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Capital

Juiz nega pedido para médico de confiança de Name entrar em presídio

Corregedor do Centro de Triagem, Mário Esbalqueiro pediu justificativa para que só esse profissional possa atender o empresário

Marta Ferreira | 01/10/2019 19:31
O cirurgião cardiovascular João Jazbik Neto, na entrada do condomínio onde mora Jamil Name, no dia da Operação Omertà. (Foto: Henrique Kawaminami)
O cirurgião cardiovascular João Jazbik Neto, na entrada do condomínio onde mora Jamil Name, no dia da Operação Omertà. (Foto: Henrique Kawaminami)

Foi negativa a resposta do juiz Mário José Esbalqueiro Junior a pedido da defesa do empresário Jamil Name, 80 anos, para que o médico de confiança dele, João Jazbik Neto, fosse autorizado a entrar na cela 17 do Centro de Triagem, no complexo penal da saída para Três Lagoas, em Campo Grande, onde estão os presos na Operação Omertà. A solicitação, conforme apurou a reportagem, foi apresentada administrativamente à direção da penitenciária, sob a alegação de que o empresário, suspeito de chefiar organização criminosa especializada e execuções, tem problemas cardíacos.

A direção, então, consultou o magistrado nesta terça-feira (1º) à tarde. Esbalqueiro, responsável pelo cumprimento das medidas restritivas de liberdade de quem está no Centro de Triagem, não autorizou a entrada e pediu para a defesa explicar porque só esse profissional pode atender Jamil Name. Conforme levantado, o magistrado questionou porque um cirurgião cardiovascular e não um cardiologista, por exemplo.

Foi citado, ainda, o fato de João Jazbik ser uma das pessoas citadas na Operação Omertà. Cheques e promissórias em nome de João J Neto, que, conforme as apurações, seria o cirurgião vascular de confiança de Jamil Name. Outra preocupação identificada pela reportagem, é de tratamento isonômico entre os presos. Normalmente, se algum deles passa mal, é levado para unidades de saúde, em geral Centro Regional de Saúde do Tiradentes, o mais próximo dali.

A reportagem tentou falar com a defesa de Jamil Name sobre a solicitação, mas o defensor, Renê Siufi, não atendeu as ligações. Também foi tentado o contado com Jazbik sobre os documentos em seu nome apreendidos, mas não houve retorno de seu consultório. No dia em que Jamil Name foi preso, junto com mais 19 pessoas, entre elas Jamil Name Filho, 42 anos, o cirurgião vascular esteve no condomínio onde o empresário mora, no Jardim São Bento.

O criminalista Renê Siufi, responsável pela defesa de Jamil Name.
O criminalista Renê Siufi, responsável pela defesa de Jamil Name.

Pedido de liberdade - Mais cedo, o advogado Renê Siufi afirmou acreditar que só deve ser votado em duas semanas o habeas corpus impetrado no Tribunal de Justiça, que teve liminar negada no fim de semana, pelo desembargador plantonista Eduardo Rocha. Como a decisão monocrática (de um magistrado apenas) foi negada, agora o caso vai para a definição da 2ª Câmara Criminal, formada por cinco magistrados.

O órgão faz sessões às terças-feiras. Na de hoje, não havia como apreciar o caso, segundo o advogado, porque ainda é preciso a manifestação do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Siufi acredita que nem na próxima semana o caso estará pautado, ficando só para o dia 15.

Se for negado no Tribunal de Justiça o mérito do habeas corpus, o caminho será tentar o STJ (Superior Tribunal de Justiça). Siufi representa, além dos Name, os policiais civis Márcio Cavalcanti da Silva e Vladenilson Daniel Olmedo.

Omertá – Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro), Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e Batalhão de Choque foram às ruas na sexta-feira (27) para cumprir 23 prisões, 13 delas preventivas e 10 temporárias, com prazo de 30 dias, além de 21 mandados de busca e apreensão.

As ações terminaram com 20 pessoas presas e a apreensão de computadores, equipamentos eletrônicos, utilizados em ações de “inteligência” da organização criminosa, segundo as investigações, além de R$ 160 mil em dinheiro, cheques em nome de terceiros, armas dos calibres 38, 22 e 12, munições, aparelhos celulares, inclusive os conhecidos como “bombinhas”, aparelhos de menor porte usados por bandidos, com chips trocados rotineiramente, para se comunicar.

A operação foi batizada como o termo que, em italiano, traduz o voto de silêncio de integrantes das máfias.

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