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Capital

Juiz nega separar júris para réus por matar Sophia, mas marca nova data

Julgamento acontecerá uma semana antes do previsto, a pedido da defesa da mãe da criança

Por Anahi Zurutuza | 04/10/2024 18:41
Christian e Stephanie em uma das audiências de instrução do processo pelo homicídio de Sophia (Foto: Juliano Almeida/Arquivo)
Christian e Stephanie em uma das audiências de instrução do processo pelo homicídio de Sophia (Foto: Juliano Almeida/Arquivo)

O juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, negou separar os julgamentos dos acusados de matar a menina Sophia Ocampo, de 2 anos e 7 meses. Ele, contudo, decidiu antecipar o júri popular em uma semana, para os dias 21 e 22 de novembro, de maneira a conciliar as agendas dos promotores de justiça e da defesa da ré Stephanie de Jesus da Silva, de 25 anos.

O time que defende a mãe da menina, morta aos 2 anos e 7 meses, tentou convencer o Judiciário, novamente, que a acusada merecida ser julgada longe de Christian Campoçano Leitheim, réu por espancar a enteada até a morte, porque as linhas de defesa são conflitantes.

“Os réus possuem defesas colidentes”, argumentaram Camila Garcia de Rezende, Katiussa do Prado Jara e Herika Cristina dos Santos Ratto, que agora contam com o advogado Alex Viana de Melo na equipe, e completaram: “para evitar tumultos, é imprescindível a separação do julgamento”.

O juiz do caso, contudo, tem entendimento diferente. “O alegado conflito de defesa não se justifica neste caso específico porque são advogados diferentes, sendo comum julgamentos nesta 2ª Vara do Júri e noutras varas do país sem que haja qualquer nulidade. Somente ocorre nulidade se for o mesmo advogado, pois não pode defender interesses opostos”.

Tramitação – Quase 11 meses depois da morte da menina Sophia, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, entendeu, em dezembro do ano passado, haver indícios suficientes para levar o padrasto da garotinha e a mãe dela a júri popular, ambos pela acusação de matar a criança.

As defesas recorreram da sentença de pronúncia e os recursos ainda estavam pendentes de julgamento no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) quando as advogadas de Stephanie protocolaram o pedido de desistência. O objetivo já era garantir que a cliente fosse julgada separadamente, mas numa manobra para impedir o desmembramento do processo, advogados de Christian Leitheim também desistiram de questionar a decisão de Pereira dos Santos.

Homologadas as desistências de recursos pelo tribunal, o juiz marcou o júri para o início de outubro, e depois adiou o julgamento para os dias 27 e 28 de novembro a pedido do Ministério Público. A defesa de Stephanie também alega que não estará completa no fim do próximo mês “devido a um compromisso previamente agendado”, sem explicar qual.

A acusação – Na tarde do dia 26 de janeiro de 2023, Sophia deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, Stephanie, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.

O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.

Para a investigação policial e o MP, a menina foi espancada até a morte pelo padrasto, depois de uma vida recebendo “castigos” físicos.

O padrasto será julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e praticado contra menor de 14 anos. Ainda responderá por estupro de vulnerável. Já a mãe será julgada por homicídio doloso por omissão.

Versões – Stephanie alega que não viu Christian batendo em Sophia, mas atribui a morte da filha ao ex-companheiro. “Quando eu saí, ele já estava com ela no colo, desacordada. Ele deitou ela [sic] no colchão e fez massagem cardíaca, respiração boca a boca nela. Mas, eu estava tão desesperada que eu não sabia o que fazer, que eu não me toquei na hora o que estava acontecendo”, relatou no dia 5 de dezembro.

Já Christian alega que dormiu o dia todo sob efeito de drogas e álcool. Disse que foi despertado pela mulher. “Quem me acordou foi a Stephanie falando que a Sophia não estava bem. Quando eu vi, ela já estava com a boca roxa e convulsionando”.

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