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Cidades

Jamil Name e filho estão em cela onde Giroto "dita as regras" e faz café

Policiais civis, guardas municipais e funcionários da família Name também foram levados para o Centro de Triagem

Anahi Zurutuza e Viviane Oliveira | 30/09/2019 14:00
Márcio Cavalcanti, policial da Derf preso pela Omertà, chegando ao Centro de Triagem na sexta-feira (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Márcio Cavalcanti, policial da Derf preso pela Omertà, chegando ao Centro de Triagem na sexta-feira (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Abrigo de presos da considerada maior operação contra a corrupção em Mato Grosso do Sul, a cela 17 agora é teto para Jamil Name, seu filho, conhecido como Jamilzinho, e outros sete investigados da Omertà, força-tarefa que uniu Garras, Gaeco, Bope e Choque contra esquema de formação de milícia para a execução de rivais.

Alvos na Lama Asfáltica, o ex-governador André Puccinelli (MDB) e o empresário João Amorim ocuparam duas das 24 camas disponíveis naquelas “quatro paredes”.

Os Name, apontados pela polícia como líderes do grupo responsável por ao menos 4 assassinatos em Campo Grande desde abril, também dividem há pelo menos 72 horas aqueles “metros quadrados” com ex-deputado federal e ex-secretário de Obras, Edson Giroto, já condenado em processo que resultou de uma das fases da operação contra desvios de recursos públicos.

Escoltados, demais presos chegam à unidade do Complexo Penal onde fica a cela 17 (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Escoltados, demais presos chegam à unidade do Complexo Penal onde fica a cela 17 (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Os presos da Omertà – Na “cela dos presos famosos”, conforme apurou o Campo Grande News, estão ainda os policiais civis Vladenilson Daniel Olmedo (aposentado) e Márcio Cavalcanti da Silva, agente da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos).

O guarda municipal Alcinei Arantes da Silva e Elton Pedro de Almeida, que também tiveram as prisões preventivas decretadas pela Omertà, estão entre os 26 detentos que ocupam o local.

Presos pela primeira vez em maio e depois no dia 31 de julho, o guardas municipais Robert Vitor Kopetski, Rafael Antunes Vieira e Flavio Narciso Morais da Silva, que se apresenta como motorista de Jamil, completam a lista.

Edson Giroto em entrevista ao Campo Grande News em maio, enquanto esperava para depor na Justiça Federal (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Edson Giroto em entrevista ao Campo Grande News em maio, enquanto esperava para depor na Justiça Federal (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Regras de convivência – Não há como saber quem, mas pelo menos dois dos novatos provavelmente tiveram de ir para “a praia”. Em maio, Giroto deu entrevista ao Campo Grande e revelou um pouco da rotina na cela do Centro de Triagem Anízio Lima, no Complexo Penal da Capital, onde já passou mais de 500 dias – um ano e meio.

Foi ele quem contou que o local tem 24 camas e, eventualmente, o número de presos é maior. Quando isso acontece, o detento “fica na praia”, ou seja, dorme no chão. Nesta terceira prisão, ocorrida em maio de 2018, ele revelou que chegou a usufruir da praia por dois dias.

O ex-deputado descreveu a cela como insuportável e sem ventilação. Ele contou ainda que o único banheiro havia sido azuleijado com dinheiro de uma “vaquinha” feita pelos presos e que era limpo diariamente com água sanitária.

Giroto descreveu ainda que para evitar o acúmulo de papel higiênico, há regra que não pode ser desrespeitada: depois do “número 2” é obrigatório o banho.

O ex-secretário conversou com o Campo Grande News quando saiu do Centro de Triagem para depor na Justiça Federal, no mesmo dia que o guarda municipal Marcelo Rios, flagrado com arsenal de guerra no dia 19 de maio, chegava ao Centro de Triagem. Foi o flagrante que desencadeou as investigações que chegaram a Name.

À época, Giroto revelou que era um dos “comandantes” da cela 17, repassando aos outros as regras estabelecidas pelos presos mais antigos, como ele. Além dessa liderança, ele contou que exerce função de cozinheiro, responsável pelo café forte e amargo e o reforço à mistura servida aos detentos.

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