação de investigação ao Gacep, braço do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) responsável por fiscalizar o trabalho policial.
O que diz a PM - Em resposta, o comandante do Batalhão de Choque, major Rigoberto Rocha, disse que o caso ainda não chegou ao conhecimento da PM, mas orientou que os envolvidos denunciem caso tenham identificado algum excesso da equipe. “Tudo que chega até nós passa por apuração interna e se ficar comprovado que a guarnição agiu fora do padrão, os policiais sã responsabilizados”, explica.
Em resposta, o comandante do Batalhão de Choque, major Rigoberto Rocha, disse que o caso ainda não chegou ao conhecimento da PM, mas orientou que os envolvidos denunciem caso tenham identificado algum excesso da equipe.
“Tudo que chega até nós passa por apuração interna e se ficar comprovado que a guarnição agiu fora do padrão, os policiais sã responsabilizados”, explica.